quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Presidente egoísta, cínico, fraco, corrupto, sujo, desonesto,...


Semana de 01 a 07 de janeiro de 2018


Nelson Rosas Ribeiro[i]

           
As notícias que chegam do resto do mundo dão conta de que 2017 foi um ano excepcional, “o mais positivo para os mercados na história”. Comenta-se que “o crescimento mundial foi surpreendentemente forte e sincronizado”, com baixa inflação, forte liquidez e políticas monetárias expansivas. Há quem afirme que as fábricas “trabalham no limite de suas capacidades” para atender à demanda crescente. Essas afirmações são apoiadas pelos movimentos das bolsas de valores de todo o mundo que batem sucessivos recordes de alta.
Há um ambiente de euforia na economia mundial apesar dos atentados terroristas, das levas de refugiados, das mortes provocadas pelo Estado Islâmico, talibãs, Boko Haram, etc., da estupidez do grotesco governo Trump e da ameaça atômica dos mísseis da Coreia do Norte.
Por cá, mais uma vez, apesar da paz interna, estamos perdendo o bonde da economia que sobe ladeira acima. Para isto, contamos com a preciosa ajuda da equipe econômica do governo Temer, a “equipe dos pesadelos”.
Aliás, é difícil se imaginar um governo tão corrupto e incompetente como o atual. Transcrevo aqui o comentário de um analista político que bem retrata a situação: “No Brasil um bandido indica filha bandida que é substituída por bandido molestador de menor apoiada por presidente bandido”. Diga-se que a posse da ministra objeto da referência foi suspensa pela Justiça, por enquanto.
A situação é de tal ordem que uma recente pesquisa feita pela “Ideia Big Data” constatou que a figura do presidente não tem nenhuma conexão “com qualquer aspecto que poderia ser considerado positivo”. Ele é considerado “com falta de credibilidade, inseguro, esnobe, sem carisma, egoísta, cínico, irritante, antiético, manipulador, desonesto,” além de “fraco, egoísta, corrupto, sujo e tomador de medidas impopulares”. O público alvo pertence às classes C e D e representa 48% do eleitorado. O diretor da empresa que fez a pesquisa, Mauricio Moura, declarou: “Não há a menor condição de alguém apoiado por Temer vencer”. “Não querem Temer nem qualquer aliado dele”.
Apesar disso, a recuperação da economia brasileira, embora tardia e lenta, continua a ser vista através de indicadores de conjuntura. Segundo o economista Gustavo Loyola trata-se de uma “recuperação cíclica” que poderá ser abortada por fatores políticos como a eleição de alguém que não tenha “responsabilidade macroeconômica” para manter as reformas e o equilíbrio fiscal. Na verdade há alguns indicadores que mostram a tal “recuperação cíclica”, embora propositalmente exagerados.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave) está otimista com as possibilidades das vendas em 2018. Em 2017, eles apontam que elas cresceram 9,23%. O presidente Alarico Assunção Junior está exultante com esse número que ele considera “recuperação fenomenal extraordinária” embora muito distante dos patamares de 2012 e 2013. Os executivos em geral mostram-se otimistas. 47% deles confiam no crescimento da economia e 84% no bom desempenho de suas empresas. Lamentavelmente, o IBGE divulgou que a produção industrial, entre outubro e novembro, cresceu apenas 0,2%. Desde maio (crescimento de 1,4%) que o crescimento se mantém, mas a taxas decrescentes.
A queda do desemprego de 13,7% para 12% também não deixa muito para comemorar, pois os novos empregos criados são informais, resultado da capacidade do brasileiro de “se virar” para não morrer de fome.
O que preocupa é que, enquanto a nossa lenta recuperação se arrasta, analistas internacionais alertam para nuvens que se formam no horizonte: “há exagero no otimismo, onde há espaço para o desconhecido”. Dirigentes de grandes bancos afirmam que “tanta exuberância nos mercados e tanta liquidez por tanto tempo na praça global é uma história que não acabará bem”.
Considerando-se que estamos em 2018, 10 anos após a crise de 2008, e que desde os anos 70 que o ciclo tem tido periodicidade de 10 anos, será que estão levando a sério a ideia de que a economia é cíclica?
Ou será que o “instinto animal” deles lhes permite farejar acontecimentos que os economistas de determinadas correntes teóricas não podem admitir?


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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