sábado, 26 de abril de 2025

O MUNDO SEGUE EM TRANSE... ECONOMIA BRASILEIRA RESISTE

Semana de 14 a 20 de abril de 2025

   

Rosângela Palhano Ramalho[1]

 

Estimado leitor, o mundo virou o parque de diversões de Donald Trump. Com uma perspectiva megalômana de si mesmo, o presidente americano tenta ditar os rumos da geopolítica mundial, interferindo em conflitos internos e atacando a soberania dos países. Ao impor aos outros sua visão errática de como a economia funciona, Trump reverbera as lunáticas teorias conspiratórias propagadas pela extrema-direita mundial, ao mesmo tempo em que põe em risco o país que diz proteger. Enquanto faz isso, ele sadicamente se diverte. O setor financeiro mundial entra em pânico a cada declaração e o salve-se quem puder virou uma questão de ordem. À medida que os países atingidos pelo tarifaço reagem ou ainda estudam suas reações, as instituições econômicas internacionais, a exemplo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, seguem revisando para baixo as estimativas de crescimento da economia mundial para este ano. E a Organização Mundial do Comércio (OMC), apequenada, informou esta semana que o crescimento previsto para o comércio mundial de 2% em 2025 se transformará em retração de 0,2%.

Por sua vez, o Brasil enfrenta, além das ameaças tresloucadas de Trump, alguns desafios domésticos. O governo tenta lidar com a ameaça golpista que o cerca desde a eleição. Esta semana, o deputado líder do Projeto de Lei que visa anistiar os participantes da tentativa de golpe ocorrida em 08 de janeiro de 2023, conseguiu as assinaturas necessárias e protocolou um requerimento de urgência para sua tramitação. Resta agora que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, paute o projeto. Além de ser uma aberração jurídica (o texto se aprovado, perdoa não só os golpistas que depredaram as sedes do Três Poderes, mas todos aqueles que planejaram e atentaram contra a democracia brasileira, mesmo que ainda não tenham sido julgados), o projeto é claramente inconstitucional, pois viola a separação e a independência entre os Poderes dando o aval para que o Congresso Nacional interfira em atos de competência do Judiciário.

Pesquisa realizada no início deste mês pelo DataFolha, indicou que 56% da população brasileira é contra a anistia. Mesmo assim, o pedido de urgência para tramitação do projeto recebeu 262 assinaturas, cinco a mais que o mínimo necessário. A base aliada do governo, que os golpistas pretendiam derrubar, contribuiu com 146 assinaturas. Ou seja, o golpismo está enraizado na estrutura do Executivo e o governo federal tem que enfrentar este fato.

Enquanto os reacionários agem, o governo administra o país, utilizando instrumentos que buscam promover uma maior justiça social. Não é à toa que os gastos com assistência social representam, atualmente, o segundo maior gasto federal. E não é à toa que esta rubrica, em especial os gastos com o Bolsa Família e com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), sejam os mais atacados pelas elites econômicas. O desprezo aos pobres, que foram reinseridos no orçamento público, vem disfarçado de “cuidado” com as finanças do país. Felizmente, o “caos iminente” não chegou e certamente não chegará.

A economia brasileira resiste. Já chamamos a atenção para o bom resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do Banco Central do Brasil, que subiu 0,89% em janeiro na comparação com dezembro puxado pela atividade agrícola. Esta semana foi divulgado o Monitor do PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, que permaneceu estável em fevereiro, na comparação com janeiro. Mesmo estável, é importante destacar que o indicador registrou alta de 0,2% na atividade industrial com crescimento de 2% na Formação Bruta de Capital Fixo do país, o que demonstra que a atividade produtiva ainda tem fôlego e espaço para crescer. Enfim, os fatos aqui levantados indicam que o país segue resistindo ao tarifaço americano, aos efeitos dos aumentos consecutivos dos juros, às críticas na forma como se gere o orçamento e que, sem dúvida, resistirá aos anseios golpistas da horda de reacionários que habita o Congresso Nacional.


[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br, rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Bruno Lins, Victória Rodrigues, Nelson Rosas, Ícaro Moisés, Lara Souza e Camylla Martins.

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Um comentário:

  1. Assunto: Proposta de Parceria entre Nossos Blogs

    Olá ,

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    Betilson Diogo
    https://alberteconomi.blogspot.com

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