quarta-feira, 31 de maio de 2017

À espera de um milagre



Semana de 22 a 26 de maio de 2017

Rosângela Palhano Ramalho [i]

No rescaldo da delação da JBS, o clima no governo continua tenso. A cada sinal dado, mesmo que ínfimo, os resultados da conjuntura econômica são comemorados. Mas, não há sinais concretos de retomada e a divulgação dos áudios do empresário da JBS soterrou os precoces festejos. O país está em compasso de espera. À espera de um nome de consenso para substituir o então presidente Temer, e também à espera do julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer. Enquanto isso, o governo torce para que o homem da mala, o deputado Rocha Loures, não delate.
Os novos escândalos políticos afetaram de imediato as negociações realizadas na Bolsa de Valores e as cotações da taxa de câmbio. Foi o caos. Os indicadores de confiança foram abaixo e após uma semana, os efeitos ainda repercutem nas projeções. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) que já apresentava uma previsão de queda do Produto Interno Bruto de 0,1%, no segundo trimestre, e de baixo crescimento de 0,4%, para a economia, neste ano, reforça que, com este novo evento, há sérias ameaças à lenta recuperação que se desenhava.
Segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF), as incertezas quanto à aprovação das reformas, pode comprometer a queda da taxa de juros que estava em curso. O mercado recuou e passou a prever uma queda menor para os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A 4E Consultoria diminuiu as suas previsões para o PIB, em 2017 e 2018. Para 2017, a queda do PIB foi alterada de -0,1% para -0,3% e, para o ano que vem, o crescimento foi revisto de 2,5% para 1,2%.
O mais grave é que, mesmo sem registrar os efeitos da delação, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao divulgar os dados de abril, demonstrou que a indústria ainda não se recuperou da recessão, desmentindo as afirmações do presidente Temer. O indicador da produção caiu de 54,8 pontos, em março, para 41,6, em abril. No mesmo período, o indicador de emprego caiu de 47,5 para 47 pontos, o índice de evolução dos estoques subiu de 49,1 para 50,9 pontos e o índice de utilização da capacidade instalada da indústria caiu de 65% para 63%.
A única estatística positiva para o PIB foi a estimativa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a produção agrícola: um crescimento em torno de 6% neste ano.
E por falar no IBGE, o presidente do órgão, economista Paulo Rabello de Castro, ao tentar explicar as últimas lambanças referentes às pesquisas de Comércio e de Serviços, afirmou que “... não houve uma mudança de metodologia, pelo contrário, houve uma observância da metodologia.” Em entrevista ao Jornal Valor Econômico, frisou que uma amostra menor que a normal, o resultado ruim do mês de dezembro e a não retropolação do índice, resultou numa melhoria dos índices da Pesquisa Mensal de Comércio em janeiro. Entenderam?
Em relação à conjuntura, Rabello de Castro vai na contramão da percepção do governo ao afirmar que o ambiente econômico “não melhorou”. Quando questionado se as mudanças nas pesquisas foram encomendadas para provocar um sentimento positivo quanto à evolução econômica, esbravejou: “Que se dane o governo. Eu não ‘tô’ aqui nem para produzir dados bons nem dados ruins para ninguém. Os dados são o que são”.
Para tentar reverter os estragos, o presidente Temer reuniu o seu ministério suplicando por “agendas positivas”. O desbloqueio do Orçamento foi o primeiro ato. Foram liberados mais de R$ 3,1 bilhões para gastos este ano. Três medidas provisórias garantiram a folga: a renegociação das dívidas municipais e estaduais para com a Previdência, a reprogramação das outorgas dos aeroportos e a regularização de débitos não tributários com autarquias e fundações.
No entanto, os números continuam a mostrar que a economia não está “colaborando”. Não haverá “agenda positiva” que neutralize ou reverta o estrago provocado pela delação da JBS.
Só um milagre...


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br) Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Fez-se o caos


Semana de 15 a 21 de maio de 2017

Nelson Rosas Ribeiro[i]
           
Com o estouro da bomba da delação da JBS os dados sobre a economia desapareceram dos noticiários. Até o berreiro do governo exaltando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro trimestre, em comparação ao quarto trimestre do ano passado, cessou. A euforia foi provocada pela divulgação, pelo Banco Central (BC), do “Índice de Atividade Econômica do Banco Central” (IBC-Br), considerado um indicador antecedente das variações do PIB. Este índice apontou um crescimento de 1,12% para o PIB do trimestre. O governo não disse que este índice é uma estimativa e não a realidade. Também não disse que este número foi afetado pela mudança da metodologia nos cálculos que alterou para cima os valores.
A Fundação Getúlio Vargas também divulgou o seu “Monitor do PIB”, outra estimativa para o mesmo indicador, sem avisar que este número também foi afetado pela mesma alteração nos cálculos. Ninguém comentou também que este elevado número foi influenciado principalmente pelo crescimento do agronegócio (safras recordes) com uma expansão de 11,3%, pela indústria extrativa mineral, que cresceu 2,62% e pelas exportações, que contribuíram com 2,78%. Internamente, porém, a situação revelou outra realidade: o consumo das famílias caiu 0,36%, o do governo, 0,23% e a formação do capital fixo (indicador dos investimentos) recuou 1,93%. Nada a comemorar, portanto. Estamos voltando à condição de uma economia primário exportadora. Isto para não falar em 14,2 milhões de desempregados, resultado de uma taxa de desemprego de 13,7%.
Outro dado comemorado com foguetes pelo governo foi a criação de 59,8 mil empregos, no mês de abril, depois de um número negativo em março. Mas, segundo os economistas do Ibre-FGV, o mês de abril é sempre o mês mais favorável para a criação de empregos e costuma apresentar um saldo que ultrapassa os 100 mil empregados.
Se a economia não apresenta sinais evidentes de recuperação, mas pequenos indícios, a política econômica do governo provoca estragos nos meios empresariais. O câmbio desvalorizado com o dólar mais barato favoreceu as importações, prejudicando a produção nacional. Qualquer início de recuperação vaza a demanda para o exterior através das importações. O discurso do secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, em Washington, provocou a ira da Confederação Nacional de Indústria (CNI), manifestada em uma carta enviada ao ministro Meirelles. No discurso, o secretário proclamou a necessidade de abrir as fronteiras e eliminar as barreiras alfandegárias para as importações o que expõe a indústria nacional à concorrência desleal.
Sem o apoio na população, com índice de aprovação menor que 10%, o governo Temer só conta com uma maioria no congresso, mantida à custa do suborno e da corrupção. Com o aumento do descontentamento da classe empresarial, ao governo só resta a aprovação das reformas, que tanto agradam ao patronato, apresentadas como a salvação do país.
É neste delicado momento que estoura a bomba das delações dos irmãos Batista da JBS. Pela primeira vez aparece claramente o que o jornalista Ricardo Boechat chama de “batom na cueca”. Foram apanhados desta vez, os ladrões, o planejamento do roubo e o dinheiro com mala e tudo, e em notas. Caiu a máscara do Michel Temer e do PSDB, com o seu líder máximo Aécio Neves apanhado negociando um suborno de dois milhões de reais. Ambos foram flagrados, não com o dinheiro na cueca, como era costume, mas na mala, pois o volume era muito grande.
Para o Aécio, suspensão do mandato de senador e abertura de investigação e para o Temer abertura de processo de investigação.
Escândalo, correria de ministros e políticos, reuniões, convocação de advogados e especialistas, o Planalto está em polvorosa juntamente com o PSDB, PMDB e DEM.
O reflexo na economia foi imediato. O “mercado” entrou em pânico. A queda na bolsa ultrapassou os 10% acionando o “circuit break”, sistema automático que desliga o pregão quando a queda do Ibovespa ultrapassa os 10% e que só havia sido acionado na grande crise de 2008. O dólar teve a maior alta desde 1999. As empresas suspenderam a oferta de ações e emissões de bônus. Os fundos de investimentos anunciam prejuízos. O “mercado” mostra sinais de desespero: adeus reformas.
Estamos diante de um governo ilegítimo, impopular, corrupto, ameaçado de impeachment e obrigado a aprovar reformas que agridem toda a população, por um congresso desmoralizado e igualmente corrupto.
Tudo isso em um momento em que a economia patina, não conseguindo sair da maior crise que o país viveu nos últimos anos.
A política domina a economia. Sem uma solução política a situação econômica tenderá a deteriorar-se.


