sábado, 25 de abril de 2009

Charge


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa bateram boca nesta quarta-feira no plenário do tribunal. Barbosa acusou o presidente da Corte de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira" durante o julgamento de duas ações --referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro privilegiado. Veja o vídeo da discussão.
"Vossa excelência me respeite. Vossa Excelência está destruindo a Justiça deste país e vem agora dar lição de moral em mim. Saia à rua, ministro Gilmar. Faça o que eu faço", afirmou Barbosa.
Em resposta, Mendes disse que "está na rua". Barbosa, por sua vez, voltou a atacar o presidente do STF. "Vossa Excelência não está na rua, está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro."
"É uma intervenção normal regular. A reação brutal, como sempre, veio de Vossa Excelência. Eu simplesmente chamei a atenção da Corte para as consequências dessa decisão", afirmou Barbosa.

Trecho retirado de:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u554762.shtml

Esta charge do Solda foi feita originalmente para o


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segunda-feira, 20 de abril de 2009

A nova obsessão do Presidente Lula

Semana de 06 a 12 de abril de 2009

Na primeira quinzena de abril, a mudança da presidência do Banco do Brasil, foi o assunto que mais se destacou no cenário econômico do país. Na verdade, as razões para a saída de Antonio Francisco Lima Neto, da presidência da instituição, é que provocaram mais polêmica. Conforme a Gazeta Mercantil (9, 10, 11 e 12/04/2009), a principal delas foi a resistência de Antonio Lima, aos pedidos do presidente Lula, para reduzir o spread bancário (a diferença entre os juros que os bancos pagam aos aplicadores e o que cobram dos tomadores).
Ainda, segundo a Gazeta Mercantil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o novo presidente da instituição, Aldemir Bendine, assumirá o posto com um contrato de gestão específico cuja finalidade é “adotar uma política de crédito mais ousada e agressiva, para reduzir os juros e ganhar clientes”.
Acossado pela iminência real e imediata de uma recessão no país, na segunda metade do mandato, e como a escassez do crédito no mercado continua, apesar das medidas já tomadas, a equipe do presidente Lula vê-se na situação de pressionar o setor bancário considerado até agora como blindado.
Conforme dados do Banco Central, em média, os bancos pagavam 13,9% ao ano para captar recursos e cobravam 44% ao ano para emprestar. Esta diferença piorou nos últimos meses, com o agravamento da crise, apesar da queda da taxa Selic.


Taxas de juros e spread para pessoas jurídicas - Brasil(*)
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Taxas de juros e spread para pessoas físicas (*)
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Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que a taxa de juro real, praticada nas operações de crédito a pessoas físicas, no Brasil, chegou a ser quase 10 vezes maior do que a de outros países. O HSBC, por exemplo, cobra dos brasileiros 63,42%, enquanto dos ingleses cobra 6,6%. Já o Citibank cobra dos norte-americanos 7,28%, e 60,84%, dos brasileiros. O Itaú aplica juros de 63,25% e o Banco do Brasil, 25,25%. Dentre as razões para valores tão elevados, na concessão de empréstimos, os bancos alegam a taxa Selic e o forte recolhimento de depósitos compulsórios no Banco Central. A percentagem chega atingir 50% dos depósitos à vista.
O estudo do IPEA revela, porém, uma outra razão: a monopolização do setor causada pela concentração do sistema bancário. Entre 1996 e 2006, a participação dos 20 maiores bancos em operação, no país, saltou de 72% para 86%. E a grande maioria das instituições concentra-se nas regiões Sul e Sudeste.
Diante de tamanha usura praticada há tanto tempo por bancos públicos e privados, nacionais ou não, por que só agora o governo brasileiro começa a bater o pé?

