quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Adeus ano velho... E a crise permanece

Semana de 22 a 28 de dezembro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Estimado leitor. Na última análise de conjuntura do ano, aproveitamos a oportunidade para reforçar os votos de um ótimo 2015. Ao escrever sobre o panorama vindouro, reiteramos que os bons ventos estão longe de soprar por estas bandas. Pela quarta vez consecutiva, a começar pelo título da nossa análise, anunciamos a chegada de um novo ano, mas, novamente sem boas novas.
            Como já sabemos o segundo mandato da presidente Dilma, está inserido em um cenário que começará com alta inflação, desequilíbrio cambial e arrocho fiscal.
            Analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico acreditam que a inflação vai ultrapassar o teto da meta, já em 2015. Isto porque os reajustes dos preços administrados pressionarão o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que deve chegar a 6,75% no final do ano. O aumento de preço das tarifas de energia elétrica, da gasolina e dos ônibus urbanos, deve ser forte o suficiente para cobrir o esperado alívio nos preços livres. Outra pressão sobre a inflação será a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros 1.0, que passará dos atuais 4% para a alíquota original de 7%.
Todas as projeções mostram que a taxa Selic deve fechar 2015 em 12,5%, o que significa que o governo continuará a combater a inflação considerando-a de demanda, embora os preços administrados (aqueles que são regulados pelo governo) apareçam no índice como item de maior peso. É no mínimo uma contradição, pois enquanto contribui para a elevação da inflação o governo continua a combatê-la com juros altos!
            A atividade econômica segue ladeira abaixo. O clima está tão tenso que os consumidores sumiram do mercado varejista. É o que indica um levantamento feito pela Consultoria Advisia OC&C, que entrevistou 32 mil pessoas em 10 países. No Brasil, 54% dos consumidores consultados estão indo menos às lojas. Os clientes estão relutantes em aumentar seus gastos, pois não sabem se terão emprego e como estará a sua renda em 2015. Afinal o povo sabe que todas as experiências de austeridade recaem sempre do lado mais fraco.
As medidas propostas pela nova equipe econômica começam a aparecer. A taxa de juros de longo prazo (TJLP) aumentará no início de 2015, de 5% para 5,5% ao ano e os juros cobrados pelo BNDES, no Programa de Sustentação ao Investimento (PSI), também aumentarão da faixa dos 4% a 8% para 6,5% a 11% ao ano. Portanto, o crédito tanto para as empresas quanto para os consumidores será dificultado.
Durante todo o ano de 2014, o governo foi duramente criticado pela falta de credibilidade em suas ações o que gerou falta de confiança de consumidores e empresários. Reorganizar a política econômica, segundo os que defendem esta visão, é parte das exigências para restaurar a credibilidade do governo. Este passo, o governo já deu. Falta então, resgatar a confiança dos agentes econômicos. Neste ponto, o governo ruma na direção contrária. Os prováveis aumentos de impostos e redução das proteções sociais não parecem passos corretos para resgatar a confiança do consumidor.
E como se desperta o tal instinto animal dos empresários? Certamente não é aumentando os juros e dificultando os investimentos. Com as medidas anunciadas fica muito claro, quem está sendo agradado pelo governo. O “mercado financeiro” de forma gloriosa venceu e teve, mais uma vez, seus desejos atendidos.
Mas, é para a economia real que devemos olhar. É ela que cria a riqueza. E mesmo as medidas anticíclicas tomadas durante todo este ano não foram suficientes para reverter o quadro. Com o arrocho agora anunciado caminhamos para o aprofundamento da crise. Para 2015, se espera um crescimento de 0,5%.
É de forma deliberada, consciente e na contramão do mundo inteiro (exceto da Alemanha), que o Brasil caminha a passos largos para o abismo. E por incrível que pareça a grande maioria dos economistas está satisfeita com a decisão. Dizem que este é um mal necessário. Que devemos nos atirar de olhos fechados no fundo do poço, pois tudo se reorganizará e teremos por volta de dois anos, toda a credibilidade e confiança suficientes para crescermos de forma sustentável.
Infelizmente, ninguém consegue apontar um único exemplo da economia real que garanta que isto acontecerá!



[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Participação do Prof. Doutor Nelson Rosas na TV Cabo Branco.


O Prof. Nelson Rosas participou do programa Paraíba Comunidade especial de ano novo, onde dá dicas de finanças pessoais e comenta o cenário econômico para 2015.Assista aqui.


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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Monografia da pesquisadora Roberta Pereira.

Desindutrializacão: Uma análise do caso brasileiro.
Roberta Pereira de lima.
leia aqui.

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

2015 – O superlativo de péssimo

Semana de 15 a 21 de dezembro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

