Semana de 25 a 31 de agosto de 2025
Paola Teotônio Cavalcante de Arruda[i]
As últimas notícias brasileiras têm exposto
algo maior que um caso policial: um “choque de real” sobre como fluxos ilícitos
vêm atravessando setores-chave da economia formal. O esquema, revelado na
semana passada, em uma das maiores operações já realizadas contra o crime
organizado no Brasil, mobilizou 1,4 mil agentes da Polícia Federal, do
Ministério Público de São Paulo e da Receita Federal, em oito estados,
refletindo a dimensão da rede criminosa. Segundo as investigações, a estrutura
de lavagem de dinheiro do PCC envolvia 1,2 mil postos de combustível, 42 fundos
de investimento, fintechs e usinas de etanol. Assim, a nova “indústria do
crime” movimentou cerca de 140 bilhões de reais em cinco anos, conferindo
aparência de legalidade aos recursos obtidos com o tráfico e outras atividades
ilícitas.
Esse movimento revela, em verdade, um fio
condutor baseado na financeirização e na busca por escala, cuja lógica
empresarial é apropriada para dar aparência de legalidade ao capital do crime,
afetando a concorrência, elevando riscos institucionais e contaminando
mecanismos de intermediação financeira e produtiva. O esquema demonstra método,
sofisticação e normalização do dinheiro do crime dentro de engrenagens
reguladas, operando com eficiência mercadológica e aproveitando brechas de
governança e fiscalização. O efeito macroeconômico? Aumento do risco
institucional, elevação dos prêmios de risco setoriais, contaminação de preços
e erosão da confiança nos mecanismos de intermediação financeira e produtiva.
A grosso modo, caro leitor, é a “mão
invisível” do livre mercado auxiliando a institucionalização e a
complexificação de facções como o PCC no Brasil. Há quem diga, em momentos de
loucura, ignorância ou desonestidade, que é a esquerda a maior apoiadora da
criminalidade no país. Pois bem, não foi o que revelou a investigação da
Polícia Federal. Muito pelo contrário, toda essa situação demonstrou como a
própria estrutura do crime se ampara nos mecanismos de mercado para florescer.
Foi assim que o crime organizado conseguiu
se infiltrar no coração do sistema financeiro brasileiro. Dos 350 alvos, 42
mantinham escritórios na Avenida Faria Lima, epicentro do mercado de capitais
do país, sinalizando a sofisticação e o alcance da rede criminosa. De acordo
com a PF, o esquema era liderado por Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo, empresários do setor de
combustíveis em São Paulo, tendo como peça central a BK Instituição de
Pagamento, conhecida como BK Bank, que servia como principal canal de
bancarização e circulação dos recursos ilícitos. As investigações também
apontam que a facção adquiriu usinas de etanol e teria envolvimento em
incêndios criminosos em canaviais, que causaram prejuízos milionários a
concorrentes, ampliando ainda mais seu controle sobre a cadeia sucroenergética.
Para o terror da extrema direita, a atuação
do governo federal, sob a liderança de Lula, mostra que o crime organizado deve
ser combatido de forma coletiva e coordenada. Sem slogans megalomaníacos, sem
discurso violento, sem instrumentalização do ódio, o governo combate o cérebro
do crime como ele deve ser combatido: com estratégia. Ao conduzir uma operação
de grande escala, o Planalto demonstrou compromisso sério e estruturado no
combate ao PCC e a outros ilícitos, reforçando a presença do Estado em setores
estratégicos da economia.
Além disso, a ação envia um recado claro ao
cenário internacional, sinalizando ao governo americano que o Brasil não é
omisso diante das organizações criminosas e que está preparado para enfrentar
os desafios da segurança nacional. A combinação de medidas firmes e
visibilidade estratégica fortalece a credibilidade do país no combate ao crime
e reafirma a centralidade do governo federal na proteção das instituições e da
ordem econômica, sem abertura de margem para ingerências externas. Com
determinação e ação coordenada, o Brasil mostra que é possível vencer o crime
organizado e construir um futuro mais seguro e justo para todos.
[i] Pesquisadora do PROGEB e Graduada em Relações Internacionais (UFPB). (paolatc.arruda@gmail.com). Colaboraram: Antonio Queirós, Bruno Lins, Julia Dayane, Lara Souza, Nelson Rosas e Ryann Félix .
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