sábado, 6 de setembro de 2025

O MERCADO DO CRIME

Semana de 25 a 31 de agosto de 2025

   

Paola Teotônio Cavalcante de Arruda[i]

 

As últimas notícias brasileiras têm exposto algo maior que um caso policial: um “choque de real” sobre como fluxos ilícitos vêm atravessando setores-chave da economia formal. O esquema, revelado na semana passada, em uma das maiores operações já realizadas contra o crime organizado no Brasil, mobilizou 1,4 mil agentes da Polícia Federal, do Ministério Público de São Paulo e da Receita Federal, em oito estados, refletindo a dimensão da rede criminosa. Segundo as investigações, a estrutura de lavagem de dinheiro do PCC envolvia 1,2 mil postos de combustível, 42 fundos de investimento, fintechs e usinas de etanol. Assim, a nova “indústria do crime” movimentou cerca de 140 bilhões de reais em cinco anos, conferindo aparência de legalidade aos recursos obtidos com o tráfico e outras atividades ilícitas.

Esse movimento revela, em verdade, um fio condutor baseado na financeirização e na busca por escala, cuja lógica empresarial é apropriada para dar aparência de legalidade ao capital do crime, afetando a concorrência, elevando riscos institucionais e contaminando mecanismos de intermediação financeira e produtiva. O esquema demonstra método, sofisticação e normalização do dinheiro do crime dentro de engrenagens reguladas, operando com eficiência mercadológica e aproveitando brechas de governança e fiscalização. O efeito macroeconômico? Aumento do risco institucional, elevação dos prêmios de risco setoriais, contaminação de preços e erosão da confiança nos mecanismos de intermediação financeira e produtiva.

A grosso modo, caro leitor, é a “mão invisível” do livre mercado auxiliando a institucionalização e a complexificação de facções como o PCC no Brasil. Há quem diga, em momentos de loucura, ignorância ou desonestidade, que é a esquerda a maior apoiadora da criminalidade no país. Pois bem, não foi o que revelou a investigação da Polícia Federal. Muito pelo contrário, toda essa situação demonstrou como a própria estrutura do crime se ampara nos mecanismos de mercado para florescer.

Foi assim que o crime organizado conseguiu se infiltrar no coração do sistema financeiro brasileiro. Dos 350 alvos, 42 mantinham escritórios na Avenida Faria Lima, epicentro do mercado de capitais do país, sinalizando a sofisticação e o alcance da rede criminosa. De acordo com a PF, o esquema era liderado por Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo, empresários do setor de combustíveis em São Paulo, tendo como peça central a BK Instituição de Pagamento, conhecida como BK Bank, que servia como principal canal de bancarização e circulação dos recursos ilícitos. As investigações também apontam que a facção adquiriu usinas de etanol e teria envolvimento em incêndios criminosos em canaviais, que causaram prejuízos milionários a concorrentes, ampliando ainda mais seu controle sobre a cadeia sucroenergética.

Para o terror da extrema direita, a atuação do governo federal, sob a liderança de Lula, mostra que o crime organizado deve ser combatido de forma coletiva e coordenada. Sem slogans megalomaníacos, sem discurso violento, sem instrumentalização do ódio, o governo combate o cérebro do crime como ele deve ser combatido: com estratégia. Ao conduzir uma operação de grande escala, o Planalto demonstrou compromisso sério e estruturado no combate ao PCC e a outros ilícitos, reforçando a presença do Estado em setores estratégicos da economia.

Além disso, a ação envia um recado claro ao cenário internacional, sinalizando ao governo americano que o Brasil não é omisso diante das organizações criminosas e que está preparado para enfrentar os desafios da segurança nacional. A combinação de medidas firmes e visibilidade estratégica fortalece a credibilidade do país no combate ao crime e reafirma a centralidade do governo federal na proteção das instituições e da ordem econômica, sem abertura de margem para ingerências externas. Com determinação e ação coordenada, o Brasil mostra que é possível vencer o crime organizado e construir um futuro mais seguro e justo para todos.


[i] Pesquisadora do PROGEB e Graduada em Relações Internacionais (UFPB). (paolatc.arruda@gmail.com). Colaboraram:  Antonio Queirós, Bruno Lins, Julia Dayane, Lara Souza, Nelson Rosas e Ryann Félix .

  

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