O final do ano aproxima-se rapidamente e nós aproveitamos para desejar aos nossos leitores um Feliz Natal e muita sorte em 2015. Recomendamos a todos que aproveitem as festividades com moderação e evitem dívidas, pois, como afirma a colunista Claudia Safatle do jornal Valor Econômico, a situação em 2015 será “o superlativo de péssima”.
De fato, há uma conjugação de fatores adversos que complicam a economia mundial e amplificam os problemas internos. 2014 está tendo um fim melancólico. A desaceleração da economia (a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá situar-se próxima à zero) e o aumento da inflação (que ameaça estourar o teto da meta) começam a ter repercussão no desemprego e na elevação do custo de vida, o que reduz o poder aquisitivo dos salários.
Para azar nosso a natureza não está colaborando e a falta de chuvas vem provocando a crise hídrica e do setor elétrico. Também nada se pode esperar do exterior, pois continua a desaceleração da União Europeia (UE) e da China, agrava-se a crise no Japão e na Rússia que caminha para o crescimento negativo. Isto tudo afeta as exportações brasileiras que estão em queda. Até a esperança no lento crescimento dos EUA apresenta-se como uma ameaça, pois vem provocando a valorização do dólar com a consequente desvalorização do real. O aspecto positivo que a esta desvalorização poderia ter para as nossas exportações é em boa parte, anulado pela queda da demanda internacional e dos preços das commodities.
É sobre este tumultuado ambiente econômico que desaba o escândalo da Petrobras afetando a credibilidade da nossa maior empresa e arrastando as maiores empreiteiras do país. Como elas são responsáveis pela grande maioria dos contratos das obras públicas em andamento a situação tem desdobramentos perigosos. Outro processo que está em marcha é o que atinge os altos escalões da política. Pairam no ar as denúncias aguardadas para os primeiros meses do ano que se aproxima.
A fase de crise do ciclo econômico que vem se desenvolvendo nos últimos dois anos no Brasil, tem sido enfrentada pelo governo Dilma com medidas de política anticíclica. Estas medidas, que envolvem aumento das despesas, vêm comprometendo a formação dos superávits primários (reservas para pagamento dos juros da dívida). O governo tenta esconder o efeito perverso do aumento das despesas com manobras contábeis que contribuíram para o descrédito do ministro Mantega. Durante o ano de 2014, ano de eleições, a situação agravou-se ainda mais e era evidente que o superávit prometido pelo governo não seria atingido. Em vez de assumir a responsabilidade pela política anticíclica adotada, que tem garantido o alto nível de emprego e renda, e anunciar que iria reduzir ou zerar o superávit primário do ano, o governo preferiu tentar enganar os agentes econômicos escondendo os dados. O resultado foi a desgastante correria dos últimos dois meses para aprovar um projeto que autorizava o governo, a posteriori, a reduzir o superávit para R$ 10 bilhões. O governo conseguiu aprovar o seu projeto, mas a crise está em marcha acelerada. A nova equipe econômica (Levy na Fazenda, Barbosa no Planejamento e Tombini no Banco Central), liderada pelo homem da tesoura (Levy), prepara o seu programa de austeridade, para reduzir a retalhos a economia do país. E os prejudicados não serão apenas os trabalhadores assalariados. Com desemprego não há consumo. Sem consumo não há produção. Preparem-se todos para as falências e o choro das madames desmamadas, com o corte dos financiamentos dos bancos estatais, com o aumento das taxas de juros (comandado pela SELIC) e das subvencionadas (como a TJLP), com a alteração dos programas, como o PSI, que estimulava os investimentos em máquinas e equipamentos, etc. Isto já começou.
E ainda nos vem o presidente do PT, Rui Falcão, declarar, em uma entrevista, que “Não vamos cancelar direitos, não vamos promover arrocho e não vamos promover o desemprego.”
A quem ele pensa que vai enganar?
Cuidado companheiro! Diz a sabedoria popular que a mentira tem pernas curtas!



[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os ajustes de Levy e a queda do petróleo

Semana de 08 a 14 de dezembro de 2014

Raphael Correia Lima Alves de Sena[i]

Após a escolha da nova equipe econômica do governo, o time chefiado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, começa a estruturar os seus ajustes na política fiscal. O plano é uma elevação das receitas e a manutenção das despesas. De acordo com o novo anexo de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2005, o valor de R$1,435 trilhão é projetado para a receita bruta total, ou seja, 25,99% do PIB. Já a despesa primária total foi mantida em R$ 1,379 trilhão (24,98%). As mudanças na LDO indicam que o ajustamento das contas públicas ocorrerá através de uma redução do superávit primário para 1,2%, ante a previsão anterior de 2%, e uma elevação da carga tributária.
            As indústrias seguem apresentando maus resultados. Em pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sete dos 14 ramos industriais pesquisados apontaram um volume acima do normal de mercadorias estocadas. Nas categorias de bens de capital e de bens duráveis, 44,8% dos industriais consideraram que estavam com estoque excessivo, em novembro. A indústria automobilística continua com as férias prolongadas e demissões. A Volvo demitiu 206 operários da fábrica de Curitiba (PR), a MAN tenta congelar os salários de seus operários, enquanto que a Mercedes-Benz fechou acordo para não reajustar os salários acima da inflação até 2017.
            Seguindo a cadeia de produção dos automóveis, a Pirelli, maior fabricante de pneus do país, concedeu férias de três semanas aos seus operários. A Bridgestone também seguiu o mesmo caminho. O setor sofre com o desaquecimento do mercado de veículos, pois as montadoras reduziram em 18% as compras de pneumáticos neste ano. Outro dado negativo vem do emprego no setor industrial. A ocupação recuou pelo 37º mês seguido, quando comparada com o mesmo período do ano anterior. Além disso, de acordo com a Pesquisa Industrial de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, a indústria está reduzindo o custo de mão de obra.
            Ao redor do globo, a Grécia volta à tona com a possibilidade do partido radical de esquerda Syriza chegar ao poder. Caso isso se torne realidade, o programa de austeridade e as reformas que ocorreram após o resgate do país em 2009 podem ser extintas. Exportações desacelerando e ameaça de deflação coloca a China em uma posição não muito confortável. O governo chinês tenta conter a persistente desaceleração da economia, orientando bancos a emprestar mais dinheiro. Enquanto isso, o emprego tem melhor ano nos Estados Unidos da América desde 1999. Isso faz com que o “mercado” comece a especular sobre a elevação da taxa básica de juros da economia norte-americana. Todas as atenções estão voltadas para as próximas comunicações do Federal Reserve (banco central dos EUA).
            O petróleo continua ocupando as principais manchetes dos jornais econômicos do mundo. O barril chegou a ser cotado a menos de US$ 65 pela primeira vez em cinco anos. Enquanto Jordânia, Egito, Israel e Japão comemoram, outros países que possuem a economia fortemente atrelada a essa commodity, como Irã, Síria, Rússia e Venezuela, estão com as contas públicas bastante prejudicadas. As petrolíferas, que projetavam um preço do petróleo maior para os próximos anos, estão revendo seus investimentos.
            Aqui no Brasil o petróleo, ou melhor, a Petrobrás também vem ocupando espaço de destaque nos noticiários. No entanto, o principal motivo está relacionado com o caso de corrupção e desvio de dinheiro público que, de acordo com o jornal Valor Econômico, foi de pelo menos R$ 20 bilhões. Na esteira da operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal denunciou 36 pessoas envolvidas no escândalo e pede indenização de cerca de R$ 1 bilhão em reparação de desvios.
            Não bastassem todas as descobertas da investigação, uma ex-gerente executiva da empresa, Venina Velosa da Fonseca, diz que informou à diretoria da Petro, incluindo a presidente Graça Foster, das irregularidades existentes em diversos contratos. Segundo Venina, após as denúncias, ela foi perseguida e afastada da empresa no dia 19 de novembro. Ela irá depor ao Ministério Público e novas bombas deverão vir por aí. Ao lado de toda essa roubalheira, a Petrobras, que participa como “parceira estratégica” do Fórum da Davos, faz parte da Iniciativa Anticorrupção do evento.
É mole?



