Semana de 02 a 08 de abril de 2018
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Foi divulgada no dia 5 passado mais uma
pesquisa de opinião sobre o governo Temer. Desta vez foi feita pelo Ibope por
encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A comparação
dezembro-março derrubou as esperanças do governo de melhorar sua imagem. Os que
consideravam o governo ótimo ou bom diminuiu de 6% para 5%. Os que confiam no
presidente foram reduzidos de 9% para 8% e os que aprovam o modo de governar se
mantiveram nos 9%. Em relação às políticas praticadas, as percentagens de
desaprovação foram: 85% para o combate ao desemprego e 80% pra o combate à
inflação. Até em relação ao combate à insegurança, última aposta do governo
para melhorar a imagem, a desaprovação foi de 84%.
Mesmo com este quadro Temer mantém sua
intenção de apresentar seu nome como candidato à reeleição, contrariando as
aspirações do ministro Meirelles que se afastou do cargo para se tornar
elegível e se filiou ao MDB com este objetivo.
Outro acontecimento importante da semana
foi a condenação do ex-presidente Lula e a rejeição do habeas corpus (HC)
solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar sua prisão, decretada
açodadamente pelo juiz Moro. O país assistiu ao espetáculo dos protestos no
sindicato dos metalúrgicos no ABC em São Paulo e ao cumprimento do mandado de
prisão. As organizações de direita e a conservadora classe empresarial
deliraram de satisfação e comemoraram festivamente o acontecimento.
A controversa decisão do STF sobre o HC
negado ao Lula foi tomada sob grande pressão e demonstrou que o estandarte do
bloco “Sanatório Geral”, anunciado em nossa Análise anterior, já está
efetivamente passando. A ala verde oliva, saudosa dos velhos tempos de 1964,
tenta espaço na comissão de frente “... com a espada ao lado, a sela equipada,
o cavalo trabalhado”, à espera das ordens do comandante, segundo as palavras do
general da reserva Paulo Chagas.
Assim foi o clima de pressão em que o STF,
pelo apertado placar de 6 a 5, decidiu recusar o HC que impediria a prisão de
Lula.
Os acontecimentos políticos, longe de
trazerem estabilidade para a preparação das eleições e criarem um ambiente mais
favorável para a retomada da economia, estão trazendo mais ódios, conflitos e
revoltas e, certamente, a situação tende a se agravar afetando a atividade
econômica, que continua a se arrastar.
Se, por um lado, as vendas no setor de
supermercados caíram 4,28% em fevereiro, em relação a janeiro, as vendas de
máquinas agrícolas apresentaram recuperação de 46,8%, em março, em relação a
fevereiro.
No que se refere à indústria continua o
travamento. Entre janeiro e fevereiro, o crescimento da produção foi de apenas
0,2%. No setor extrativo a queda foi de 5,2%. Os dados da indústria e dos
serviços indicam que no primeiro trimestre o crescimento do PIB será menor que
o previsto (0,7% segundo o Ibre-FGV). A esperança é que o setor agropecuário
possa compensar a desaceleração.
Os empresários queixam-se dos bancos e das
taxas de juros. Apesar da queda da taxa Selic para 6,5%, os bancos mantêm seus
spreads elevados o que provoca a elevação das taxas cobradas das empresas e dos
consumidores. Segundo o Banco Central (BC), o spread médio subiu 1,2%, em
fevereiro, atingindo 34,1%.
Enquanto isso, fora dos holofotes, o
congresso derrubou todos os 24 vetos do governo ao Refis do Fundo de
Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) aprovado anteriormente. Com isto, o
Refis do Funrural tornou-se o mais generoso da história dos parcelamentos de
débitos tributários. Os benefícios concedidos abrangem descontos totais de
juros, de multas e encargos, e redução para 2,5%, do total da dívida, do
percentual de entrada, para o início do pagamento das parcelas mensais. A
expectativa de renúncia fiscal, que era de 7,5 bilhões, sem os vetos, passou para
R$ 15 bilhões. A estimativa de arrecadação federal baixou de R$ 8,5 bilhões
para R$ 2 bilhões.
E tudo isto quando se fala e berra sobre o
rombo da previdência.
Ai que vida boa ô lê lê... o estandarte do
“Sanatório Geral” está passando.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia
Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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