quarta-feira, 11 de abril de 2018

Está passando o estandarte do bloco “Sanatório Geral”


Semana de 02 a 08 de abril de 2018

Nelson Rosas Ribeiro[i]
           
Foi divulgada no dia 5 passado mais uma pesquisa de opinião sobre o governo Temer. Desta vez foi feita pelo Ibope por encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A comparação dezembro-março derrubou as esperanças do governo de melhorar sua imagem. Os que consideravam o governo ótimo ou bom diminuiu de 6% para 5%. Os que confiam no presidente foram reduzidos de 9% para 8% e os que aprovam o modo de governar se mantiveram nos 9%. Em relação às políticas praticadas, as percentagens de desaprovação foram: 85% para o combate ao desemprego e 80% pra o combate à inflação. Até em relação ao combate à insegurança, última aposta do governo para melhorar a imagem, a desaprovação foi de 84%.
Mesmo com este quadro Temer mantém sua intenção de apresentar seu nome como candidato à reeleição, contrariando as aspirações do ministro Meirelles que se afastou do cargo para se tornar elegível e se filiou ao MDB com este objetivo.
Outro acontecimento importante da semana foi a condenação do ex-presidente Lula e a rejeição do habeas corpus (HC) solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar sua prisão, decretada açodadamente pelo juiz Moro. O país assistiu ao espetáculo dos protestos no sindicato dos metalúrgicos no ABC em São Paulo e ao cumprimento do mandado de prisão. As organizações de direita e a conservadora classe empresarial deliraram de satisfação e comemoraram festivamente o acontecimento.
A controversa decisão do STF sobre o HC negado ao Lula foi tomada sob grande pressão e demonstrou que o estandarte do bloco “Sanatório Geral”, anunciado em nossa Análise anterior, já está efetivamente passando. A ala verde oliva, saudosa dos velhos tempos de 1964, tenta espaço na comissão de frente “... com a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhado”, à espera das ordens do comandante, segundo as palavras do general da reserva Paulo Chagas.
Assim foi o clima de pressão em que o STF, pelo apertado placar de 6 a 5, decidiu recusar o HC que impediria a prisão de Lula.
Os acontecimentos políticos, longe de trazerem estabilidade para a preparação das eleições e criarem um ambiente mais favorável para a retomada da economia, estão trazendo mais ódios, conflitos e revoltas e, certamente, a situação tende a se agravar afetando a atividade econômica, que continua a se arrastar.
Se, por um lado, as vendas no setor de supermercados caíram 4,28% em fevereiro, em relação a janeiro, as vendas de máquinas agrícolas apresentaram recuperação de 46,8%, em março, em relação a fevereiro.
No que se refere à indústria continua o travamento. Entre janeiro e fevereiro, o crescimento da produção foi de apenas 0,2%. No setor extrativo a queda foi de 5,2%. Os dados da indústria e dos serviços indicam que no primeiro trimestre o crescimento do PIB será menor que o previsto (0,7% segundo o Ibre-FGV). A esperança é que o setor agropecuário possa compensar a desaceleração.
Os empresários queixam-se dos bancos e das taxas de juros. Apesar da queda da taxa Selic para 6,5%, os bancos mantêm seus spreads elevados o que provoca a elevação das taxas cobradas das empresas e dos consumidores. Segundo o Banco Central (BC), o spread médio subiu 1,2%, em fevereiro, atingindo 34,1%.
Enquanto isso, fora dos holofotes, o congresso derrubou todos os 24 vetos do governo ao Refis do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) aprovado anteriormente. Com isto, o Refis do Funrural tornou-se o mais generoso da história dos parcelamentos de débitos tributários. Os benefícios concedidos abrangem descontos totais de juros, de multas e encargos, e redução para 2,5%, do total da dívida, do percentual de entrada, para o início do pagamento das parcelas mensais. A expectativa de renúncia fiscal, que era de 7,5 bilhões, sem os vetos, passou para R$ 15 bilhões. A estimativa de arrecadação federal baixou de R$ 8,5 bilhões para R$ 2 bilhões.
E tudo isto quando se fala e berra sobre o rombo da previdência.
Ai que vida boa ô lê lê... o estandarte do “Sanatório Geral” está passando.


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

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