quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Adeus ano velho... E a crise permanece

Semana de 22 a 28 de dezembro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Estimado leitor. Na última análise de conjuntura do ano, aproveitamos a oportunidade para reforçar os votos de um ótimo 2015. Ao escrever sobre o panorama vindouro, reiteramos que os bons ventos estão longe de soprar por estas bandas. Pela quarta vez consecutiva, a começar pelo título da nossa análise, anunciamos a chegada de um novo ano, mas, novamente sem boas novas.
            Como já sabemos o segundo mandato da presidente Dilma, está inserido em um cenário que começará com alta inflação, desequilíbrio cambial e arrocho fiscal.
            Analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico acreditam que a inflação vai ultrapassar o teto da meta, já em 2015. Isto porque os reajustes dos preços administrados pressionarão o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que deve chegar a 6,75% no final do ano. O aumento de preço das tarifas de energia elétrica, da gasolina e dos ônibus urbanos, deve ser forte o suficiente para cobrir o esperado alívio nos preços livres. Outra pressão sobre a inflação será a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros 1.0, que passará dos atuais 4% para a alíquota original de 7%.
Todas as projeções mostram que a taxa Selic deve fechar 2015 em 12,5%, o que significa que o governo continuará a combater a inflação considerando-a de demanda, embora os preços administrados (aqueles que são regulados pelo governo) apareçam no índice como item de maior peso. É no mínimo uma contradição, pois enquanto contribui para a elevação da inflação o governo continua a combatê-la com juros altos!
            A atividade econômica segue ladeira abaixo. O clima está tão tenso que os consumidores sumiram do mercado varejista. É o que indica um levantamento feito pela Consultoria Advisia OC&C, que entrevistou 32 mil pessoas em 10 países. No Brasil, 54% dos consumidores consultados estão indo menos às lojas. Os clientes estão relutantes em aumentar seus gastos, pois não sabem se terão emprego e como estará a sua renda em 2015. Afinal o povo sabe que todas as experiências de austeridade recaem sempre do lado mais fraco.
As medidas propostas pela nova equipe econômica começam a aparecer. A taxa de juros de longo prazo (TJLP) aumentará no início de 2015, de 5% para 5,5% ao ano e os juros cobrados pelo BNDES, no Programa de Sustentação ao Investimento (PSI), também aumentarão da faixa dos 4% a 8% para 6,5% a 11% ao ano. Portanto, o crédito tanto para as empresas quanto para os consumidores será dificultado.
Durante todo o ano de 2014, o governo foi duramente criticado pela falta de credibilidade em suas ações o que gerou falta de confiança de consumidores e empresários. Reorganizar a política econômica, segundo os que defendem esta visão, é parte das exigências para restaurar a credibilidade do governo. Este passo, o governo já deu. Falta então, resgatar a confiança dos agentes econômicos. Neste ponto, o governo ruma na direção contrária. Os prováveis aumentos de impostos e redução das proteções sociais não parecem passos corretos para resgatar a confiança do consumidor.
E como se desperta o tal instinto animal dos empresários? Certamente não é aumentando os juros e dificultando os investimentos. Com as medidas anunciadas fica muito claro, quem está sendo agradado pelo governo. O “mercado financeiro” de forma gloriosa venceu e teve, mais uma vez, seus desejos atendidos.
Mas, é para a economia real que devemos olhar. É ela que cria a riqueza. E mesmo as medidas anticíclicas tomadas durante todo este ano não foram suficientes para reverter o quadro. Com o arrocho agora anunciado caminhamos para o aprofundamento da crise. Para 2015, se espera um crescimento de 0,5%.
É de forma deliberada, consciente e na contramão do mundo inteiro (exceto da Alemanha), que o Brasil caminha a passos largos para o abismo. E por incrível que pareça a grande maioria dos economistas está satisfeita com a decisão. Dizem que este é um mal necessário. Que devemos nos atirar de olhos fechados no fundo do poço, pois tudo se reorganizará e teremos por volta de dois anos, toda a credibilidade e confiança suficientes para crescermos de forma sustentável.
Infelizmente, ninguém consegue apontar um único exemplo da economia real que garanta que isto acontecerá!



[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
Share:

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Participação do Prof. Doutor Nelson Rosas na TV Cabo Branco.


O Prof. Nelson Rosas participou do programa Paraíba Comunidade especial de ano novo, onde dá dicas de finanças pessoais e comenta o cenário econômico para 2015.Assista aqui.


Share:

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Monografia da pesquisadora Roberta Pereira.