[i]Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Brasil na contramão

Semana de 01 a 07 de dezembro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

            Caro leitor. Como de praxe, reforço que as perspectivas econômicas continuam péssimas. A estimativa oficial de crescimento da economia brasileira para 2014, que já havia sido revisada para 0,5%, se junta a mais uma: o crescimento de 2015 ficará próximo dos 0,8%. A previsão anterior era de 2%.
       Os sinais de fraqueza econômica surgem a todo o momento. Nem mesmo o crescimento do PIB de 0,1% e de 1,7% da indústria no terceiro trimestre foi animador. Se a evolução da atividade industrial não mudar drasticamente no quarto trimestre, a indústria fechará o ano com retração de 3%. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, apurou que o nível de estoques da indústria de transformação ainda é muito alto. A indústria automobilística, por exemplo, continua ladeira abaixo. Em novembro, as vendas do setor, segundo a Fenabrave, caíram 4% em relação a outubro e 2% quando comparadas a novembro de 2013. A produção caiu, o desemprego aumentou e o estoque automotivo permanece alto, ultrapassando 40 dias. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que o setor reduziu pelo oitavo mês seguido o total de trabalhadores empregados. E a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já adiantou que o ano está perdido para a indústria paulista, que fechará o ano com retração de 5,4%.
           As más perspectivas se alastram. A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) prevê crescimento de apenas 0,2% para o Brasil e de 1,1% para a região. Pesquisa realizada pela Markit mostra que o mundo está longe da recuperação. China, Estados Unidos e Zona do euro, apresentaram baixos índices de gerentes de compras (PMI). Na Zona do euro, o PMI ficou em 50,1 pontos, em novembro, mais baixo que outubro, que foi de 50,6 pontos. Um valor igual a 50 expressa o limite entre contração e expansão da atividade econômica. A Alemanha, principal responsável pelo crescimento, ainda que baixo, da zona monetária europeia, apresentou queda do PMI do setor manufatureiro, de 51,4 pontos em outubro, para 49,5 pontos em novembro, o que indica contração econômica. Segundo o economista-chefe da Markit “A situação da indústria na zona do euro é pior do que se imaginava”. Também na China, o indicador caiu. De 50,8 pontos em outubro, para 50,3 pontos em novembro. Nos EUA, o indicador caiu de 55,9 pontos para 54,8 pontos e, mesmo estando numa zona considerada de expansão da atividade, os gastos dos consumidores e os investimentos empresariais apresentaram números pífios, em novembro. Este número sinaliza que, daquela economia, não se deve esperar um grande impulso à economia mundial. A pasmaceira toma conta do mundo. Crescem desta forma, as pressões para que a autoridade monetária europeia adote medidas de estímulo à economia, seguindo o exemplo das decisões já tomadas pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos e pelo Banco do Japão. Segundo a presidente do Fed, Janet Yellen, “dada a natureza lenta e irregular da recuperação, as políticas de apoio continuam sendo necessárias”. Tudo indica então, que o Fed não irá se desfazer totalmente dos ativos que comprou.
         O mundo não vislumbra recuperação econômica, por isso, perduram as ações de estímulo das economias e adoção de taxas de juros muito baixas. Mas estas questões parecem estranhas, no Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião, elevou a taxa de juros de 11,25% para 11,75%, a maior desde agosto de 2011. O “mercado” aplaudiu e vê a decisão como o primeiro passo do governo rumo à reconquista da “credibilidade” a culpada pela intensificação da crise. Economistas renomados permanecem alheios à realidade e rasgam elogios à nomeação da nova equipe econômica. Todos acreditam que as medidas futuras da nova equipe econômica “prepararão” os caminhos para um “novo ciclo de crescimento”. Basta resgatar o que se perdeu, através da austeridade. Chamo a atenção neste ponto para a coluna publicada, em fevereiro de 2013, na Folha de São Paulo, pelo economista Paul Krugman. Lá Krugman põe o desafio: Onde estão os sucessos da austeridade? Denominando a austeridade como uma dor benéfica, os austerianos se esforçam em apontar os sucessos desta, adotada por alguns nos últimos três anos, mas segundo Krugman, é impossível encontrá-los.
    E o Brasil, ao caminhar novamente na contramão do mundo, certamente, engrossará a lista dos fracassos.




[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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Seminário Permanente debate " O caráter financeiro das crises no capitalismo atual"



Mais um debate para entender, sob outra perspectiva, as crises econômicas de superprodução. Muitas vezes propagadas como crises puramente financeiras. Participem!


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sábado, 6 de dezembro de 2014

Seminário Permanente

Seminário Permanente  com pesquisador Antônio Almeida com o tema "O aumento de rotação de capital: a sétima contra tendência à queda da taxa de lucro".
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Entre a espada e a parede

Semana de 24 a 30 de novembro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

Não se vislumbra nenhuma esperança de uma retomada na economia mundial.
A desaceleração da China se agrava e já se fala no fim do milagre econômico no país. Os resultados no terceiro trimestre mostraram um crescimento de 7,3% e já surge o temor de que esta taxa fique abaixo dos 7%, no final do ano. Não foi por outra razão que o Banco Central chinês anunciou um corte nas taxas de juros.
Outros bancos também estão agindo na mesma direção. O Banco Central do Japão vai aumentar a compra de títulos da dívida (Q.E.) diante da ameaça de entrada da economia do país em recessão. O Banco Central Europeu (BCE), nas palavras de seu presidente Mario Draghi, também deverá aumentar sua compra de títulos europeus. O Federal Reserve (Fed), BC americano, encerrou as operações mensais de compras de títulos, em outubro, e agora teme que uma elevação das taxas de juros (atualmente próximas à zero) prejudique as exportações dos EUA graças à valorização do dólar, e comprometa a lenta recuperação do país.
 A este panorama junta-se a queda nos preços das commodities e particularmente do petróleo e do ferro. O petróleo, que em junho rondava os US$ 107, caiu, em novembro, para US$ 73,25 o barril, no Texas. A estes preços as explorações do xisto em algumas regiões dos EUA estão comprometidas bem como em algumas regiões do mundo. No entanto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não parece interessada em reduzir a produção. A queda de 30% nos preços, desde junho, já afeta bancos, empresas e países. Em relação ao minério de ferro, a queda no preço da tonelada já chegou aos US$70 e os três grandes, Vale, Rio Tinto e BHPP Billiton, pretendem manter a produção com o intuito de retirar do mercado empresas mais fracas, o que significa que os preços continuarão em baixa.
Nessas circunstâncias, a economia brasileira não poderá contar com nenhum estímulo vindo de fora. Pelo contrário, continuaremos a sofrer a pressão das importações de bens de consumo da China e das novas estrelas asiáticas Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnam onde os salários dos trabalhadores são ainda mais baixos.
Mas há uma boa notícia. Segundo o IBGE, o PIB que vinha caindo há dois trimestres consecutivos, no terceiro trimestre, cresceu 0,1% graças à colaboração da indústria, com 1,7% e dos investimentos, com 1,3%. A agropecuária, no entanto, teve uma queda de 1,9%. O consumo das famílias cresceu apenas 0,1%, o que é péssimo, e o do governo cresceu 1,3%, contribuindo para corroer o nosso superávit primário, que mal chegará aos R$10 bilhões. Apesar do crescimento, a situação da indústria continua preocupante, pois as montadoras, por exemplo, estão parando, dispensando trabalhadores, antecipando férias e a indústria de máquinas estima uma queda de 15% no consumo aparente.
Entretanto, não foram estes acontecimentos que ocuparam os espaços na mídia. Todas as atenções se concentraram na indicação dos nomes que irão constituir o comando econômico do novo governo do PT, após a vitória nas urnas. Os três nomes anunciados, Joaquim Levy para a Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento e Alexandre Tombini para o Banco Central, finalmente acalmaram o “mercado” e receberam elogios entusiásticos dos setores financeiros e empresariais.
Diante das pressões, Dilma cedeu e resolveu dar uma guinada na política econômica. Espera-se agora um período de “austeridade” com uma política fiscal restritiva, elevação de juros, superávit primário de 1,2% em 2015, restauração do tripé macro econômico, contenção das despesas e gastos sociais, etc. Com razão tem protestado o candidato derrotado Aécio Neves ao afirmar que Dilma roubou o seu plano econômico. A equipe não foi empossada, mas anunciada, em um ato que não contou com a presença, nem da presidente Dilma, nem do ex-ministro Mantega. Os nomes escolhidos provocaram protestos de setores do PT, de intelectuais e movimentos sociais que se consideram traídos e prometem ações de resistência.
E a austeridade já começou. Na quarta feira passada, na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, foi decidido o aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,5%, elevando-a de 11,25% para 11,75%. Um ponto para o Tombini. Quem será o próximo a marcar?
Ainda bem que o perigo, por enquanto, é “levytarmos” em direção à austeridade. Imaginem se estivessem atacando com um “Trabuco”!
Preparemo-nos para 2015. A barra vai pesar!



[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Monografia do pesquisador Eric Gil Dantas

Fatores que influem na variação dos valores e dos preços: Elementos para uma teoria de inflação em Marx. Leia aqui.
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O PROGEB e o Observatório Econômico convida a todos e todas para assistirem o Seminário a ser realizado na próxima quinta feira, as 14h30min, na UFPB. Participem!


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domingo, 30 de novembro de 2014

Participação da pesquisadora Roberta Pereira

Participação da pesquisadora Roberta Pereira em um debate realizado no colégio IPEI com alunos da instituição com o tema "Brasil conteporâneo: política, economia e relações exteriores".


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ENID 2014

Apresentação da monitoria de fundamentos econômicos  no ENID 2014 com o pesquisador Raphael Sena e a professora Rosângela Palhano.



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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Participação do Prof. Doutor Nelson Rosas no IFPB.

Neste mês de setembro o Prof. Doutor Nelson Rosas, foi ao IFPB de Guarabira participar de uma conferência sobre Economia Brasileira e ministrar o minicurso de Crise Econômica para os alunos da instituição.




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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O “Petrolão” e as campanhas eleitorais

Semana de 17 a 23 de novembro de 2014

Raphael Correia Lima Alves de Sena[i]

Os escândalos na Petrobras continuam a ocupar as páginas dos principais meios de comunicação nacional. A cada nova fase da investigação vem à tona mais nomes de pessoas e empresas envolvidas no que, possivelmente, pode ser o maior caso de corrupção da história do país. São diretores da estatal, executivos de empreiteiras, doleiros e “laranjas” que encabeçam uma lista cada vez maior. Entre as empreiteiras investigadas por envolvimento no esquema fraudulento do doleiro Alberto Youssef encontram-se: OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Engevix, UTC, Iesa e Galvão Engenharia.
Uma observação das doações recebidas, pelos partidos, para a eleição deste ano, e os nomes das empreiteiras envolvidas, permite encontrar números bastante curiosos. Segundo dados levantados pelo Jornal Valor Econômico, o grupo todo contribuiu com R$ 217 milhões para comitês eleitorais, excluindo-se as contribuições feitas diretamente aos candidatos. A Iesa não efetuou doações eleitorais e a Mendes Júnior concedeu valores apenas para candidatos. Seis delas aparecem como doadoras a comitês: a Camargo Corrêa, entregou metade dos R$ 3,1 milhões que doou na campanha ao DEM; a Odebrecht, diretamente ou por meio de empresas controladas, foi a maior financiadora do grupo com o total de R$ 57,9 milhões, dos quais R$ 13,7 milhões foram para o PSDB; a OAS destinou R$ 13,2 milhões ao PT; a Queiroz Galvão contribuiu com R$ 15,8 milhões ao PMDB; a Galvão Engenharia irrigou os cofres do PSB em R$ 4,4 milhões; a UTC destinou R$ 3 milhões à seção paulista do PCdoB. Não bastassem as volumosas quantias recebidas pelos comitês financeiros dos partidos, as empreiteiras investigadas pela PF realizaram doações para 255 deputados eleitos. Os seis maiores beneficiados foram: Alexandre Leite da Silva (DEM-SP), Nelson Meurer (PP-PR), Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), Alberto Fraga (DEM-DF), Carlos Zarattini (PT-SP) e Arthur Bisneto (PSDB-AM).
A situação é tão complexa e envolve cifras tão altas que levou o ministro do STF, Gilmar Mendes, a afirmar que o mensalão é “pequenas causas” frente à Operação Lava Jato. No entanto, a dificuldade do governo não para por aí. O projeto de lei que visa alterar a meta de superávit primário para esse ano está encontrando dificuldades para ser votado. O mercado financeiro continua pressionando a Presidente para que seja colocado um de seus representantes no Ministério da Fazenda e o nome de Joaquim Levy já aparece como virtual novo ministro, o que agrada o “mercado”.
Se servir de alento, ao que tudo indica, a inflação ficará dentro do teto da meta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, desacelerou de 0,48% para 0,38%, entre outubro e novembro, e pode facilitar o cumprimento da meta de inflação, neste ano. No acumulado de 12 meses o índice voltou a ficar dentro do permitido 6,42%. A taxa de desemprego voltou a cair em outubro, passando de 4,9% para 4,7%, de acordo com Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Mesmo havendo redução nas contratações com carteira assinada, o avanço do emprego por conta própria foi o responsável pela queda da taxa.
Ao redor do globo a situação não se encontra nada boa. A baixa demanda na região do euro aparenta ter desacelerado a ponto de quase pará-la. A atividade industrial chinesa reduziu-se em novembro para seu menor nível em seis meses, de acordo com dados preliminares. Há pressão para que Pequim adote medidas de estímulo ao crescimento. E, no Japão, o “Abenomics”, programa que até poucas semanas é tido como exemplo para o resto do mundo, desandou. Uma contração de 1,6% do PIB japonês no terceiro trimestre já gera algumas alterações nas políticas econômicas por lá adotadas.
Por aqui resta esperar os desdobramentos das investigações do “Petrolão”. Os maiores escritórios de advocacia do Brasil transformaram Curitiba em suas sedes provisórias. É lá que está o processo da operação, sob a tutela do Juiz Federal Sergio Moro, maior especialista em lavagem de dinheiro da Justiça brasileira. Enquanto tudo isso ocorre, de forma discreta e melancólica, a refinaria de Abreu e Lima deve começar a produzir até o final desse mês.



[i]Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Hoje 25 de novembro de 2014, ocorreu a apresentação do Observatório Econômico: explicando a economia no Enontro de Extensão da UFPB o ENEX.
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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Atividade econômica sem perspectivas de recuperação

Semana de 08 a 14 de novembro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Nas nossas últimas análises frisamos como a presidente reeleita está acuada principalmente para responder claramente ao “mercado” como vai guiar a política econômica em sua nova gestão. Mas não é só no governo federal que os problemas se põem. Os novos prefeitos e governadores terão que lidar com as pressões pelo aumento das tarifas dos ônibus urbanos. Os “infelizes empresários” do ramo, principalmente os do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Goiânia, precisam segundo eles próprios, cobrir os custos, o que não é possível com a grande defasagem tarifária atual. Em alguns casos, segundo os representantes do setor, a defasagem chega a 16%. No fim das contas quem vai pagar o pato é o consumidor, pois se tarifa não aumenta, aumentarão os subsídios pagos ao setor.
Já as operadoras de trens urbanos e metrôs, reclamam do encarecimento da energia elétrica, pois a eletricidade participa com até 25% dos custos operacionais deste transporte, segundo a ANP Trilhos, entidade que representa as principais operadoras do país.
            Enquanto as empresas de transportes buscam nos preços administrados a saída para garantir e aumentar seus lucros, aquelas que foram beneficiadas pela política de desoneração da folha de pagamentos, estão demitindo mais do que admitindo. Segundo informações levantadas pelo jornal Valor Econômico, considerando o desempenho do mercado de trabalho até setembro e as desonerações que aconteceram até o mês de maio, 21 setores que foram desonerados reduziram o emprego. Só este ano o montante em desonerações foi de R$ 2,558 bilhões. Lembre caro leitor, que o nosso desajeitado ministro da Fazenda, Guido Mantega, tomou esta decisão com a finalidade de promover o emprego, gerar e formalizar a mão de obra. A intenção é boa, a política é claramente anticíclica. Seu único erro foi o de achar que as decisões do empresariado podem ser subornadas.
            No que diz respeito às vagas de emprego criadas, no acumulado de janeiro a setembro, a proporção de postos de trabalho com remuneração de até um salário mínimo foi de 35,5%, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No mesmo período do ano passado, a proporção foi de 28%. E, reforçando este número, dados atuais da desigualdade de renda, divulgados pela ONG Oxfam antes do início da cúpula do G20, mostram que os 10% mais ricos detém 72% da riqueza total gerada no país.
            O fim do ano está chegando e as empresas começam a divulgar seus planos para 2015. A Petrobras, que enfrenta os resultados da Operação Lava Jato, certamente cortará investimentos no próximo ano, pois seu plano de negócios, para o período 2014-2018, já previa uma redução de US$ 16 bilhões. A mineradora Vale e a siderúrgica Gerdau estão ajustando a produção à queda dos preços do minério de ferro e não tem grandes perspectivas para o ano que vem. A metalúrgica Paranapanema e a fabricante de motores Weg não aumentarão suas capacidades de produção. A Duratex, produtora de painéis de madeira e louças sanitárias, e a Klabin, fabricante de embalagens, também não aumentarão seus investimentos. O setor automobilístico, por sua vez, tentará se recuperar da queda das vendas ocorrida em 2014.
Enquanto Delfim Netto pede um tempo para que Dilma honre o voto de confiança que recebeu nas urnas e apresente um bom programa fiscal, aqueles que acham que a crise é provocada pela insensatez da política econômica do governo, defendem uma única saída: o tal tripé macroeconômico deve ser cumprido à risca. É óbvio que o “mercado” também concorda com esta política. Como a pressão destes grupos é muito mais forte, a presidente já datou o anúncio de toda a equipe econômica. Serão divulgados até o final do mês de novembro os nomes para o Ministério da Fazenda, do Planejamento e para a presidência do Banco Central. E ao mesmo tempo, os nomes do secretário do Tesouro e dos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Nesta lista provavelmente não estará a indicação de Henrique Meirelles, como o ex-presidente Lula queria, mas certamente algum arrocho vem por aí. Como a previsão de crescimento do PIB para este ano, segundo o Boletim Focus já se encontra em míseros 0,2%, se a nova equipe econômica cede às pressões, o cenário que é ruim certamente ficará muito pior.



[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A presidente sob pressão

Semana de 03 a 09 de novembro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

Afinal, a herança maldita ficou para a própria presidente Dilma. Ela está herdando de si mesma um país com inflação rondando o teto da meta; com o dólar sofrendo uma pressão de alta, já ultrapassando os R$ 2,50; com uma balança comercial deficitária; com um orçamento estourado, com um superávit primário quase zerado; com uma indústria em desaceleração e com um Produto Interno Bruto (PIB) com crescimento próximo a zero.
E tudo isto dentro de uma conjuntura internacional adversa, embora o Armínio Fraga não consiga ver. Por toda parte sucedem-se as ações para combater a recessão. Preocupado com a estagnação da economia, o Banco do Japão (Boj) ampliou seu programa de compra de títulos (Quantitative Easing – Q.E.) com o objetivo de aumentar a base monetária de 60 trilhões de ienes para 80 trilhões ao ano.
Remando na mesma direção e com preocupações semelhantes, o Banco Central Europeu (BCE), na sua reunião da semana passada manteve as taxas de juros de referência na mínima histórica de 0,05% e, por unanimidade, declarou sua disposição de adotar “instrumentos não convencionais adicionais”, o que foi interpretado pelo mercado como um sinal da proximidade da adoção do Q.E. De fato, a Comissão Europeia reduziu suas previsões para o crescimento do PIB da região, de 1,7% para 1,1%. Para as economias mais dinâmicas do bloco as reduções foram de 2% para 1,1%, para a Alemanha e de 1,5% para 0,7%, para a França.
Mesmo a economia americana, que tem sido a esperança de recuperação da economia mundial, dá sinais de fragilidade. Em setembro, o déficit comercial cresceu 7,6% atingindo US$ 43,03 bilhões, o setor imobiliário desacelerou e as encomendas para as indústrias caíram 0,6%. Teme-se que a desaceleração mundial comprometa a recuperação dos EUA.
Contribuindo para agravar o quadro de desaceleração da economia nacional o BC brasileiro elevou a taxa Selic de 11% para 11,25%, com as consequências que seriam de esperar. Os juros de todo o sistema financeiro foram ajustados para cima dificultando ainda mais o crédito e os financiamentos. Apesar de algumas medidas tomadas pelo governo como a liberação de R$ 95 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos, o volume dos financiamentos apresenta tendência de queda.
Estranhamente, mesmo neste ambiente adverso, a taxa de desemprego continua a cair, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A taxa que era de 7,1%, no primeiro trimestre, caiu para 6,8% no segundo. A maior geração de emprego foi o fator que mais contribuiu para a queda.
Se a redução do desemprego é um fenômeno que desafia os analistas, há um setor que continua tendo um brilhante desempenho: o setor bancário. O baixo crescimento econômico não tem afetado o crescimento dos maiores bancos, Itaú, Bradesco e Santander que, juntos, lucraram R$ 27,4 bilhões, nos nove primeiros meses do ano, um crescimento de 26,9%, comparado com 2013. Com a ajuda do BC, que tem elevado a Selic, a pretexto de combater a inflação (teimosamente classificada como inflação de demanda), o setor bancário continua a apresentar excelentes resultados. Outra ajuda veio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal que reduziram suas atividades e, além disso, elevaram também suas taxas de juros.
Mas, isto ainda não satisfaz a ganância do capital financeiro e o “mercado”. Os especuladores estão furiosos com a dubiedade dos termos da ata da reunião do Copom que decidiu sobre o aumento da Selic, por não terem encontrado uma orientação clara sobre a tendência futura. Com isto, as pressões sobre a presidente Dilma cresceram para a indicação dos nomes da nova equipe econômica. Há a esperança de uma guinada para a “austeridade” na política econômica que é combatida por um grupo de 422 economistas, em um manifesto encabeçado por Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzo e assinado por professores de várias universidades. Os assinantes defendem que há “alternativas além da austeridade fiscal e monetária”.



