segunda-feira, 7 de abril de 2025

TRUMP, AS TARIFAS E AS GUERRAS

Semana de 24 a 30 de março de 2025

   

Nelson Rosas Ribeiro[i]

 

Está se tornando enfadonho falar sobre conjuntura. Não conseguimos fugir de dois assuntos que continuam perturbando a humanidade: as guerras da Ucrânia e de Israel. Todos os dias ouvimos a contagem dos mortos e a descrição das novas áreas destruídas. Na Ucrânia não se fala na participação da OTAN e dos países europeus e Estados Unidos, sem os quais a guerra já estaria encerrada. É muito cômodo para os sanguinários generais, poder travar uma guerra onde os outros morrem. E quem paga o preço desta desventura é o povo ucraniano ou o que resta dele.

Com a chegada de Trump ao poder, os europeus tiveram de meter a mão nos bolsos e estão sendo obrigados a financiar as despesas militares. Grande problema, pois, dão conta de que não têm condições nem financeiras, nem técnicas para aguentar o tranco. Serão obrigados a apertar o cinto de seus próprios povos que, certamente, não vão gostar. E esperamos que não tenham a tresloucada ideia de enviar tropas para a zona do conflito. De qualquer forma, desta área só poderemos esperar o agravamento da crise que passará para o campo da Economia.

A outra guerra, a de Israel, é ainda mais trágica. Não é propriamente uma guerra, é um massacre, um genocídio. E com Trump, a situação tornou-se ainda mais grave. O poder da colônia judaica no interior dos EUA mostra-se com toda clareza. Corre-se o perigo do extermínio de um povo, o povo palestino, o que aliás é um projeto de Israel já há muito tempo. Israel usa sofisticadas armas, fornecidas pelos americanos, para bombardear as ruínas. Torna-se mesmo difícil saber onde se escondem as pessoas, pois o que as reportagens mostram são só ruínas. Só vemos que ainda existem pessoas quando aparecem as cenas dos deslocamentos, ordenados pelas tropas de Israel, que empurram as populações de um lado para outro. Acho que querem saber se ainda há alguém vivo para lançar mais bombas. E, por incrível que pareça, enquanto sonha em limpar Gaza, eliminando as ruínas e o povo, para construir seu resort, começa a preparar a nova ofensiva contra o Irã. A desunião dos países árabes permite que esta atrocidade esteja sendo cometida, enquanto o resto do mundo assiste de braços cruzados. Afinal, são só algumas organizações terroristas, que precisam ser eliminadas.

Ao falar das guerras, tivemos de falar do Trump. Ele está tendo uma grande influência no prosseguimento delas. Mas o Trump tem seu brilho próprio. Sua política do MAGA tem consequências econômicas ainda mais importantes. Boa parte das tarifas começou a ser praticada agora, com maior intensidade. Os efeitos já estão sendo sentidos, e as retaliações estão sendo deflagradas. Só para citar uma delas, a retaliação do Canadá está tornando inviável o estado americano do Alaska, que está situado a milhares de quilômetros de distância do resto do país. A única ligação possível por terra é através de uma estrada, que corta o Canadá. As províncias atravessadas começaram a cobrar pedágio, encarecendo os fretes e provocando a elevação dos preços dos produtos transportados.

No Brasil, ainda não começamos a sentir os efeitos das tarifas Trump. O governo tem sido muito cauteloso no tratamento do assunto dos 10% sobre os produtos. Continuamos a defender a negociação, o que parece muito sensato. No entanto, se nada for conseguido, devemos nos preparar para as consequências na inflação e aí teremos a gangue do Banco Central (BC) em ação. Certamente, responderemos elevando os juros. O povo, os empresários, o desenvolvimento, continuarão pagando o preço da estúpida política monetária.

Falando em BC, lembramos que na última reunião do Copom, a Selic foi elevada para 14,25%, aumentando 1 ponto percentual, como havia sido prometido pela antiga direção. Além disso, o novo presidente, Galípolo, declarou que o ciclo de alta ainda não terminou, apenas prometendo que seria inferior a 1%. O “mercado” aposta que a elevação será de 0,5%. E assim seguimos nós atropelando as dificuldades.


[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Antonio Queirós, Bruno Lins, Jessica Brito, Miguel Oliveira, Raquel Lima e Paola Arruda.

 

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