quarta-feira, 28 de março de 2012

Pintando um quadro brasileiro


Semana de 19 a 25 de março de 2012


Lucas Milanez de Lima Almeida [i]



           
Caros leitores, esta última semana foi de relativa paz nos “mercados internacionais”. O plano de socorro dado aos bancos europeus ainda não se transformou em tsunami, em parte, graças às barreiras criadas pelo governo, mas, principalmente, pelo medo dos bancos de exporem ao risco seu, nada suado, novo dinheirinho. Isto nos dá uma impressão de que as coisas estão indo bem. Considerando-se, além disso, a redução na taxa Selic, a expectativa de que o Brasil atingirá, em 2012, o centro da meta da inflação e os estímulos fiscais dados e prolongados pelo governo, esta ilusão torna-se ainda mais fortalecida.
Doce ilusão. Entre a percepção e a realidade existem muitos caminhos traiçoeiros. Podemos começar destacando a causa desses três elementos citados. Todos eles estão ligados ao fato de que a atividade econômica vem desacelerando desde 2011. As medidas são uma tentativa de aquecer a economia, tal como aconteceu no início da crise.
A queda na taxa básica de juros para 9,75% segue a lógica de que, com o custo dos empréstimos baixo, mais pessoas e empresas terão condições de manter seu consumo por meio da utilização do crédito como forma de financiamento. Por outro lado, para não atrapalhar a “sagrada remuneração” do setor financeiro, o governo está realizando a troca dos papéis atrelados à Selic, que estão em baixa, por papéis atrelados a outros indicadores, sejam eles prefixados, flutuantes ou ligados aos índices de preços. Em janeiro de 2012, a parcela da dívida vinculada a esta taxa de juros era de 31,62%. Em fevereiro, este número chegou a 27,84%, sendo que a expectativa é de que, no fim do ano, represente 22% do total da dívida pública federal, que, no mês passado, chegou a R$ 1,836 trilhão. O interessante é que o efeito da Selic sobre o consumidor e o investidor é questionável, pois as famílias se financiam por meio dos bancos comerciais, com taxas de juros que chegam a 3 dígitos, e os empresários por meio dos bancos de investimentos, que têm por base a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), ditada pelo BNDES. Quem a taxa Selic atinge diretamente?
Nunca na história deste país, os burgueses e proletários se uniram tanto. Desta vez será realizada uma paralisação de cerca de 20 mil trabalhadores do ABC paulista, para pedir a desoneração da Participação sobre Lucro e Resultados. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, “no ano passado, a média de PLR paga pelas montadoras foi de R$ 12 mil, mas cerca de R$ 2,5 mil foram pagos em imposto de renda”. Segundo um levantamento conjunto, realizado por várias associações de trabalhadores, a desoneração injetaria na economia, pelo menos, R$ 1,6 bilhão.
Mas, quem pensa que esta paralisação traz prejuízo ao empresariado se engana, pois a temporada de demissões e férias coletivas já começou. Segundo uma pesquisa do Serasa Experian, houve um aumento de 4% no requerimento de falência por parte das empresas, quando comparamos o 1° bimestre de 2012 com o mesmo período de 2011. Se considerarmos apenas as grandes empresas, com faturamento anual líquido superior a R$ 50 milhões, este número é de 212,5%. Diante desta realidade, a Mercedes-Benz, a Scania e a Ford já trabalham com grande capacidade ociosa. Na Ford, os operários trabalham 3 vezes por semana, enquanto que nas outras duas já foram dadas férias coletivas. Já a companhia aérea Gol promove um plano de licença não remunerada, que tem como objetivo atingir 220 funcionários, além dos 100 já demitidos desde janeiro. Na indústria de materiais de transporte de São Paulo, o saldo do emprego foi negativo, com 647 desempregados. Já em Manaus, o setor da vez é o de condicionador de ar, com 980 demissões. E a causa do problema é bastante conhecida: a concorrência desleal com o produto importado, que faz Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, se perguntar “Como um ar-condicionado é mais barato que o compressor?”. O coeficiente de penetração das importações no consumo doméstico subiu, de 14,5%, em 2005, para 18,5%, em 2011. Já o coeficiente dos insumos importados pela indústria saiu de 17,2%, para 22,4% (2005-2011).
E este é um dos temas que os empresários querem tratar com a presidente Dilma. Ela pretende, seguindo a receita do seu antecessor, ter uma “conversa” com o empresariado, com o objetivo de despertar seu “espírito animal” e convencê-los de que esta é a hora do crescimento e do investimento. O problema é que não lhe avisaram que, segundo as palavras dos próprios empresários, “o investimento não está ligado a um desejo do governo, e sim às condições do mercado”.
Diante deste quadro atribulado, o que nos guarda o futuro?


[i] Mestre em Economia, professor do Departamento de Economia da UFPB e pesquisador do Progeb. (www.progeb.blogspot.com.).
Share:

quinta-feira, 22 de março de 2012

A desindustrialização num ambiente externo hostil


Semana de 12 a 18 de março de 2012


Nelson Rosas Ribeiro[i]



           
Os mais importantes fatos da semana continuam a confirmar as grandes tendências da economia, que temos apontado em nossas análises.
A economia americana continua ensaiando uma recuperação que não se define, apesar da manutenção da taxa de juros básica, pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, entre 0% e 0,25% ao ano. O impasse da União Européia (UE), epicentro da crise atual, também permanece, e as medidas tomadas não conseguem reverter o quadro, mas contribuem para agravar a situação dos demais países, particularmente os emergentes, entre os quais o Brasil está incluso.
A Itália “decretou” a recessão depois que o PIB, que já havia desacelerado no terceiro trimestre de 2011, recuou mais 0,7% no quarto. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que, em todo o ano, a queda do PIB, neste país, será de 2,2%. Na Grécia, a produção industrial caiu 5%, em janeiro, em comparação ao mesmo mês de 2011 e, em todo o ano, espera-se uma queda de 4,4%, sendo o quinto ano consecutivo de crescimento negativo da indústria.
Na Espanha e em Portugal, os empresários reclamam que os bancos não estão emprestando dinheiro, apesar do derrame dos bilhões de euros feito pelo BCE. Os bancos espanhóis cortaram o crédito em 3,3%, em dezembro, e pretendem comprar títulos da dívida do governo espanhol por causa dos elevados juros que pagam.
Enquanto isto, a consultoria britânica Tax Research publicou um estudo no qual  demonstra que a evasão fiscal na UE atinge 1 trilhão de euros por ano, o que seria suficiente para pagar todas as dívidas dos 27 países-membros em menos de 9 anos.
Por outro lado, as notícias da China alertam para um agravamento da situação, pois, após 10 anos de superávits gigantescos, em janeiro, a balança comercial fechou no vermelho, e os primeiros dados de fevereiro mostram um novo déficit de US$ 31,5 bilhões.
Esta instabilidade da economia mundial reflete-se no mercado do ouro. A procura pelo metal já levou os especuladores a acumularem 2,407 toneladas métricas, no valor de US$ 131 bilhões. Mas, não é só a instabilidade e a insegurança que aumentam a demanda pelo ouro. Com o derrame de dólares e euros pelos BCs, agrava-se o temor da inflação com a consequente elevação do preço do ouro que, este ano, já subiu mais de 8%, atingindo US$ 1.700 a onça (31,10 gramas).
Há outro aspecto a destacar. A crise, em um mundo globalizado, favorece o deslocamento desenfreado dos capitais em busca das melhores condições de produção, para reduzir os custos. O deslocamento das empresas de várias partes do mundo para a China, em busca da mão de obra barata, começa a se alterar. Como era de se prever, as grandes concentrações de operários que foram criadas forçaram o desenvolvimento da consciência de classe, o que levou os operários à organização de sindicatos. As greves e manifestações têm tido como resultado elevações consideráveis de salários, o que vai empurrando as empresas para outros países mais pobres e atrasados e com trabalhadores mais dóceis e desorganizados. O deslocamento agora está se dando para a Tailândia, Indonésia, Sri Lanka, Malásia, Vietnã, etc. Países da América Central como o Haiti e do mundo árabe, como a Jordânia e Egito, já entram na linha de interesses das grandes multinacionais como a Nike Inc., a Adidas AG, a Dell Inc, etc. Empresas de confecção dos EUA, como a New York & Co. Inc., já transferiram suas instalações da China para o Vietnã, onde os salários são mais baixos. Já a Charming Shoppes Inc., optou pelo Vietnã e Indonésia. Este é um dos aspectos cruéis do capitalismo atual. A globalização conduz ao nivelamento por baixo, a igualdade da miséria e da submissão.
Como vemos, o ambiente externo apresenta-se muito conturbado. Os capitais especulativos estão desesperados a procura de rendimentos fáceis. As altas taxas de juros praticadas no Brasil são um atrativo irresistível e, pelo que se comenta, o tsunami de dólares mal começou a chegar às nossas contas. O BC vem derrubando a Selic, mas dificilmente ultrapassará os 9%, o que vai obrigando o governo a utilizar as tíbias medidas macro e micro prudenciais que os agentes financeiros, em pouco tempo, conseguem burlar. Agora se fala em uma taxa de câmbio ideal, que seria de R$1,80 por dólar, para tentar acalmar o setor exportador.
Enquanto isso, a indústria, que ainda permanece instalada no país, amarga a perda dos mercados externos e internos, e o Brasil vai se reconvertendo em um país primário exportador, fornecedor de commodities para o resto do mundo.          


[i] Professor do departamento de Economia, Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
Share:

quinta-feira, 15 de março de 2012

“Tsunami monetário”, guerra cambial, PIB frustrante: E agora, Dilma?

Semana de 05 a 11 de março de 2012

Rosângela Palhano Ramalho [i]

Enquanto os banqueiros europeus festejam o derrame de US$ 4 trilhões, pelo Banco Central Europeu (BCE), na semana passada, os países emergentes estudam formas de barrar o “tsunami monetário” que certamente os atingirá. Como apresentado na análise anterior, a expressão “tsunami monetário” foi utilizada pela presidente Dilma para reclamar dos efeitos que as decisões do BCE provocará. “O que você gostaria que nós fizéssemos?” perguntou a chanceler Angela Merkel à Dilma, dando a entender que não havia outra solução e ignorando os efeitos da medida sobre a economia brasileira.

O governo brasileiro já anunciou que não tolerará a enxurrada de dinheiro estrangeiro e tomará as medidas necessárias para proteger o país de uma guerra cambial, embora não deixe claro, qual será o arsenal de medidas utilizado para combater os efeitos da grande onda.

O Tesouro Nacional deverá entrar na guerra. Autorizado pelo governo, o órgão pretende enxugar dólares internamente, com o argumento de que precisa das divisas para honrar os pagamentos da dívida externa. O Tesouro Nacional já tem em caixa um valor de US$ 7,4 bilhões, equivalente a 49% da dívida que vencerá até 2015. Por seu lado o Banco Central já retirou de circulação desde fevereiro, US$ 8 bilhões.

A queda da taxa de juros, aprovada pelo Copom esta semana, diminuiu o impacto do “tsunami monetário”. Mas, o corte de 0,75%, que reduziu a taxa de 10,5% para 9,75% ao ano, não altera a posição do Brasil de campeão entre os países com os maiores juros reais do mundo. Com a taxa real de 4,2% ao ano O Brasil é seguido pela Rússia (3,4%), pela Indonésia, (2,1%) e pela China, com 2%. Com juros tão atrativos, a enxurrada de divisas continuará embora os ganhos de arbitragem diminuam.

Como se não bastasse, o governo está aconselhando que os possuidores de títulos públicos troquem os papéis indexados à Selic por outros que apresentem uma maior rentabilidade. O argumento é que a rentabilidade dos títulos atrelados à Selic tem ficado abaixo de alguns ofertados no mercado como, por exemplo, àqueles indexados ao IMA (Índice de Mercado Aberto) que paga cerca de 16,5% ao ano. O governo ainda recomenda como alternativa, a aplicação nos títulos atrelados ao índice de preços.

A decisão do Copom foi motivada também pelos resultados da atividade econômica. A recente divulgação dos números do PIB preocupou seriamente a presidente. O crescimento registrado no último trimestre do ano foi de apenas 0,3%. Em 2011, a desaceleração se confirmou e o PIB cresceu apenas 2,7%. A agropecuária contribuiu com 3,9%, a indústria com 1,6% e os serviços com 2,7%. A indústria de transformação registrou queda de 2,5%. O consumo das famílias cresceu 4,1%, o do governo 1,9% e a formação bruta de capital fixo foi de apenas 4,7%. As exportações cresceram 4,5% e as importações 9,7%.

Ficamos atrás do PIB da Alemanha (3%), da China (9,2%), da Índia (6,9%) e até da África do Sul que cresceu 3,1%. A justificativa de Mantega para os números do PIB foi “...o agravamento da crise no segundo semestre. Se ela não tivesse acontecido, nosso crescimento seria mais próximo dos 4% do que dos 3%”. Mas as previsões de Mantega, há tempos, estão desacreditadas. Para o ano passado, suas previsões começaram com 5% e terminaram com 3,5% e mesmo assim, o registrado ficou aquém disso. Para este ano, o ministro já arrisca uma nova previsão: o PIB deve fechar próximo a 4,5%.

Esses dados fizeram crescer as críticas à política econômica do governo. As medidas macroprudenciais, segundo os analistas, foram as responsáveis pelo PIB decepcionante. Certamente elas contribuíram, mas, o desempenho fraco na indústria era esperado. Há muito tempo os empresários reclamam da passividade do governo brasileiro quanto ao processo de desindustrialização interno.

E as perspectivas não são boas. A atividade industrial de janeiro caiu 2,1%, a produção da indústria de bens de capital, 16% e a produção da indústria automotiva, 30%, o que reforça as projeções de queda da atividade econômica para o primeiro trimestre do ano. Segundo o IBGE, 14 dos 27 ramos da indústria considerados na pesquisa de janeiro apresentaram queda. Ao considerar o período de 12 meses a queda da atividade industrial já é de 3,4%.

No desespero, o governo Dilma tenta reverter a situação e lançará na próxima semana um “remendo” ao Projeto “Brasil Maior” para aumentar a competitividade da indústria brasileira, em especial para a indústria automotiva. A presidente também quer editar o “PAC do PAC”, com o objetivo de acelerar as grandes obras e para isto irá visitá-las pessoalmente.

Um número persegue a presidente Dilma: 7,5%, a taxa de crescimento do PIB de 2010. O único consolo que ela teve veio de outro número: 9,75%. O único desejo satisfeito da presidente, até agora, foi o de retornar à taxa de juros de um dígito.



[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e crise na economia brasileira. (www.progeb.blogspot.com)

Share:

sexta-feira, 9 de março de 2012

O “Tsunami monetário”

Semana de 27 de fevereiro a 04 de março de 2012

Lucas Milanez de Lima Almeida [i]

“Nos preocupamos, sim, com esse tsunami monetário [dos] países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, despejam, literalmente, US$ 4,7 trilhões no mundo”. Este é um trecho do discurso, em tom de protesto, da presidente Dilma Rousseff numa cerimônia oficial no Palácio do Planalto.

Para entender o motivo desta declaração, vamos aos fatos. Não foi ontem que a economia mundial entrou numa crise que só tem comparação com a Grande Depressão da década de 1930. Desde que os empresários começaram a sentir o impacto da chamada Crise do Sub-Prime em 2007, os governos da maioria dos países interviram na economia para salvar suas empresas, a exemplo da GM, Bank of America, AIG, dentre muitos outros.

Diante da então crise financeira, que, grosso modo, está ligada à disponibilidade e à oferta de crédito, os Estados despejaram trilhões de dólares nos bancos. Isto foi feito porque, se os bancos ficassem descapitalizados, as pessoas e os empresários não teriam como obter dinheiro para comprar ou investir. Entre os “economistas oficiais”, este é o motivo mais aceito como explicação do contágio do chamado lado real da economia.

Com o “despejo”, por meio da política monetária expansionista, esperava-se que boa parte do dinheiro escorresse para as mãos da população, o que não aconteceu. O principal uso deste capital foi para uma operação chamada de “carry trade”, onde os bancos tomam empréstimos em países que cobram taxas de juros baixas e emprestam, principalmente por meio da compra de títulos do governo, a outros países onde a taxa de juros é elevada. Em 2008, por exemplo, o Banco Central estadunidense estabeleceu como taxa básica de juros para a economia um valor que variou entre 0% e 4%. Já o Banco Central brasileiro decretou uma taxa que variou entre 11,25% e 13,75% ao longo do mesmo ano. A operação “carry trade” ganha em cima deste diferencial entre os juros dos países. Diante da tentadora diferença, parte dos US$ 4,7 trilhões mencionados por Dilma se destinou aos países em desenvolvimento, inclusive (e se tratando de “carry trade”, talvez principalmente) ao Brasil. Com isso, em 2008, o dólar chegou a ser cotado a R$ 1,59. Atualmente, para comprar um dólar, o brasileiro deve desembolsar em torno de R$ 1,75.

O problema é que, a esta taxa de câmbio, a indústria brasileira sofre por todos os lados: fica mais caro vender para o setor externo e não consegue competir com os importados no mercado interno. O resultado disto é a redução na produção e, consequentemente, no emprego. A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) publicou que um total de 2,32 mil funcionários foram demitidos, só nos últimos dois meses de 2011. Além disso, em janeiro de 2012, a utilização da capacidade instalada ficou em 75,8% e a perspectiva é de que, no resto do ano, haja uma redução de 20% na produção, o que leva a crer que haverá mais demissões este ano. Para piorar, a expectativa é de que, em 2012, o déficit da balança comercial do setor supere os US$ 17,88 bilhões do ano passado, atingindo a cifra de US$ 20 bilhões. Segundo o Dieese, o desemprego, em sete regiões metropolitanas do Brasil, subiu dos 9,1%, atingidos em dezembro de 2011, para o patamar de 9,5% em janeiro de 2012. Já o Índice de Nível de Atividade da indústria de transformação de São Paulo mostrou um recuo de 0,8% entre janeiro e dezembro passado. Segundo o estudo, os setores que mais sofreram foram os de máquinas e o automobilístico.

Sem esta situação cambial, a indústria poderia ter sofrido menos com os efeitos da crise, já que o governo brasileiro tomou medidas de política fiscal expansionistas, tais como a desoneração de alguns produtos e, principalmente, o aumento do salário mínimo. E todos sabem disto, pois, agora, estão tentando desesperadamente conter a apreciação do real, por meio da intervenção direta no mercado de câmbio e por meio da taxação sobre os falsos investimentos estrangeiros diretos (dinheiro que, por exemplo, é enviado pela matriz para investimento, mas a filial utiliza para especular, dentre outras opções, com os títulos do Tesouro). A situação é tão grave que, novamente, capitalistas e proletários se uniram contra a desindustrialização no país.

O pior é que Banco Central Europeu aprovou nova enxurrada de € 530 billhões para 800 bancos do continente, a uma taxa de 1% ao ano. O problema é que, com uma taxa de juros de dois dígitos, quem não vai querer colocar seu Tsunami monetário para cima do Brasil?



[i] Mestre em Economia, professor do Departamento de Economia da UFPB e pesquisador do Progeb. (www.progeb.blogspot.com.).

Share:

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog