Semana de 29 de setembro a 05 de outubro de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
Uma semana depois de o povo brasileiro ter
ido às ruas contra a investida inconstitucional da Câmara dos Deputados, os
desfechos daquela atrocidade pelo país continuam. Aprovada na Câmara com 344
votos favoráveis e 134 contrários, a PEC 03/2021 apelidada “carinhosamente”
pela população brasileira de PEC da Impunidade, PEC da Blindagem e PEC da
Bandidagem, foi enterrada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado
Federal por 26 votos a 0. O povo venceu. A Câmara dos Deputados está exposta. A
repercussão negativa foi tão grande que alguns parlamentares vieram a público
se desculpar pelo “equívoco” do voto em favor das suas próprias impunidades.
Sob pressão popular, o “Congresso, inimigo
do povo” pautou o Projeto de Lei 1.087/2025. O texto, que prevê a isenção de
Imposto de Renda para pessoas físicas com renda mensal de até R$ 5 mil e
descontos para quem recebe até R$ 7.350 mensais, foi
Mas não nos iludamos. Estejamos vigilantes.
O Congresso Nacional mais reacionário que o Brasil já teve já demonstrou que
não se envergonha das pautas que defende, e que, na primeira oportunidade
investirá novamente contra o povo. O Centrão e a extrema-direita
Em relação à conjuntura econômica, seu
principal indicador foi divulgado esta semana. O PIB brasileiro cresceu 0,4% no
segundo trimestre
Estamos pagando um alto custo social e
financeiro pela desaceleração econômica. A taxa de juros, ainda em 15%, impõe
elevadíssimos gastos ao setor público. Em 12 meses, os gastos com juros já
chegaram a R$ 941,2 bilhões até julho. O pagamento de juros inflará
Por fim, as estatísticas do mercado de
força de trabalho, completam o cenário econômico semanal. Houve, segundo os
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do
Trabalho e Emprego, abertura líquida de 147,4 mil vagas com carteira assinada
em agosto. O número ficou aquém da estimativa mediana do “mercado”, que previa
a criação de 184 mil vagas. Corajoso, Livio Ribeiro, sócio da BRCG e
pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV
Ibre), assumiu: “...isso é uma notícia boa, sugerindo que o necessário ajuste
do mercado de trabalho já começou.” E completou: “Resta saber se a política não
tentará conter esse processo.”
Tal declaração ilustra bem o jogo de forças
existente no país. Enquanto o governo tenta executar políticas e programas
públicos que reduzam os problemas sociais, a oposição, a autoridade monetária e
o mercado financeiro, não se cansam de defender que não existe ajuste fiscal
sem punição ao povo.
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Jéssica Brito, Paola Arruda, Julia
Bomfim, Nelson Rosas, Lara Souza e Raquel Lima.
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