Brasil: evolução da participação dos 20 maiores bancos no total dos ativos dos bancários (*)
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O que se sabe é que a redução do spread bancário é considerada uma “obsessão” do presidente Lula, e que o novo gestor do Banco do Brasil, instituição do Estado com acionistas privados, será mais obediente quanto às determinações do governo.
A obsessão do presidente não é destituída de fundamentos. Com efeito, a situação econômica continua a agravar-se. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) aponta que, em fevereiro deste ano, em comparação a igual período em 2008, o faturamento das empresas caiu 10% e o nível de emprego recuou 1,5%. No primeiro bimestre, 15 segmentos industriais tiveram faturamento reduzido. As maiores quedas setoriais ocorreram na metalurgia básica (-42,6%) e nos produtos químicos (-20,7%). Contudo, o que preocupa os analistas é o baixo índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que, em fevereiro, ficou em 77,8%, o pior resultado desde julho de 2003.

Pessoal ocupado e produção industrial - Brasil (*)
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O economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, acredita numa possível recuperação, no segundo semestre, a partir de julho. Mesmo assim, há o temor de que essa inflexão não ocorra. “Se o restante do ano repetir o mau desempenho registrado no primeiro bimestre de 2009 será um desastre para a indústria brasileira”, informa Castelo Branco.
A sensação de insegurança acerca da extensão da crise econômica no Brasil é partilhada pelos líderes executivos de 15 empresas com faturamento anual de ate R$ 1,5 bilhão. A pesquisa da Ernst&Young verificou que 53% dos entrevistados pretendem reduzir os investimentos e 47% estão prevendo diminuir os postos de trabalho nos próximos meses. Apesar da metade dos entrevistados confiar que serão capazes de manter ou melhorar os resultados deste ano, para 73% deles a desaceleração econômica deve manter-se nos próximos 12 a 24 meses.
A queda da demanda levou o setor da fundição a cortar pela metade os investimentos previstos até 2012. O tombo do setor aconteceu em novembro e dezembro do ano passado, quando as encomendas caíram 70% em comparação ao último bimestre de 2007.
O setor de fundição tem a maior parte de sua produção vendida para as empresas da cadeia automotiva. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de automotivos recuou 24,1% no primeiro bimestre do ano. Apesar da reação nas vendas dos veículos leves no Brasil, a partir de fevereiro e março, outros segmentos, como de ônibus, caminhões e máquinas agrícolas, tiveram desempenho muito ruins.
Para Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil, uma das poucas montadoras de carros a enfrentar a situação econômica sem maiores prejuízos, só a redução de impostos não ajuda o mercado, e o que garantirá a movimentação do setor automotivo, nos próximos meses, será a linha de crédito mais acessível ao consumidor.
Desde o início do ano, o governo federal resolveu reduzir os impostos para a atividade econômica não cair. Isentou os automóveis e a construção civil do IPI, e prorrogou esta isenção até junho próximo. A ação deu certo fôlego para a produção, como mostra o aumento das vendas de automóveis, referido anteriormente, mas, por outro lado, contribuiu diretamente para a queda na arrecadação dos tributos, o que reduziu a receita dos municípios.
Sabendo de sua importância nas próximas eleições presidenciais, de imediato, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) protestou contra a queda de 14,5%, dos recursos do Fundo de Participação Municipal, em março. Dois impostos federais, o Imposto de Renda e o IPI, são responsáveis por 22,5% dos recursos do Fundo.
Pelo visto, nos próximos meses, muitas outras obsessões deverão preocupar o presidente Lula e sua equipe.

Texto escrito por:
Maria Carolina Costa Madeira: Jornalista, mestranda em Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira.
projeb@ccsa.ufpb.br

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Reunião do G20 enterra o Consenso de Washington

Semana de 30 de março a 05 de abril de 2009

Dentre os acontecimentos mais relevantes da semana de 30/03 a 05/4/2009, destacam-se as medidas debatidas e anunciadas pela reunião de cúpula do G20, grupo que reúne os 20 maiores países do mundo e que, juntos, representam 85% do PIB global. Esse foi mais um passo dado na direção de um plano geral capaz de articular a ação dos vários governos. Na reunião foi aprovado um pacote de US$ 1,1 trilhão para restaurar o crédito, o crescimento e os empregos. Trata-se de um plano, sem precedentes na história, que contempla, até o final do próximo ano, a quantia de US$ 5 trilhões e pretende fazer crescer em 4% a produção mundial.
A reunião do G20, que contou com momentos de fortes discussões e consequentes tensões, muito visíveis através das posturas do Presidente francês, Nicolas Sarkozy e da firme e contrária postura do Presidente americano, Barack Obama, conseguiu arrancar o compromisso das principais nações de usar incentivos fiscais, reduzir taxas de juros, pelo tempo que for necessário, recorrendo inclusive a instrumentos “não convencionais”.
O grau de intervencionismo alcançado, pelo menos nas intenções do G 20, pode ser sintetizado com a frase do ministro Guido Mantega: “Todos nós nos tornamos pós-keynesianos, e Keynes ficaria espantado com o tamanho das intervenções que estão sendo feitas”.
Na reunião, além do anunciado pacote financeiro, destacam-se as seguintes e importantes decisões:
  • pacote de US$ 250 biliões para financiar o comércio internacional;
  • fim do segredo bancário, com punições previstas para os paraísos fiscais que não respeitarem as novas regras;
  • registro obrigatório dos hedges funds e de seus gestores e compartilhamento das informações para avaliar o sistema financeiro;
  • destinar entre US$ 10 e US$ 15 biliões anuais para preservar as florestas tropicais.
Com essas decisões o G 20 confirmou o retorno do Estado forte, objetivamente deitando por terra o Consenso de Whashington.
Num momento muito infeliz, o Presidente Lula comparou o protecionismo, “com uma droga, que dá satisfação num primeiro momento e estragos depois…”
Momento feliz foi a mudança da posição do governo dos EUA, que durante os últimos 30 anos tinha a mesma tônica e agora, com Obama como Presidente, processa-se a uma grande inflexão. Obama aceitou o desafio de convencer os demais países, que embora o governo americano se comprometa com a retomada da economia, ele não idealiza um consumismo voraz nos EUA. Sabe-se que o mercado americano tem sido, ao longo da história contemporânea, uma espécie de tábua de salvação para os países que exportam ou procuram exportar para lá. Isso parece que pode mudar, embora o mercado americano continue a jogar o papel de grande líder e maior protagonista das soluções apontadas. A maior parte do dinheiro prometido pelo G-20, ainda não existe e certamente os Estados Unidos vão ter que o fabricar.
O professor da Yale School of Management, Jeffrey E. Garten, fez uma importante observação, que ilustra o tipo de mudança esperada para os rumos ainda mais intervencionists que serão seguidos pela economia mundial: "ficou cada vez mais patente, que deixamos que o capitalismo seguisse uma direção inconsequente”.
Nessa mesma semana, nos Estados Unidos, o mercado de trabalho perdeu mais de 742 mil postos, sendo o desemprego, o maior em 25 anos, com a taxa a atingir 8.5%; sendo que em sete estados americanos, Nevada, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Oregon,Michigan ( 12%),California, Rhode Island, essa taxa já é superior aos 10%. Do início da recessão até o final de 2007, o país já cortou 5,1 milhões de vagas.

Taxa de desemprego dessazonalizada - Estados Unidos (*)
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Muitos pais de família americanos pedem redução de pensões na Vara de família, um pouco por todo o país, enquanto o Presidente Obama dá um ultimato a GM e a Chrysler para apresentarem planos viáveis de recuperação. Tudo indica que se está a viabilizar a aliança entre a Chrysler e a Fiat, talvez mesmo uma fusão entre as duas gigantes. A Fiat já teve uma queda no valor de suas ações de 9,35%, certamente, como uma das consequências dos temores dos agentes econômicos sobre essa operação.
No Canadá, a Bombardier, uma das quatro maiores fábricas de aviões do mundo, anuncia que demitirá mais de 3.000 empregados, 10% de sua força de trabalho.
No velho continente, o Banco Central Europeu (BCE) fez um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juro, contrariando as expectativas dos analisas, de 0,50. Mesmo assim, colocou o juro da zona do euro em novo recorde mínimo, de 1,25% o que deve ajudar a manter a estabilidade dos preços na economia.

Taxa de juros para a União Européia(*)
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Na Ásia, excluindo o Japão, o PIB crescerá 3,4%, menos da metade da estimativa divulgada em setembro, que era de 7,2%, informou o Banco de Desenvolvimento da Ásia, através de um relatório. O Japão tem um segundo plano de retomada da economia, no momento em que sua economia vive a pior fase desde a segunda guerra mundial. O PIB do Japão despencou 12,1%, no último trimestre de 2008. Segundo a OCDE, em 2009, o PIB daquele país recuará 6,6%. Enquanto isso, a sua taxa de desemprego cresceu para 4,4%, em Fevereiro, se comparada com a de Janeiro, que era de 4,15%.
O BIRD e a OCDE anunciaram mais um corte nas projeções globais para 2009, de 1,7% abaixo do que fora previsto; os trinta países da OCDE terão redução de 4,3%, sendo que os países mais ricos terão queda na atividade económica, da ordem de 2,9%, e os países em desenvolvimento, terão forte desaceleração, embora a expectativa seja de que o crescimento permanecerá positivo, com 2,1%, contra os 5,8%, em 2008. O BIRD indica ainda uma queda histórica no volume do comércio mundial de bens e serviços. Comparado com 2008 o seu volume se reduzirá de 6,1%, representando a maior contração desde a grande depressão de 1929. Espera-se também uma recessão para o Leste Europeu e Ásia Central, sendo a previsão para a Rússia de –4,5% e para a Turquia, de -2,0%. Quanto à América latina e Antilhas, o PIB deve recuar 0,6%.
No Brasil, os destaques no setor industrial vão para a forte queda do preço do alumínio, o que provoca cortes na sua produção e para duas gigantes do ramo de alimentação (Sadia e Perdigão) que tentam negociar uma fusão. Noticia-se também a venda do controle da Medley, a maior produtora brasileira de medicamentos genéricos, para a francesa Sanofi-Aventis; o benefício fiscal concedido à Usiminas, que mantém investimento em Minas Gerais; e o corte de 11% do efetivo da Winnstal, pequena empresa nacional fornecedora da Embraer. Quanto ao comércio, anuncia-se que em São Paulo houve uma quebra de 3,2% no faturamento dos primeiros meses desse ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Todos os produtos que apresentaram retração estão ligados ao crédito, o que mostra o clima de incerteza dos consumidores. Excepção à regra é a venda de automóveis, que teve uma média diária de 12,6 mil veículos, 125 a mais que em igual mês do ano passado. Deve-se essa onda positiva à redução do IPI e da taxa de juros.
Em contra partida, o setor de bens de capital registrou uma queda de 24,4%, em Fevereiro, se comparado com o ano passado e tem o seu pior desempenho desde Março de 1996.
A Votorantin registrou um prejuízo líquido de R$ 970 milhões, no último trimestre de 2008. A Aracruz teve perdas de R$ 4 biliões e resolveu rever seus investimentos. Em geral, a produção industrial fraca sinaliza um crescimento zero do PIB no primeiro trimestre de 2009. O Banco Central já apresentou uma revisão das estimativas para o ano.
Por outro lado a queda na arrecadação e o aumento dos gastos redundaram em resultados negativos. A redução do superavit primário foi de 54%. Enquanto isso, continua a expectativa do governo de que o pacote fiscal, com a redução do IPI, prorrogada por três meses, continue seus efeitos positivos no mercado de automóveis e produza também bons efeitos no mercado de imóveis. No pacote fiscal, cresceu o IPI para a indústria de cigarros, o que leva os industriais do fumo a pedir uma revisão tributária. Dentre as medidas voltadas para a reanimação da economia está a facilidade, que o governo concede, na utilização do FGTS para a compra da casa própria. Ainda falou-se essa semana em outras medidas anticrise.
O Banco Central deve facilitar empréstimos de bancos a empresas no exterior.
Com tudo isso, no entanto, anuncia-se também a queda na popularidade do governo!

Texto escrito por:
Elivan Rosas Ribeiro: Professora da UFPB e pesquisadora do PROGEB- Projeto Globalização e Crise da Economia Brasileira
progeb.ccsa.ufpb.br

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Charge

"Nos últimos dois anos, tenho dito e repito hoje que estou preparado para que minha administração se comprometa com o governo cubano em uma ampla lista de temas, desde direitos humanos, liberdade de expressão e reforma democrática até drogas, migração e assuntos econômicos", disse o presidente americano, Barack Obama. "Mas serei claro: não estou interessado em falar por falar, mas acredito que podemos conduzir as relações entre Cuba e Estados Unidos a uma nova direção".
"Já mandamos dizer ao governo americano, inclusive em público, que estamos abertos a discutir tudo, direitos humanos, liberdade de imprensa, presos políticos, (...) mas isto deve ser em igualdade de condições, sem a menor sombra sobre nossa soberania e sem a mínima violação do direito a autodeterminação do povo cubano", disse Castro em Cumaná (leste da Venezuela), durante a reunião Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA).

Trecho retirado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u552600.shtml

Esta charge do Lézio Jr. foi feita originalmente para o
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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Crise é como resfriado

Semana de 23 a 29 de março de 2009

Absorvido o impacto causado pelas estatísticas do quarto trimestre de 2008, que mostraram uma situação preocupante, dois fatos marcaram a semana. O primeiro deles foi a divulgação dos resultados de uma sondagem de opinião que acusou uma queda na popularidade do governo. Embora ainda continue como o mais popular da história, a avaliação positiva (ótimo e bom) que representava 73% dos entrevistados, em dezembro, caiu para 64%, ou seja, uma queda de quase 10%. Por outro lado, a aprovação do presidente caiu de 84% para 78%. A crise e a ameaça de desemprego foram as principais causas apontadas pelas pesquisas. Finalmente, a população começa a descobrir os engodos que têm sido disseminados pelo Presidente Lula. O segundo acontecimento são os pronunciamentos do próprio presidente. O que causou mais comentários na imprensa internacional foi a responsabilização dos “brancos de olhos azuis”, pela crise. Mas o presidente, não satisfeito, em Pernambuco, foi mais além. Lá ele mudou de opinião reconhecendo que “existe uma crise e que ela é muito grave”, mas é como uma gripe. “Num cabra muito fino, deixa ele de cama. Num cabra macho ele vai trabalhar e não perde uma hora de serviço por causa de uma gripe”. E, depois de culpar “a irresponsabilidade do sistema financeiro internacional”, pela crise, ele apresentou sua proposta: “nós vamos enfrentar essa crise trabalhando, quanto mais crise, mais trabalho, quanto mais crise, mais investimentos”. Ele só esqueceu de dizer onde é que os desempregados vão trabalhar e quem fará os investimentos. Não explicou também porque, precisamente os criminosos por ele apontados, os bancos e os representantes do sistema financeiro internacional, são os mais favorecidos pela sua política econômica que garante, aos especuladores, as mais elevadas taxas de juros do mundo. Aliás, vale a pena uma correção. Não é a sua política econômica, mas a política econômica do governo anterior que ele aprimorou e ampliou. Em um seminário promovido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), no dia 24 passado, velhos conhecidos como Gustavo Franco e Pedro Malan, fiéis servidores do governo FHC, cansaram de discursar reivindicando a autoria e elogiando a maestria com que o saudoso Antônio Palocci a aplicou.
Não há como deixar de comentar também a última operação da Polícia Federal e do Ministério Público que enviaram para a prisão doleiros e diretores da Camargo Correia por suspeita de fraude e evasão de divisas. É claro que o poder judiciário, como sempre, correu solícito para libertar os trambiqueiros e o Ministro Gilmar Mendes rapidamente se pronunciou contra as arbitrariedades da Polícia Federal. Desculpem-me os leitores, mas é impossível não levantar suspeitas sobre o comportamento do poder judiciário, no país.
As notícias econômicas que enchem os jornais continuam a confirmar o agravamento da crise, no país e no mundo.
No Brasil, a inadimplência subiu de 4,6%, em janeiro, para 4,8%, em fevereiro, e o consumo de energia elétrica, também em fevereiro, caiu de 4,4%, em relação ao mesmo mês do ano passado. Foi o pior fevereiro desde 2002. No primeiro bimestre deste ano, em relação ao ano passado, as vendas de materiais de construção caíram 12%. Apenas em fevereiro, o faturamento do setor caiu 12,5%. Mais grave foi a queda no setor de máquinas. Ela atingiu 25,9%, no primeiro bimestre, em relação ao ano anterior e, só em janeiro, em relação a dezembro, a queda foi de 37,1%. Também no bimestre, o consumo aparente (vendas internas mais importação), caiu 9,4%. As dificuldades das empresas continuaram. Desta vez foi a Suzano Papel e Celulose que anunciou um prejuízo de R$ 451 milhões, em 2008.


Produção industrial de máquinas e equipamentos - Brasil(*)
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Faturamento real da indústria(*)
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Fonte: CNI - Indicadores Industriais

Em relação ao desemprego as demissões também continuaram. De janeiro para fevereiro, o desemprego aumentou de 1,3% com mais 229.000 desempregados, segundo dados do Dieese e da Fundação Seade. A percentagem da população economicamente ativa desempregada aumentou de 13,1%, para 13,9%. Em São Paulo, em fevereiro, a indústria cortou 27.354 postos de trabalho. As empresas que mais desempregaram foram as de médio porte. No bimestre, o estado já acumula 38.770 desempregados. É claro que, nessas horas, os empresários demitem os funcionários mais velhos, com maior escolaridade e principalmente com maiores salários. Empresas como a Bridgestone, além de criarem um programa de demissões voluntárias colocou 1.500 empregados em férias coletivas diante do aumento do estoque para 1,2 milhões de pneus. A Pirelli, também com seus depósitos cheios, resolveu reduzir durante dois meses a sua jornada de trabalho em 18% e os salários em 11%. Ela já havia concedido férias coletivas aos seus empregados desde 19 de fevereiro até 10 de março.

Pessoal Ocupado Assalariado - Brasil(*)
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O Banco Central, em sua pesquisa sobre o humor do mercado, divulgou que os cem agentes consultados estimam, para o ano de 2009, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,01% e que a produção industrial sofrerá uma retração de 2%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem opinião muito semelhante. Estima que o crescimento do país será zero e que a queda da produção industrial será de 2,8%. O nível de utilização da capacidade instalada que, em fevereiro de 2008, era de 81,9%, caiu para 77,6%. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também reduziu suas estimativas para o crescimento do PIB, de 1,9%, para 0,3%, enquanto aumentou a previsão da inadimplência de 4,9%, para 5,4%.
As medidas para enfrentar a crise, anteriormente chamada de marolinha, agora são tomadas às pressas. A proposta de construir um milhão de casas é uma delas. Embora não se saiba em quanto tempo e o plano não tenha saído do papel a propaganda já está nas ruas. A redução do IPI sobre materiais de construção vem no mesmo sentido. Também foi reduzido o IPI para a compra de veículos o que animou as vendas. O governo resolveu aumentar em duas parcelas o seguro desemprego o que ocorrerá já a partir deste mês.
No mundo, a situação também continua a se agravar. No Japão está prevista para o primeiro trimestre deste ano uma contração do PIB de 15,1%, o pior resultado desde 1945. A produção mundial da Toyota, em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado caiu 53%, a maior queda dos últimos 23 anos. A produção da Nissan Motor Co, a terceira maior montadora do país, caiu 51%. Ainda neste mês, as vendas despencaram nos seguintes ritmos: 40% na Toyota, 38% na Honda, 37% na Nissan. As exportações do país caíram, em fevereiro, 49,4% em relação a fevereiro de 2008. No terceiro trimestre do ano passado, o PIB caiu 12,1% e são esperados números ainda piores para o primeiro trimestre deste ano. Nos EUA, as vendas da General Motors caíram 53% e da Ford Motor, 48%. A gigante americana Nike, que é americana, mas não está nos EUA, pois tem 640 fábricas terceirizadas em todo o mundo (principalmente na China, Vietnã, Indonésia, Tailândia e Coréia do Sul), anunciou demissão de 1.400 empregados e cancelamento de encomendas em todo o mundo. A falida Ford que já vendeu as marcas Aston Martin, a Jaguar e a Land Rover agora negocia a venda da Volvo que igualmente vem registrando prejuízos.
No entanto, enquanto a crise abala os alicerces do mundo 25 grandes gestores continuaram a embolsar US$ 11,6 bilhões, entre os quais James H Simons ganhou US$ 2,5 bilhões, John A. Paulson embolsou US$ 2 bilhões e o conhecido George Soros, US$ 1,1 bilhão. Menos sorte tiveram os bilionários russos. Os 25 mais ricos do país perderam US$ 230 bilhões, no fim do ano passado. Oleg Deripaska, por exemplo, teve suas riqueza reduzida de US$ 28 bilhões, para modestos US$ 3,5 bilhões e Vladirir Potanin, dos US$ 19,3 bilhões que possuía, ficou com apenas US$ 2,1 bilhões. Além de provocar estas modestas perdas, estas épocas de crise expõem o lixo que existia debaixo do tapete. Em vários pronunciamentos o primeiro ministro britânico Gordon Brown, por um lado, e a ministra da Economia da Suíça, ajudada pelo presidente da Associação de Bancos Suíços e pelo secretário geral da Associação Suíça de Bancos Privados, trocaram acusações mútuas de abrigarem as maiores máquinas de lavagem de dinheiro sujo do mundo.
Em um quadro como este quem irá investir seriamente e em que porta os desempregados deverão bater a procura de trabalho? Brilhante é a solução apontada pelo Presidente Lula para enfrentar a crise! Tudo é uma questão de macheza.

Texto escrito por:
Nelson Rosas Ribeiro: Professor do Departamento de Economia da UFPB e coordenador do Progeb-Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira
progeb@ccsa.ufpb.br

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Charge

"O Brasil aceitou o convite feito pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para entrar no clube dos 47 países que são credores do Fundo, ou seja, que financiam regularmente as operações da entidade. O anúncio foi feito nesta quinta-feira pelo ministro Guido Mantega (Fazenda). 'O FMI está convidando o Brasil para fazer parte dos países que são credores. Eu aceitei hoje esse convite', disse o ministro."
Trecho retirado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u548522.shtml

Esta charge do Iotti foi feita originalmente para o
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quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Profundidade da Crise

Semana de 16 a 22 de março de 2009

Enquanto aguardamos a chegada ao fundo do poço e a retomada do crescimento, que a ela seseguirá, assistimos, dia após dia, uma avalanche de dados e informações sobre a situação econômica global, permeada por expectativas de uma taxa de crescimento cada vez menor, tanto para os países avançados, como para os países emergentes. A acelerada dinâmica de aprofundamento da crise dificulta significativamente a mensuração das perdas já ocorridas até agora, fazendo com que os números e cifras estejam sendo constantemente revisados. Não se sabe com exatidão o total dos prejuízos que os bancos obtiveram até o momento, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que as baixas contábeis das instituições financeiras se situam em torno de US$ 2,2 trilhões. Dos 3 trilhões de dólares em títulos de alto risco que existiam no mercado imobiliário dos Estados Unidos, apenas 1 trilhão foram contabilizados como perda, os outros 2 trilhões em papéis ainda estão à espera de uma operação de resgate, como a que foi recentemente anunciada pelo Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), na qual serão injetados 1 trilhão de dólares no mercado imobiliário, para a compra de títulos que já não valem nada e que de outra forma teriam de ser computados como perdas.
Diferentemente dos bancos norte americanos e europeus, os bancos brasileiros parecem não sentirem os impactos da crise. De acordo com cálculo divulgado pela consultoria Economática, Itaú, Banco do Brasil e Bradesco estão entre os cinco mais lucrativos das Américas. As três instituições ganharam espaço em relação ao ano passado, quando nenhuma delas aparecia entre as cinco primeiras do ranking. A revista Economist, declarou que os bancos HSBC e Citibank, que enfrentam problemas no resto do mundo, vão bem no Brasil, o que mais uma vez demonstra o privilégio e as vantagens que o capital financeiro encontra a sua disposição neste país.

Na Europa os números apontam um forte impacto negativo na produção industrial, que em janeiro registrou uma redução de 17,3% em comparação com igual período do ano passado. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em matéria publicada no dia 21 de março, esta queda na produção industrial lembra a grande depressão, iniciada com o estouro da bolsa de Nova York em 1929. De fato parece haver alguma semelhança!



Produção industrial para países selecionados (*)

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No campo das projeções, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em sua mais recente previsão, divulgou que o PIB europeu deverá decrescer 3,2%, em 2009. O FMI prevê ainda uma contração de 0,6% no PIB mundial. A estimativa anterior do organismo, divulgada em janeiro, apontava um crescimento de 0,5% da economia mundial. Já o Banco Mundial, revisou novamente para baixo a sua expectativa para o crescimento do PIB chinês, que passou de 7,5% para 6,5%, devido à redução das exportações, decorrente da queda da demanda mundial, fator que prejudicou os investimentos e o mercado de trabalho da China.
No Brasil o mercado cortou pela metade sua expectativa para o crescimento do PIB, neste ano. De acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, a previsão agora é de um tímido crescimento de 0,59%. Uma semana antes se esperava um crescimento de 1,2%. Entre os mais pessimistas, em relação ao crescimento da economia brasileira, está o banco Morgan Stanley, que prevê um encolhimento de 4,5% no PIB do país, em 2009. Por outro lado, as perspectivas de inflação continuam recuando, convergindo em direção ao centro da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5%. A estimativa de variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), agora é de 4,52% no ano, frente à projeção de 4,57% na semana anterior. Isto ajuda a garantir a estabilidade monetária, palavra de ordem do Banco Central brasileiro, mas não o crescimento da economia.
Apesar das expectativas de crescimento, cada vez menores, o presidente Lula, na sua buscaincessante por tentar manter o clima de otimismo, declarou que “enquanto a maioria dos países ricos mergulha na recessão, o Brasil vai continuar crescendo” e afirmou que o Brasil foi o último país a sofrer com a crise e será também o primeiro a sair dela. Entre os argumentos que serviram de base à sua previsão, o presidente citou o aumento do consumo de gás natural, de energia elétrica e da criação de empregos, em fevereiro, o que assinalaria um quadro de retomada do crescimento.

Com esta perspectiva talvez o jornal “Estado de S. Paulo”, pudesse publicar uma nova matériaintitulada: Queda da indústria na Europa lembra a depressão. No Brasil se está tentando esquecer que ela existe. O Emprego formal voltou a crescer no mês passado, puxado pelo setor de serviços, mas apesar da criação de mais de nove mil vagas, este ainda é o pior resultado para os meses de fevereiro, desde 1999. No primeiro bimestre do ano, o emprego acumula uma queda de 0,29%. Nos últimos 12 meses o emprego no Brasil perdeu 700 mil vagas. Diante disto, utilizar um dado mensal como este para forçar uma conclusão da existência de uma tendência de crescimento, como se observa em algumas notícias, além de ser precipitado e pouco prudente é de extrema má fé e parcialidade.

Taxa de desemprego para países selecionados(*)
* Para melhor visualização do gráfico clique sobre a imagem.

Texto escrito por:
Diego Mendes Lyra: Mestrando em economia, Professor Substituto do Departamento de Economia da UFPB e pesquisador do Progeb – Projeto globalização e crise na economia brasileira
progeb@ccsa.ufpb.br

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