quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Economia devagar por aqui e por lá

Semana de 04 a 10 de agosto de 2014


Raphael Correia Lima Alves de Sena[i]

Faltando menos de dois meses para as próximas eleições, os candidatos à Presidência da República seguem buscando apoio dos mais diversos setores da sociedade. Nessa semana, a batalha política foi encapada na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), onde os candidatos Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e, a atual presidente, Dilma Rousseff (PT) apresentaram suas propostas aos ruralistas. Neste embate, na opinião de participantes do evento, o senador tucano sagrou-se vencedor.
Enquanto a disputa pela futura administração do país segue seu curso, a realidade econômica vem apresentando uma série de dificuldades. O resultado da produção industrial (Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física), referente ao mês de junho, e divulgado pelo IBGE na semana passada, apontou recuo de 1,4% ante maio deste ano, feitos os ajustes sazonais. É o quarto mês seguido de queda desse indicador. A indústria de veículos continua a apresentar maus resultados. Apesar da redução do estoque, as montadoras ainda não atingiram o patamar considerado ideal, ocasionando a necessidade de adequação da produção. Nesse cenário, as empresas como Ford, Mercedes-Benz, Volkswagen, MAN e General Motors já recorrem, ou indicam que irão recorrer, ao conhecido “layoff”, regime que afasta os operários da produção por um prazo de até cinco meses, período em que parte dos seus salários é custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A Whirlpool, proprietária das marcas Consul, Brastemp e Kitchen Aid, que já havia concedido férias coletivas em junho, a uma parte de seus trabalhadores, estuda a possibilidade de decretá-las novamente. A Electrolux também concedeu férias coletivas no mesmo período.
No entanto, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de julho trouxe um alento ao governo. A inflação oficial foi de 0,01% no mês e no acumulado de 12 meses ela retornou ao teto da meta de 6,5%. As reduções dos preços das passagens aéreas e hotéis, que vinham aquecidos por conta da Copa do Mundo, tiveram significativa importância na desaceleração da inflação oficial.
Já na União Europeia a situação também não anda nada animadora. A Itália já se apresenta em um quadro de recessão, enquanto que as encomendas na Alemanha registram redução de 3,2%. Vale salientar que os germânicos, maior parceiro comercial da Rússia na Europa, vêm sendo bastante prejudicados com a crescente tensão política em torno da Ucrânia. Aproveitando-se da situação, o governo brasileiro já buscou uma aproximação comercial visando exportar alguns produtos alimentares para os russos.
A economia mundial ainda anda cambaleante, não apresentando uma efetiva recuperação da crise de 2008. Ao analisar os dados europeus da última semana, o economista-chefe do Commerzbank em Frankfurt, Jörg Krämer, teceu o seguinte comentário: “Os dados de hoje [semana passada] são um motivo sério de preocupação e confirmam que, no melhor dos casos, a recuperação na zona do euro ainda é lenta”. A União Europeia ainda espera que o pacote de medidas de estímulo anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE), há dois meses, surta efeito e coloque a economia do velho continente de volta nos eixos.
Por fim, vale registrar a inusitada notícia publicada pelo jornal Financial Times que indica uma queda de novas adesões ao Partido Comunista da China (PC). O que a primeira vista aparenta ser uma notícia comum, torna-se curiosa quando se busca descobrir o motivo dessa redução. Há vinte meses o presidente da China, Xi Jinping, iniciou um enfrentamento à corrupção em seu país e este é o motivo da diminuição no número de novos ingressantes no PC, pois essa cruzada reduziu a “atratividade” de se trabalhar para o Estado. Nas palavras do professor de política da Universidade de Renmin de Pequim, Zhang Ming, “sejamos francos, muitos jovens querem esses empregos no governo porque eles assim conseguem uma oportunidade de ganhar dinheiro com a corrupção”, situação que seria cômica se não fosse verdade.
Imagina se essa moda pega no Brasil?



[i] Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog