terça-feira, 10 de maio de 2016

A crise econômica se agrava

Semana de 02 a 08 de maio de 2016

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Caro leitor. A economia brasileira e mundial continua a afundar. O destaque está na falta de perspectiva de recuperação da economia global, principalmente pela divulgação dos resultados da indústria em abril. Nos Estados Unidos, Zona do Euro, Japão e China, o índice de gerentes de compras apurado pela Markit continua a apresentar queda.
Internamente, em meio às turbulências políticas, quase não se fala da crise econômica e o problema passou a ser encarado como questão do novo governo. Entretanto, o fenômeno está mais forte do que nunca e se manifesta através da queda dos indicadores da atividade econômica real.
No acumulado até abril deste ano, as vendas de automóveis caíram 25,7%. A General Motors demitiu 300 trabalhadores da fábrica de Gravataí, depois de terminado o período de lay-off. O terceiro turno de trabalho da fábrica já havia sido desativado e a companhia informou que como não houve recuperação do mercado as demissões representam a única saída.
O faturamento industrial voltou a cair. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em março, a queda foi de 1,2% se comparada a fevereiro. Houve também, pelo 14º mês consecutivo, queda do emprego de 0,6%. A utilização da capacidade instalada está em 77,4% e apresentou recuo de 0,3 ponto percentual frente a fevereiro. O gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, declarou que as projeções para este ano ainda são de queda e que é “... necessário um esforço urgente de retomada da atividade”, mas não disse de onde deve partir este “esforço”.
A Braskem, maior produtora de resinas das Américas, sofre com a falta de demanda interna e prevê queda de 7% das vendas em 2016. A saída segundo o seu presidente está na ampliação das exportações.
A Gafisa, uma das empresas líderes do mercado imobiliário comercial e residencial de médio e alto padrão apresentou prejuízo de 53,2 milhões de reais no primeiro trimestre.
No primeiro quadrimestre do ano, dispararam os pedidos de recuperação judicial. De acordo com a Serasa Experian, em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 97,6%. Já os pedidos de falência cresceram 4%.
O agravamento da situação econômica do país motivou os bancos Itaú e Bradesco, a aumentarem a reserva contra calote de grandes empresas. No Bradesco, as despesas com provisão para devedores duvidosos cresceram 52,2% no primeiro trimestre, comparadas ao mesmo período de 2015, e no Itaú, o aumento foi de 44%.
A crise se estende às empresas terceirizadas que prestam serviços ao setor público. As prestadoras que realizam a limpeza, jardinagem, segurança e alimentação que empregam milhões de trabalhadores, registram alta do desemprego com a queda da arrecadação que tem provocado atrasos dos pagamentos nas três esferas de governo.
Também no setor varejista, a situação se agrava. A Máquina de Vendas, terceiro maior grupo de varejo eletroeletrônico do país, fechará entre março e abril, de 100 a 130 pontos de vendas. Mesmo com receita bruta de R$ 8,5 bilhões em 2015 a empresa viu seu resultado desacelerar em torno de 10% sobre 2014.
Enquanto isso, os nossos representantes no Congresso, costuram os interesses próprios e de seus pares no sentido de abocanhar uma das fatias do bolo oferecidas em forma de ministério no próximo governo. Enquanto Michel Temer costurava a queda da presidente Dilma, certamente fatiou todo o governo em 21 pedaços, total de partidos que o acompanhou na empreitada do impeachment. Agora o vice, encontra dificuldades em manter o seu objetivo de cortar pelo menos 10 ministérios, já que com isso, perderia apoio político para votar as “reformas”. É o novo governo que se forma na base do velho troca-troca.

[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br) Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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