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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quarta-feira, 10 de maio de 2017

Queda da produção industrial em março reforça cenário de crise


Semana de 01 a 07 de maio de 2017

Rosângela Palhano Ramalho [i]

Caro leitor, o governo já determinou, sem qualquer base na realidade, que a única alternativa de salvação para o Brasil e sua economia está nas reformas. Alguns passos já foram dados. O projeto de terceirização foi aprovado, a Reforma Trabalhista segue no Senado e o governo continua a fazer as mais descaradas negociatas para conseguir os 308 votos para a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Empresários, economistas e o governo (amparado por um Congresso corrupto) fazem coro tentando convencer a população de que são os interesses das pessoas, e não os seus, que estão sendo garantidos mediante o arrocho nas contas e a flexibilização do mercado de força de trabalho.
O presidente Michel Temer minimizou a greve geral do dia 28 de abril e já afirmou que não recuará nas reformas. As centrais sindicais prometeram uma nova greve no mês de maio. Para recuperar sua popularidade e gerar a impressão de que resultados positivos já estariam sendo observados, vale tudo para o governo. Vale, inclusive, refazer os cálculos da Pesquisa Mensal do Comércio e da Pesquisa Mensal dos Serviços de janeiro. As vendas do varejo restrito saltaram de uma queda de 0,7% para crescimento de 5,5% e os serviços de uma queda de 2,2% para alta de 0,2%.
Mas, a realidade econômica não perdoa. E os analistas continuam “intrigados”, pois a recuperação não se consolida. A mais recente justificativa para o atraso na decolagem econômica vem do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE). Para o órgão, há ainda um elevado grau de incerteza, então as empresas não investem, não contratam, e os consumidores não compram. As incertezas seriam reduzidas, diz o governo, aplaudido pela maioria dos economistas, se as infames reformas fossem aprovadas. Assim, como num passe de mágica, teríamos aumento dos investimentos e do consumo.
Para a maioria dos analistas, a retomada econômica, embora lenta, já está em curso. Mas, a depender dos resultados de uma das fontes do investimento nacional, a reanimação não irá acontecer tão cedo. Segundo o Ministério da Fazenda, em virtude do contingenciamento, o investimento público caiu 61% no primeiro trimestre, quando comparado ao primeiro trimestre do ano passado. Já os investimentos privados acumularam queda de 25,9% nos últimos três anos. No que se refere a um período mais recente, contudo, o Indicador Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de Formação Bruta de Capital Fixo, em fevereiro, elevou-se 3,4% em relação a janeiro, quando havia caído 5,3%. O Ipea estima alta de apenas 0,1% do investimento em 2017.
Ouvidos pelo Jornal Valor Econômico, os economistas Armando Castelar, Daniel Leichsenring e Luiz Carlos Mendonça de Barros são unânimes em afirmar que a reanimação já está ocorrendo e que as incertezas políticas seriam o único impasse para que a fase se concretize. Preferimos observar outro fato da realidade, pois um novo balde de água fria foi jogado nestas previsões.
A “surpresa” da semana foi a queda de 1,8% da produção industrial em março, comparado a fevereiro deste ano. A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física do IBGE apurou queda em 15 dos 24 setores pesquisados. Na indústria de transformação, as maiores quedas aconteceram nos setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-23,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,5%) e combustíveis (-3,3%). Na apuração por categorias de uso, houve queda generalizada. A produção de bens de capital e de bens intermediários caiu 2,5%, a produção de bens duráveis desabou 8,5% e a de bens semiduráveis e não duráveis, 1,8%. O faturamento real do setor aumentou 2,4% em março, mas, pelo terceiro mês consecutivo, o emprego caiu, recuando em 0,2%.
Dessazonalizada, a produção industrial cresceu 0,7% quando comparada ao trimestre anterior, número que ficou bem abaixo das expectativas que ultrapassavam 1%. Esperamos que o governo não “recalcule” os números da indústria assim como o fez em janeiro com a Pesquisa Mensal do Comércio e a Pesquisa Mensal dos Serviços. Se assim o fizer, irá definitivamente enterrar a credibilidade do IBGE para mascarar os pífios resultados do primeiro trimestre.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br) Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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terça-feira, 2 de maio de 2017

Retomada não está ocorrendo






Semana de 10 a 16 de março de 2017

Nelson Rosas Ribeiro[i]
           
O Sinistro Meirelles ataca novamente. Ele sempre esquece as previsões anteriores que fez e, embora teime que a economia está em recuperação, promete que o emprego só será retomado no segundo semestre. Para ele, isso é normal, pois costuma haver sempre uma defasagem na recuperação do emprego em relação à da economia. Meirelles fez essa afirmação ao voltar de Washington onde andou conspirando com “grupos de investidores internacionais” nos últimos dias. Incrédulo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) promete enviar técnicos à Brasília para verificar, in loco, as ações encomendadas. O FMI preocupa-se com as concessões feitas na reforma da Previdência, entre outras. Por outro lado elogia a urgência adotada para as reformas trabalhistas.
O pronunciamento sobre o emprego veio em decorrência da divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua) feita na sexta-feira passada. Os desempregados que eram 13,5 milhões, em fevereiro, aumentaram para 14,2 milhões no trimestre até março. Este número é 14,9% superior ao trimestre anterior terminado em dezembro. É um recorde histórico desde 2012. Claro que a culpa não é da política econômica do governo Temer, mas da herança maldita dos governos anteriores. Além disso, há uma desculpa teórica. Trata-se de uma “recuperação sem emprego”, ou melhor, uma “jobless recovery”. Esta é uma novidade dos tempos atuais.
Para os analistas, as dúvidas sobre a recuperação permanecem. Os dados são contraditórios e a dificuldade aumenta com as alterações que estão ocorrendo no IBGE e Ipea. Há denúncias de manipulação dos cálculos para atender à demanda do governo de mostrar a recuperação prometida.
Mas a realidade continua embaraçosa. A arrecadação federal, por exemplo, depois de dois meses de alta voltou a cair, em março, atingindo o menor patamar desde 2010. A declaração do IRPJ/contribuição Social sobre o lucro líquido (CSLL) dos bancos caiu 52,8%, comparada a 2016. A arrecadação do PIS/Cofins teve queda de 4% no primeiro trimestre da mesma forma que o Cide-combustíveis e o IOF.
No setor bancário começam a cair os juros e a subir o número de operações. Estas alterações, embora consideradas incipientes, são motivo de comemorações. Em março, ante fevereiro, o estoque dos empréstimos e financiamentos cresceu 0,2% embora em 12 meses este número mostre recuo de 3,5%. Os dados do BNDES não são tão animadores apesar do banco falar em sinais insipientes de recuperação na demanda por recursos do banco. Mas os dados mostram que, em comparação com 2016 esta demanda foi 17% menor. As consultas caíram 10% e os enquadramentos, 17%.
Voltando à economia, o setor de papelão e celulose comemora sinais regulares de retomada, mas o setor siderúrgico reage fortemente contra a política do governo de recisão das cláusulas do conteúdo local para os financiamentos e compras estatais. O presidente executivo do Instituto do Aço Brasil propõe que o governo assuma a defesa da indústria nacional imitando os EUA com o lema “buy brazilian”. Marco Polo Lopes afirma taxativamente que a “Retomada não ocorreu, não está ocorrendo e não ocorrerá ainda em 2017”.
Dentro do próprio governo a Caixa Econômica Federal manifesta sua preocupação com a reforma trabalhista, pois pode reduzir a receita do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) prejudicando o financiamento da casa própria com consequências para a construção civil.
Fora do governo as manifestações se multiplicam. A greve geral do dia 28 uniu todas as centrais sindicais de trabalhadores, a Igreja católica pela voz da CNBB e de muitos bispos arcebispos e padres, várias igrejas evangélicas, os movimentos sociais e populares, artistas, profissionais liberais, professores e muitas empresas.
Tudo isso ocorre quando a desaprovação ao governo Temer atinge um ponto ainda mais elevado. Segundo a Ipsos, em pesquisa realizada no início de abril, 87% dos brasileiros desaprovam a forma de Temer governar. A aprovação do governo caiu de 17% para 10%. Apenas 4% da população julga a administração boa ou ótima enquanto 75% a consideram ruim ou péssima.
O desespero do governo é visível. Só lhe resta o apoio de parte da classe empresarial e de um congresso comprado, considerado o mais corrupto de todos os tempos. O próprio governo, ameaçado pela Lava-Jato, afoga-se na corrupção. Para mostrar serviço precisa aprovar urgentemente as suas reformas encomendadas pelos seus financiadores e que representam o maior retrocesso nas conquistas obtidas pelos trabalhadores nos últimos 70 anos.
Se o sistema aguentar até 2018 é preciso que o povo lhes dê o troco. Será a “volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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