[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Mais uma meta que não será cumprida

Semana de 27 de outubro a 02 de novembro

Raphael Correia Lima Alves de Sena[i]

O mês de novembro não se inicia de forma favorável para o governo. A divulgação, no último dia de outubro, de um déficit primário recorde fez com que o Planalto assumisse que a meta preestabelecida de um superávit primário de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) não será cumprida, algo que já era esperado por muita gente que atua na área econômica. O setor público brasileiro registrou um déficit primário de 25,491 bilhões de reais, no mês de setembro, fazendo com que o resultado consolidado (que reúne governo central, estados, municípios e estatais), de janeiro a setembro, fosse o pior da série histórica que se iniciou em 2002, com um saldo negativo de 15,286 bilhões de reais.
A meta fiscal tem previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, e, diante dessa situação, a opção mais viável para o momento é a sua revisão. Assim, o Executivo deve submeter ao Congresso um projeto de lei que vise à alteração da meta de superávit primário, evitando que incorra em crime de responsabilidade fiscal. O governo tem até o dia 22 de novembro para enviar aos parlamentares o último relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento, prazo para que a meta já esteja revisada. Atualmente, dois são os empecilhos para que haja a modificação: o Planalto ainda não conta com uma definição da nova meta e, mesmo que estabeleça uma, deverá enfrentar uma forte resistência por parte de parlamentares da oposição.
Na mesma semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, mais uma vez, a taxa Selic para 11,25% ao ano. O aumento de 0,25% tem como objetivo combater a persistente inflação de demanda (versão oficial do governo) que teima em não ceder. O comitê disse que “desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016.” Assim, continua a cruzada contra a inflação. Enquanto ela não cai, a arma do combate continua a mesma: aumento da taxa básica de juros.
Pelo mundo, as atenções se voltaram para os Estados Unidos. O PIB norte-americano cresceu 3,5% no terceiro trimestre, ficando acima das expectativas dos analistas (3%). No entanto, números detalhados indicam uma economia em avanço, mas não em aceleração, longe de desempenhar o papel de motor do crescimento mundial, neste momento. Além disso, o Federal Reserve (Fed) confirmou que vai encerrar seu longo programa de compra de títulos de dívida que teve início em setembro de 2012. Já na União Europeia, Itália e França traçam novos planos para reduzir seus déficits, em uma tentativa de obter a aprovação de seus Orçamentos, para 2015, pela Comissão Europeia. Os italianos anunciaram que fariam cortes adicionais de 4,5 bilhões de euros e os franceses de 3,6 bilhões de euros.
Diante do conturbado cenário econômico nacional, a presidente reeleita, Dilma Rousseff, já está buscando nomes para compor seu novo governo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente executivo do Bradesco, para ocupar o cargo de Ministro da Fazenda. Entretanto, ele teria rejeitado o convite informal da Presidente. Assim, ganham força os nomes de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da pasta, que se adequa mais ao perfil da governanta. Barbosa preencheria dois importantes requisitos: conhece bem a presidente e tem uma forte ligação com o ex-presidente Lula, segundo fontes do governo.
A nova equipe econômica assumirá o país em uma situação bem desconfortável. Algumas medidas impopulares poderão ser tomadas antes mesmo do fim do ano. Para o próximo ano, a meta de superávit primário, que tem previsão de 2% a 2,5%, deve ser alterada, o crescimento deve ser fraco e as expectativas de inflação encontram-se bem acima da meta. Além de todas as dificuldades econômicas, o governo deverá encontrar uma forte bancada de oposição no Congresso.
Resta saber se a presidente terá força e jogo de cintura para implementar seus projetos ou se renderá às pressões do “mercado”. A indicação da nova equipe econômica apontará o caminho que será seguido.



[i]Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Participação do professor Nelson Rosas na TV Câmara.

O Prof. Dr. Nelson Rosas concedeu uma entrevista a TV Câmara, no programa Câmara Debate com o tema capitalismo, comunismo e eleições, onde esclarece alguns conceitos desses dois  sistemas e comenta temas atuais como as eleições. Clique aqui para assistir.


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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dilma é reeleita. Para onde rumará o país?

Semana de 20 a 26 de outubro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Após meses de disputa acirrada, em meio a poucas propostas, alguns debates, muitos escândalos e autoacusações entre os candidatos à presidência da República, finalmente a corrida eleitoral acabou. A presidente Dilma foi reeleita para mais um mandato de quatro anos. O embate deixou claro que é impossível que ela se desvencilhe do mito “Lula”, pois segundo a opinião da maioria, em meio a todos os contratempos, foi ele quem, no passado, conseguiu combater a inflação, domou a “insegurança” dos mercados e enfrentou bem o início da crise.
Lula, afinal, foi um homem de sorte. Presidiu o país nos tempos das vacas gordas.
Quando a atual presidente foi eleita para o seu primeiro mandato, revelamos nesta coluna, a herança “maldita” que o governo anterior deixava: dívida pública elevada e cara, inflação em alta, desaceleração econômica, ameaça de desindustrialização, redução do saldo da balança comercial, entre outros. E não é difícil listar agora os problemas intrínsecos a uma nova herança, que se transfere para o próximo mandato, ligados às dificuldades econômicas atuais, tanto internas, quanto externas.
Estes são os números da reeleição: Dilma Rousseff obteve 51,64% dos votos e Aécio Neves, 48,36%. Foi uma diferença de 3,4 milhões de votos. Comparada aos resultados dos pleitos anteriores, esta diferença de votos foi bastante pequena. Tal fato gerou a impressão de que o país está dividido e a presidente é coagida a ser mais específica em relação às ações que tomará em seu novo governo. Embora o cenário econômico pareça não ter sido tão decisivo para o resultado das eleições (afinal de contas, para a maioria da população, termos como “independência do Banco Central”, “superávit primário”, “dívida pública”, “câmbio flexível”, parecem distantes da realidade), obviamente, há uma grande pressão para que o governo divulgue de imediato, quem comporá a sua nova equipe econômica.
No início da manhã do dia 27 de outubro, aproximadamente 15 horas depois do resultado oficial das eleições ter sido divulgado, um dos noticiários do país constatava: “Após reeleição de Dilma, Bovespa tem forte queda de 5,94% e dólar vai a R$ 2,542. Bolsa de Valores de São Paulo opera com 48.857 pontos. Na abertura dos negócios, dólar chegou a disparar 4%...” E mais: “Dilma terá que reconquistar investidores e consumidores, analisa Instituto Internacional de Finanças. Entidade sugere que o Planalto adote uma política fiscal mais dura. A entidade também recomenda que o Banco Central do país seja mais independente para conduzir a política monetária.” A guerra então, está declarada.
Enquanto o noticiário diário passa a ilusão de que é o setor financeiro quem dita todos os rumos da economia, a maioria dos economistas partilha da visão de que, para recuperar o crescimento econômico real (ou seria a credibilidade?), é necessário adotar medidas muito mais austeras de política fiscal para garantir não apenas o equilíbrio, mas o pagamento certinho dos nossos credores, garantir o livre câmbio e manter o combate à inflação de demanda via aumento dos juros, imediatamente! Quem em sã consciência acredita que estas medidas produzirão o crescimento econômico no futuro?
Já respondo. Uma enquete realizada com economistas das melhores universidades do país mostrava antes da eleição, que 65,5% declararam voto em Aécio e 23,8% em Dilma. O resultado não surpreende. Afinal de contas, há muito tempo, o pensamento econômico é quase que totalmente dominado pela crença de que, se deixada livre, a economia “tende” a recompor o equilíbrio automaticamente, uma consequência natural do livre mercado. E esta é a visão que predomina na grande maioria das escolas de Economia. O pensamento econômico é praticamente monopólio deste grupo, denominado de ortodoxos. Aos heterodoxos cabe à visão oposta: a de que o sistema econômico não tende naturalmente ao equilíbrio sendo necessária a participação do governo que ajudaria a alavancar o crescimento econômico. A condução dos rumos da economia será determinada por uma, ou provavelmente por um monstrengo formado pela coalizão destas duas visões.
Enquanto no próximo ano, possivelmente o mundo seguirá na pasmaceira, o governo continuará a usar as mesmas medidas de política econômica, que, como já nos referimos em análises anteriores, acertam ora no cravo, ora na ferradura.



[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A pasmaceira global

Semana de 13 a 19 de outubro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

Parece que a única pessoa que acredita que a crise econômica mundial acabou é o Armínio Fraga, candidato a ministro em uma eventual vitória do Aécio Neves. Aliás, ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado na entrevista na TV Globo, quando debateu com o Guido Mantega e afirmou que a crise, iniciada em 2008, terminou em 2009. E não foi apenas esta mancada. Ele representou muito bem o papel de saco vazio, ou seja, não tinha nenhuma proposta para enfrentar a difícil situação que o país atravessa. Reprisou apenas o chavão da necessidade da “mudança” para lugar nenhum, ou melhor, para trás, prometendo a restauração do tripé macroeconômico e a famigerada “independência” do Banco Central (BC), o que significa entregá-lo aos banqueiros.
Restaurar o tripé macroeconômico significa aumentar a austeridade fiscal, com elevação do superávit fiscal para pagar os juros da dívida; permitir a flutuação livre do câmbio e aumentar o controle da inflação através do aumento das taxas de juros, além de reduzir a meta para abaixo dos atuais 4,5%. Resumindo, isto significa política de austeridade que, com exceção da Ângela Merkel, primeira ministra da Alemanha, é condenada até pelas grandes organizações internacionais consideradas conservadoras como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mesmo os bancos centrais de países como EUA, União Europeia, Japão, China, Suíça, etc., rejeitam estas políticas.
Todas estas organizações reconhecem a situação de impasse em que se encontra a economia mundial que é caracterizada pela desaceleração das economias emergentes e da China, em particular; pelo pessimismo com a recuperação dos EUA e o temor da possibilidade da elevação dos juros pelo Fed (BC americano), diante da ameaça de deflação; pela queda no mercado mundial e nos preços das commodities, até mesmo o petróleo; pela estagnação da União Europeia com ameaça de deflação na zona do Euro e no Japão.
Por mais desagradável que seja esta situação, é assim que se encontra a economia mundial, em uma “pasmaceira global”, o que é reconhecido por todos menos pelo sábio candidato a Ministro da Fazenda do Aécio.
Neste quadro se insere a economia brasileira, pois com o processo de globalização vigente, estamos indissoluvelmente ligados ao resto do mundo. Serve de agravante o estado de dependência em que se encontra a nossa economia, reduzida para a condição de um país primário exportador, situação em que estávamos nos idos dos anos 50, e pela política de abertura implantada pelo governo FHC, com o seu Plano Real, tão elogiado por todos, mas que empurrou o país para trás. E não podemos eximir de culpa os governos do PT por terem continuado as mesmas políticas e impulsionado o processo de desindustrialização da nossa economia.
Hoje dependemos da meia dúzia de commodities para amealhar míseros dólares que precisamos guardar para pagar os juros de uma dívida sem história e que todos sabem que é impagável, pois os próprios credores não a querem receber. Com o excesso de liquidez internacional, eles não encontrariam nenhum outro negócio para aplicar o dinheiro recebido com rendimentos tão elevados como os que nós pagamos.
Como já alertamos em Análises anteriores, a situação da economia do país é muito crítica e temos feito nesta coluna duras críticas à política econômica praticada pelos governos PT. Mas, as nossas críticas são feitas pela esquerda, diante da tosca e inconsequente política Keynesiana praticada pelo governo para enfrentar a crise que, apesar de tudo, tem produzido alguns efeitos, principalmente graças aos programas de distribuição de renda, de elevação do salário mínimo, de aumento dos financiamentos ao consumo, etc. Estas políticas, sabotadas pela ação do BC, que teima em combater a inflação com o aumento dos juros (tratamento aspirina), não têm sido suficientes para reverter a situação atual de aumento do desemprego, queda da produção industrial, queda nas vendas e no consumo, desaceleração no setor imobiliário, etc.




[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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