Semana de 24 a 30 de março de 2025
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Está se tornando enfadonho falar sobre
conjuntura. Não conseguimos fugir de dois assuntos que continuam perturbando a
humanidade: as guerras da Ucrânia e de Israel. Todos os dias ouvimos a contagem
dos mortos e a descrição das novas áreas destruídas. Na Ucrânia não se fala na
participação da OTAN e dos países europeus e Estados Unidos, sem os quais a
guerra já estaria encerrada. É muito cômodo para os sanguinários generais,
poder travar uma guerra onde os outros morrem. E quem paga o preço desta
desventura é o povo ucraniano ou o que resta dele.
Com a chegada de Trump ao poder, os
europeus tiveram de meter a mão nos bolsos e estão sendo obrigados a financiar
as despesas militares. Grande problema, pois, dão conta de que não têm
condições nem financeiras, nem técnicas para aguentar o tranco. Serão obrigados
a apertar o cinto de seus próprios povos que, certamente, não vão gostar. E
esperamos que não tenham a tresloucada ideia de enviar tropas para a zona do
conflito. De qualquer forma, desta área só poderemos esperar o agravamento da
crise que passará para o campo da Economia.
A outra guerra, a de Israel, é ainda mais
trágica. Não é propriamente uma guerra, é um massacre, um genocídio. E com
Trump, a situação tornou-se ainda mais grave. O poder da colônia judaica no
interior dos EUA mostra-se com toda clareza. Corre-se o perigo do extermínio de
um povo, o povo palestino, o que aliás é um projeto de Israel já há muito
tempo. Israel usa sofisticadas armas, fornecidas pelos americanos, para
bombardear as ruínas. Torna-se mesmo difícil saber onde se escondem as pessoas,
pois o que as reportagens mostram são só ruínas. Só vemos que ainda existem
pessoas quando aparecem as cenas dos deslocamentos, ordenados pelas tropas de
Israel, que empurram as populações de um lado para outro. Acho que querem saber
se ainda há alguém
Ao falar das guerras, tivemos de falar do
Trump. Ele está tendo uma grande influência no prosseguimento delas. Mas o
Trump tem seu brilho próprio. Sua política do MAGA tem consequências econômicas
ainda mais importantes. Boa parte das tarifas começou a ser praticada agora,
com maior intensidade. Os efeitos já estão sendo sentidos, e as retaliações
estão sendo deflagradas. Só para citar uma delas, a retaliação do Canadá está
tornando inviável o estado americano do Alaska, que está situado a milhares de
quilômetros de distância do resto do país. A única ligação possível por terra é
através de uma estrada, que corta o Canadá. As províncias atravessadas
começaram a cobrar pedágio, encarecendo os fretes e provocando a elevação dos
preços dos produtos transportados.
No Brasil, ainda não começamos a sentir os
efeitos das tarifas Trump. O governo tem sido muito cauteloso no tratamento do
assunto dos 10% sobre os produtos. Continuamos a defender a negociação, o que
parece muito sensato. No entanto, se nada for conseguido, devemos nos preparar
para as consequências na inflação e aí teremos a gangue do Banco Central (BC)
em ação. Certamente, responderemos elevando os juros. O povo, os empresários, o
desenvolvimento, continuarão pagando o preço da estúpida política monetária.
Falando em BC, lembramos que na última
reunião do Copom, a Selic foi elevada para 14,25%, aumentando 1 ponto
percentual, como havia sido prometido pela antiga direção. Além disso, o novo
presidente
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os
pesquisadores: Antonio Queirós, Bruno Lins, Jessica Brito, Miguel Oliveira,
Raquel Lima e Paola Arruda.
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