Desindutrializacão: Uma análise do caso brasileiro.
Roberta Pereira de lima.
leia aqui.

Share:

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

2015 – O superlativo de péssimo

Semana de 15 a 21 de dezembro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

O final do ano aproxima-se rapidamente e nós aproveitamos para desejar aos nossos leitores um Feliz Natal e muita sorte em 2015. Recomendamos a todos que aproveitem as festividades com moderação e evitem dívidas, pois, como afirma a colunista Claudia Safatle do jornal Valor Econômico, a situação em 2015 será “o superlativo de péssima”.
De fato, há uma conjugação de fatores adversos que complicam a economia mundial e amplificam os problemas internos. 2014 está tendo um fim melancólico. A desaceleração da economia (a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá situar-se próxima à zero) e o aumento da inflação (que ameaça estourar o teto da meta) começam a ter repercussão no desemprego e na elevação do custo de vida, o que reduz o poder aquisitivo dos salários.
Para azar nosso a natureza não está colaborando e a falta de chuvas vem provocando a crise hídrica e do setor elétrico. Também nada se pode esperar do exterior, pois continua a desaceleração da União Europeia (UE) e da China, agrava-se a crise no Japão e na Rússia que caminha para o crescimento negativo. Isto tudo afeta as exportações brasileiras que estão em queda. Até a esperança no lento crescimento dos EUA apresenta-se como uma ameaça, pois vem provocando a valorização do dólar com a consequente desvalorização do real. O aspecto positivo que a esta desvalorização poderia ter para as nossas exportações é em boa parte, anulado pela queda da demanda internacional e dos preços das commodities.
É sobre este tumultuado ambiente econômico que desaba o escândalo da Petrobras afetando a credibilidade da nossa maior empresa e arrastando as maiores empreiteiras do país. Como elas são responsáveis pela grande maioria dos contratos das obras públicas em andamento a situação tem desdobramentos perigosos. Outro processo que está em marcha é o que atinge os altos escalões da política. Pairam no ar as denúncias aguardadas para os primeiros meses do ano que se aproxima.
A fase de crise do ciclo econômico que vem se desenvolvendo nos últimos dois anos no Brasil, tem sido enfrentada pelo governo Dilma com medidas de política anticíclica. Estas medidas, que envolvem aumento das despesas, vêm comprometendo a formação dos superávits primários (reservas para pagamento dos juros da dívida). O governo tenta esconder o efeito perverso do aumento das despesas com manobras contábeis que contribuíram para o descrédito do ministro Mantega. Durante o ano de 2014, ano de eleições, a situação agravou-se ainda mais e era evidente que o superávit prometido pelo governo não seria atingido. Em vez de assumir a responsabilidade pela política anticíclica adotada, que tem garantido o alto nível de emprego e renda, e anunciar que iria reduzir ou zerar o superávit primário do ano, o governo preferiu tentar enganar os agentes econômicos escondendo os dados. O resultado foi a desgastante correria dos últimos dois meses para aprovar um projeto que autorizava o governo, a posteriori, a reduzir o superávit para R$ 10 bilhões. O governo conseguiu aprovar o seu projeto, mas a crise está em marcha acelerada. A nova equipe econômica (Levy na Fazenda, Barbosa no Planejamento e Tombini no Banco Central), liderada pelo homem da tesoura (Levy), prepara o seu programa de austeridade, para reduzir a retalhos a economia do país. E os prejudicados não serão apenas os trabalhadores assalariados. Com desemprego não há consumo. Sem consumo não há produção. Preparem-se todos para as falências e o choro das madames desmamadas, com o corte dos financiamentos dos bancos estatais, com o aumento das taxas de juros (comandado pela SELIC) e das subvencionadas (como a TJLP), com a alteração dos programas, como o PSI, que estimulava os investimentos em máquinas e equipamentos, etc. Isto já começou.
E ainda nos vem o presidente do PT, Rui Falcão, declarar, em uma entrevista, que “Não vamos cancelar direitos, não vamos promover arrocho e não vamos promover o desemprego.”
A quem ele pensa que vai enganar?
Cuidado companheiro! Diz a sabedoria popular que a mentira tem pernas curtas!



[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
Share:

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os ajustes de Levy e a queda do petróleo

Semana de 08 a 14 de dezembro de 2014

Raphael Correia Lima Alves de Sena[i]

Após a escolha da nova equipe econômica do governo, o time chefiado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, começa a estruturar os seus ajustes na política fiscal. O plano é uma elevação das receitas e a manutenção das despesas. De acordo com o novo anexo de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2005, o valor de R$1,435 trilhão é projetado para a receita bruta total, ou seja, 25,99% do PIB. Já a despesa primária total foi mantida em R$ 1,379 trilhão (24,98%). As mudanças na LDO indicam que o ajustamento das contas públicas ocorrerá através de uma redução do superávit primário para 1,2%, ante a previsão anterior de 2%, e uma elevação da carga tributária.
            As indústrias seguem apresentando maus resultados. Em pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sete dos 14 ramos industriais pesquisados apontaram um volume acima do normal de mercadorias estocadas. Nas categorias de bens de capital e de bens duráveis, 44,8% dos industriais consideraram que estavam com estoque excessivo, em novembro. A indústria automobilística continua com as férias prolongadas e demissões. A Volvo demitiu 206 operários da fábrica de Curitiba (PR), a MAN tenta congelar os salários de seus operários, enquanto que a Mercedes-Benz fechou acordo para não reajustar os salários acima da inflação até 2017.
            Seguindo a cadeia de produção dos automóveis, a Pirelli, maior fabricante de pneus do país, concedeu férias de três semanas aos seus operários. A Bridgestone também seguiu o mesmo caminho. O setor sofre com o desaquecimento do mercado de veículos, pois as montadoras reduziram em 18% as compras de pneumáticos neste ano. Outro dado negativo vem do emprego no setor industrial. A ocupação recuou pelo 37º mês seguido, quando comparada com o mesmo período do ano anterior. Além disso, de acordo com a Pesquisa Industrial de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, a indústria está reduzindo o custo de mão de obra.
            Ao redor do globo, a Grécia volta à tona com a possibilidade do partido radical de esquerda Syriza chegar ao poder. Caso isso se torne realidade, o programa de austeridade e as reformas que ocorreram após o resgate do país em 2009 podem ser extintas. Exportações desacelerando e ameaça de deflação coloca a China em uma posição não muito confortável. O governo chinês tenta conter a persistente desaceleração da economia, orientando bancos a emprestar mais dinheiro. Enquanto isso, o emprego tem melhor ano nos Estados Unidos da América desde 1999. Isso faz com que o “mercado” comece a especular sobre a elevação da taxa básica de juros da economia norte-americana. Todas as atenções estão voltadas para as próximas comunicações do Federal Reserve (banco central dos EUA).
            O petróleo continua ocupando as principais manchetes dos jornais econômicos do mundo. O barril chegou a ser cotado a menos de US$ 65 pela primeira vez em cinco anos. Enquanto Jordânia, Egito, Israel e Japão comemoram, outros países que possuem a economia fortemente atrelada a essa commodity, como Irã, Síria, Rússia e Venezuela, estão com as contas públicas bastante prejudicadas. As petrolíferas, que projetavam um preço do petróleo maior para os próximos anos, estão revendo seus investimentos.
            Aqui no Brasil o petróleo, ou melhor, a Petrobrás também vem ocupando espaço de destaque nos noticiários. No entanto, o principal motivo está relacionado com o caso de corrupção e desvio de dinheiro público que, de acordo com o jornal Valor Econômico, foi de pelo menos R$ 20 bilhões. Na esteira da operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal denunciou 36 pessoas envolvidas no escândalo e pede indenização de cerca de R$ 1 bilhão em reparação de desvios.
            Não bastassem todas as descobertas da investigação, uma ex-gerente executiva da empresa, Venina Velosa da Fonseca, diz que informou à diretoria da Petro, incluindo a presidente Graça Foster, das irregularidades existentes em diversos contratos. Segundo Venina, após as denúncias, ela foi perseguida e afastada da empresa no dia 19 de novembro. Ela irá depor ao Ministério Público e novas bombas deverão vir por aí. Ao lado de toda essa roubalheira, a Petrobras, que participa como “parceira estratégica” do Fórum da Davos, faz parte da Iniciativa Anticorrupção do evento.
É mole?



[i]Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
Share:

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Brasil na contramão

Semana de 01 a 07 de dezembro de 2014

Rosângela Palhano Ramalho[i]

            Caro leitor. Como de praxe, reforço que as perspectivas econômicas continuam péssimas. A estimativa oficial de crescimento da economia brasileira para 2014, que já havia sido revisada para 0,5%, se junta a mais uma: o crescimento de 2015 ficará próximo dos 0,8%. A previsão anterior era de 2%.
       Os sinais de fraqueza econômica surgem a todo o momento. Nem mesmo o crescimento do PIB de 0,1% e de 1,7% da indústria no terceiro trimestre foi animador. Se a evolução da atividade industrial não mudar drasticamente no quarto trimestre, a indústria fechará o ano com retração de 3%. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, apurou que o nível de estoques da indústria de transformação ainda é muito alto. A indústria automobilística, por exemplo, continua ladeira abaixo. Em novembro, as vendas do setor, segundo a Fenabrave, caíram 4% em relação a outubro e 2% quando comparadas a novembro de 2013. A produção caiu, o desemprego aumentou e o estoque automotivo permanece alto, ultrapassando 40 dias. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que o setor reduziu pelo oitavo mês seguido o total de trabalhadores empregados. E a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já adiantou que o ano está perdido para a indústria paulista, que fechará o ano com retração de 5,4%.
           As más perspectivas se alastram. A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) prevê crescimento de apenas 0,2% para o Brasil e de 1,1% para a região. Pesquisa realizada pela Markit mostra que o mundo está longe da recuperação. China, Estados Unidos e Zona do euro, apresentaram baixos índices de gerentes de compras (PMI). Na Zona do euro, o PMI ficou em 50,1 pontos, em novembro, mais baixo que outubro, que foi de 50,6 pontos. Um valor igual a 50 expressa o limite entre contração e expansão da atividade econômica. A Alemanha, principal responsável pelo crescimento, ainda que baixo, da zona monetária europeia, apresentou queda do PMI do setor manufatureiro, de 51,4 pontos em outubro, para 49,5 pontos em novembro, o que indica contração econômica. Segundo o economista-chefe da Markit “A situação da indústria na zona do euro é pior do que se imaginava”. Também na China, o indicador caiu. De 50,8 pontos em outubro, para 50,3 pontos em novembro. Nos EUA, o indicador caiu de 55,9 pontos para 54,8 pontos e, mesmo estando numa zona considerada de expansão da atividade, os gastos dos consumidores e os investimentos empresariais apresentaram números pífios, em novembro. Este número sinaliza que, daquela economia, não se deve esperar um grande impulso à economia mundial. A pasmaceira toma conta do mundo. Crescem desta forma, as pressões para que a autoridade monetária europeia adote medidas de estímulo à economia, seguindo o exemplo das decisões já tomadas pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos e pelo Banco do Japão. Segundo a presidente do Fed, Janet Yellen, “dada a natureza lenta e irregular da recuperação, as políticas de apoio continuam sendo necessárias”. Tudo indica então, que o Fed não irá se desfazer totalmente dos ativos que comprou.
         O mundo não vislumbra recuperação econômica, por isso, perduram as ações de estímulo das economias e adoção de taxas de juros muito baixas. Mas estas questões parecem estranhas, no Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião, elevou a taxa de juros de 11,25% para 11,75%, a maior desde agosto de 2011. O “mercado” aplaudiu e vê a decisão como o primeiro passo do governo rumo à reconquista da “credibilidade” a culpada pela intensificação da crise. Economistas renomados permanecem alheios à realidade e rasgam elogios à nomeação da nova equipe econômica. Todos acreditam que as medidas futuras da nova equipe econômica “prepararão” os caminhos para um “novo ciclo de crescimento”. Basta resgatar o que se perdeu, através da austeridade. Chamo a atenção neste ponto para a coluna publicada, em fevereiro de 2013, na Folha de São Paulo, pelo economista Paul Krugman. Lá Krugman põe o desafio: Onde estão os sucessos da austeridade? Denominando a austeridade como uma dor benéfica, os austerianos se esforçam em apontar os sucessos desta, adotada por alguns nos últimos três anos, mas segundo Krugman, é impossível encontrá-los.
    E o Brasil, ao caminhar novamente na contramão do mundo, certamente, engrossará a lista dos fracassos.




[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
Share:

Seminário Permanente debate " O caráter financeiro das crises no capitalismo atual"



Mais um debate para entender, sob outra perspectiva, as crises econômicas de superprodução. Muitas vezes propagadas como crises puramente financeiras. Participem!


Share:

sábado, 6 de dezembro de 2014

Seminário Permanente

Seminário Permanente  com pesquisador Antônio Almeida com o tema "O aumento de rotação de capital: a sétima contra tendência à queda da taxa de lucro".
Share:

Entre a espada e a parede

Semana de 24 a 30 de novembro de 2014

Nelson Rosas Ribeiro[i]

Não se vislumbra nenhuma esperança de uma retomada na economia mundial.
A desaceleração da China se agrava e já se fala no fim do milagre econômico no país. Os resultados no terceiro trimestre mostraram um crescimento de 7,3% e já surge o temor de que esta taxa fique abaixo dos 7%, no final do ano. Não foi por outra razão que o Banco Central chinês anunciou um corte nas taxas de juros.
Outros bancos também estão agindo na mesma direção. O Banco Central do Japão vai aumentar a compra de títulos da dívida (Q.E.) diante da ameaça de entrada da economia do país em recessão. O Banco Central Europeu (BCE), nas palavras de seu presidente Mario Draghi, também deverá aumentar sua compra de títulos europeus. O Federal Reserve (Fed), BC americano, encerrou as operações mensais de compras de títulos, em outubro, e agora teme que uma elevação das taxas de juros (atualmente próximas à zero) prejudique as exportações dos EUA graças à valorização do dólar, e comprometa a lenta recuperação do país.
 A este panorama junta-se a queda nos preços das commodities e particularmente do petróleo e do ferro. O petróleo, que em junho rondava os US$ 107, caiu, em novembro, para US$ 73,25 o barril, no Texas. A estes preços as explorações do xisto em algumas regiões dos EUA estão comprometidas bem como em algumas regiões do mundo. No entanto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não parece interessada em reduzir a produção. A queda de 30% nos preços, desde junho, já afeta bancos, empresas e países. Em relação ao minério de ferro, a queda no preço da tonelada já chegou aos US$70 e os três grandes, Vale, Rio Tinto e BHPP Billiton, pretendem manter a produção com o intuito de retirar do mercado empresas mais fracas, o que significa que os preços continuarão em baixa.
Nessas circunstâncias, a economia brasileira não poderá contar com nenhum estímulo vindo de fora. Pelo contrário, continuaremos a sofrer a pressão das importações de bens de consumo da China e das novas estrelas asiáticas Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnam onde os salários dos trabalhadores são ainda mais baixos.
Mas há uma boa notícia. Segundo o IBGE, o PIB que vinha caindo há dois trimestres consecutivos, no terceiro trimestre, cresceu 0,1% graças à colaboração da indústria, com 1,7% e dos investimentos, com 1,3%. A agropecuária, no entanto, teve uma queda de 1,9%. O consumo das famílias cresceu apenas 0,1%, o que é péssimo, e o do governo cresceu 1,3%, contribuindo para corroer o nosso superávit primário, que mal chegará aos R$10 bilhões. Apesar do crescimento, a situação da indústria continua preocupante, pois as montadoras, por exemplo, estão parando, dispensando trabalhadores, antecipando férias e a indústria de máquinas estima uma queda de 15% no consumo aparente.
Entretanto, não foram estes acontecimentos que ocuparam os espaços na mídia. Todas as atenções se concentraram na indicação dos nomes que irão constituir o comando econômico do novo governo do PT, após a vitória nas urnas. Os três nomes anunciados, Joaquim Levy para a Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento e Alexandre Tombini para o Banco Central, finalmente acalmaram o “mercado” e receberam elogios entusiásticos dos setores financeiros e empresariais.
Diante das pressões, Dilma cedeu e resolveu dar uma guinada na política econômica. Espera-se agora um período de “austeridade” com uma política fiscal restritiva, elevação de juros, superávit primário de 1,2% em 2015, restauração do tripé macro econômico, contenção das despesas e gastos sociais, etc. Com razão tem protestado o candidato derrotado Aécio Neves ao afirmar que Dilma roubou o seu plano econômico. A equipe não foi empossada, mas anunciada, em um ato que não contou com a presença, nem da presidente Dilma, nem do ex-ministro Mantega. Os nomes escolhidos provocaram protestos de setores do PT, de intelectuais e movimentos sociais que se consideram traídos e prometem ações de resistência.
E a austeridade já começou. Na quarta feira passada, na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, foi decidido o aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,5%, elevando-a de 11,25% para 11,75%. Um ponto para o Tombini. Quem será o próximo a marcar?
Ainda bem que o perigo, por enquanto, é “levytarmos” em direção à austeridade. Imaginem se estivessem atacando com um “Trabuco”!
Preparemo-nos para 2015. A barra vai pesar!



[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
Share:

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Monografia do pesquisador Eric Gil Dantas

Fatores que influem na variação dos valores e dos preços: Elementos para uma teoria de inflação em Marx. Leia aqui.
Share:
O PROGEB e o Observatório Econômico convida a todos e todas para assistirem o Seminário a ser realizado na próxima quinta feira, as 14h30min, na UFPB. Participem!


Share:

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog