Semana de 29 de setembro a 05 de outubro de 2008
“O mundo está à beira do abismo.” Esta foi a declaração do premiê francês François Fillon antes da reunião dos presidentes dos principais países da União Européia (UE). Afinal, a máscara cai, e o capitalismo apresenta a sua verdadeira face de crise. Já ninguém duvida (exceto Mantega e Meirelles), e todos se apressam em afirmar que a crise se estende à economia real (com todas as características já há muito conhecidas dos economistas) e que o pior ainda está por vir: falências, desemprego, queda no consumo, fome, etc. Fábricas fecham ou reduzem a produção, o crédito some, os bancos, sem dinheiro, vão à falência, os pedidos de seguro desemprego crescem com o aumento das demissões e, agora, característica do capitalismo atual, os poderosos empresários e banqueiros, de sacola na mão, exigem os recursos bilionários, muitas vezes superiores aos que antes eram reservados, sob protestos, à caixa dos pobres.
Ao passar à economia real, a crise não abandona a esfera financeira. Pelo contrário, ela se expande cada vez mais, levando os governos a proporem operações desesperadas de salvamento. O Wachovia, quinto maior banco em ativos dos EUA, foi comprado pelo Citigroup, que passou a assumir a posição de segundo maior banco, logo a seguir ao Bank of América, que conquistou a primeira posição depois de comprar o Merrill Lynch. O JP Morgan ficou com o terceiro lugar, mesmo depois de ter comprado o Bear Stearn e o Washington Mutual. Quando não se encontram compradores, os governos nacionalizam os bancos. Este é o caso do Bradford and Bingley, cujos ativos saudáveis serão vendidos ao Santander e a parte podre ficará com o tesouro britânico. Os espanhóis do Santander também comprarão o Alliance and Leicester. O belgo-holandes Fortis foi nacionalizado pelos governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo, e o alemão Hypo Real Estate (HRE) foi salvo da falência pela intervenção do governo deste país que lhe garantiu 25 bilhões de euros. O maior banco japonês, o Mitsubishi UFJ, comprou 21% de participação no Morgan Stanley por US$ 9 bilhões. E os bancos centrais da Europa prometem continuar a intervir ainda mais. O Banco da Inglaterra, o Banco Nacional da Suíça e o BC europeu, juntos, destinaram mais US$ 74 bilhões para isto, e as notícias se multiplicam. O desemprego aumenta no setor bancário e, aos 80 já demitidos na economia americana, juntaram-se agora mais 1.100 novos desempregados do setor de investimentos do HSBC. Comentando a situação, o diretor de pesquisa e estudos econômicos do Bradesco, Otavio de Barros, afirmou: “É uma crise sistêmica e a pior desde os anos 1930.”
Mas, contrariando a opinião geral de que a crise é financeira, a economia real teima em pedir passagem na passarela. A Bill Heard Enterprises, a maior revendedora de veículos Chevrolet nos EUA, pediu concordata, tendo fechado 14 lojas e demitido 3.200 empregados. Além disso, 23 de suas filiadas também entraram com o mesmo pedido. As vendas no varejo, nos EUA, em novembro e dezembro, serão as piores nos últimos 30 anos, segundo o consultor norte-americano Britt Beemer, do Américas Research Group, que há 16 anos acerta as suas previsões. As montadoras do mundo inteiro contabilizam os prejuízos e reduzem a produção. Concorrendo com as americanas, que obtiveram uma ajuda de US$ 25 bilhões, as européias, argumentando que são maiores, candidatam-se a 40 bilhões de euros, enquanto os preços das commodities caem, incluindo os preços do petróleo, diante da queda da procura. A Pilgrim’s Pride, empresa que trabalha com ovos e carne de frango e emprega 53.000 pessoas, informou que se encontra em dificuldades e romperá contratos. O Hard Rock Park, parque temático, entrou com um pedido de concordata. Dezenas de restaurantes e lojas de pequeno e médio portes encontram-se em situação semelhante. Até o império da Playboy, a conhecida revista erótica, teve suas ações desvalorizadas em 60%, encontrando-se em situação financeira difícil e sendo obrigada a cortar gastos com suas tão apreciadas coelhinhas.
Os governos e seus prepostos rebolam a procura de explicações capazes de enganar seus cidadãos na tentativa de manutenção dos seus bem remunerados empregos.
Este é o quadro presente onde começa a surgir novo tipo de decreto: o “decreto de recessão”. O ministro do orçamento francês, Eric Woerth, já reconheceu que “houve dois trimestres de crescimento negativo, isso se chama recessão técnica”. A Irlanda, porém, foi o primeiro país a considerar-se oficialmente em recessão, para não falar na Dinamarca, Letônia e Estônia. A Inglaterra, embora não tenha publicado o reconhecimento oficial, já afirma que o setor produtivo está tendo o pior desempenho nos últimos 17 anos, seguida de perto pela poderosa Alemanha.
É o salve-se quem puder, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pela boca de seu assessor Henri Guaino, já confirmou sua preferência: “A prioridade é salvar o sistema bancário.” Aliás, este está sendo o objetivo geral. Na UE, a reunião dos presidentes dos principais países aprovou a ação conjunta resumida na frase: “não deixaremos nenhum banco ir à falência.” O ponto alto da semana foi, porém, o pacotão de 700 bilhões proposto pelo governo Bush ao parlamento dos EUA. Depois de alguns dias de terrível tensão e entendimentos, finalmente, chegou-se a um precário acordo que não foi suficiente para aplacar a sede insaciável do mercado e não trouxe paz às bolsas de valores. O desabamento foi geral, atingindo em cheio a Bovespa.
No Brasil, o presidente Lula, revoltado, conclamou o governo Bush a assumir sua responsabilidade pela crise: “Eles criaram este rombo no sistema financeiro e agora têm de tapá-lo, para poder deixar o mundo tranqüilo.” E, manifestando-se sobre a situação, bem assessorado pelo Presidente do BC, Henrique Meirelles, e pelos ministros Guido Mantega e Miguel Jorge (Indústria e Comércio), para quem a crise não chegou ao Brasil, ele completou: “Sobre a situação brasileira, posso dizer que nós estamos tranqüilos”.
Enquanto o presidente desfila sua tranqüilidade, a economia brasileira acelera sua marcha para a
crise com a ajuda do próprio Banco Central, o que já é reconhecido por muitos. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirmou: “o alastramento da crise financeira pode paralisar parte dos investimentos brasileiros.” O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) alertou: “a economia brasileira vai sofrer os impactos.” As ações da Sadia desabaram 43%, e os analistas do Santander prevêem que ela poderá ter prejuízos de US$ 267 milhões no terceiro trimestre. As ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) perderam R$ 3 bilhões devido à queda de 15,36% de seu valor. A produção industrial caiu 1,3% em agosto, afirma o IBGE, e as vendas da indústria fluminense, neste mês, caíram 32,25% em relação a julho, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Altamente endividados, os grupos sucroalcooleiros estão com dificuldades para renegociar suas dívidas diante das restrições do crédito. As vendas de veículos já estão caindo diante da redução dos prazos, do aumento das taxas de juros e da suspensão de vendas sem entrada. As montadoras já programam redução da produção. A produção industrial desacelera e, segundo a economista do Banco Real Tatiana Pinheiro “a produção industrial deverá piorar também nos próximos meses do ano.” O setor imobiliário começa a rever os planos de novos lançamentos, suspendendo-os. As incorporadoras estão encontrando crédito mais caro, e os que têm ações na bolsa sofrem perdas que chegam a 20%.
A explicação para tamanha catástrofe que se pretende impingir às pessoas pode ser resumida na
estória que me contou um amigo português e que passo a reproduzir.
“O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Ao decidir vender a crédito, ele aumenta um pouquinho o preço da dose da branquinha (para compensar os juros que os pinguços terão de pagar pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos passam a ser negociados, como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países, até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu!”
Viu...? É muito simples...!!!
Por traz da comicidade, se esconde a ignorância ou a má fé, quando, no noticiário de uma certa rede de televisão, entrevistam um engravatado economista em conversa com sua engravatada família, durante quase 3 minutos, e a explicação é exatamente deste tipo.
Como é difícil a tarefa de justificar o sistema nos momentos em que ele se apresenta em total ruptura?
Preparemo-nos para sofrer os anos das vacas magras e curtir o capitalismo em crise, porque o presidente Bush, apesar de todos os apelos, é inteiramente impotente diante dela.
Texto escrito por:
Nelson Rosas Ribeiro: Professor do Departamento de Economia da UFPB e coordenador do PROGEB - Projeto Globalização e Crise na EconomiaBrasileira
(progeb@ccsa.ufpb.br)
Arquivo para download em formato pdf.
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“O mundo está à beira do abismo.” Esta foi a declaração do premiê francês François Fillon antes da reunião dos presidentes dos principais países da União Européia (UE). Afinal, a máscara cai, e o capitalismo apresenta a sua verdadeira face de crise. Já ninguém duvida (exceto Mantega e Meirelles), e todos se apressam em afirmar que a crise se estende à economia real (com todas as características já há muito conhecidas dos economistas) e que o pior ainda está por vir: falências, desemprego, queda no consumo, fome, etc. Fábricas fecham ou reduzem a produção, o crédito some, os bancos, sem dinheiro, vão à falência, os pedidos de seguro desemprego crescem com o aumento das demissões e, agora, característica do capitalismo atual, os poderosos empresários e banqueiros, de sacola na mão, exigem os recursos bilionários, muitas vezes superiores aos que antes eram reservados, sob protestos, à caixa dos pobres.
Ao passar à economia real, a crise não abandona a esfera financeira. Pelo contrário, ela se expande cada vez mais, levando os governos a proporem operações desesperadas de salvamento. O Wachovia, quinto maior banco em ativos dos EUA, foi comprado pelo Citigroup, que passou a assumir a posição de segundo maior banco, logo a seguir ao Bank of América, que conquistou a primeira posição depois de comprar o Merrill Lynch. O JP Morgan ficou com o terceiro lugar, mesmo depois de ter comprado o Bear Stearn e o Washington Mutual. Quando não se encontram compradores, os governos nacionalizam os bancos. Este é o caso do Bradford and Bingley, cujos ativos saudáveis serão vendidos ao Santander e a parte podre ficará com o tesouro britânico. Os espanhóis do Santander também comprarão o Alliance and Leicester. O belgo-holandes Fortis foi nacionalizado pelos governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo, e o alemão Hypo Real Estate (HRE) foi salvo da falência pela intervenção do governo deste país que lhe garantiu 25 bilhões de euros. O maior banco japonês, o Mitsubishi UFJ, comprou 21% de participação no Morgan Stanley por US$ 9 bilhões. E os bancos centrais da Europa prometem continuar a intervir ainda mais. O Banco da Inglaterra, o Banco Nacional da Suíça e o BC europeu, juntos, destinaram mais US$ 74 bilhões para isto, e as notícias se multiplicam. O desemprego aumenta no setor bancário e, aos 80 já demitidos na economia americana, juntaram-se agora mais 1.100 novos desempregados do setor de investimentos do HSBC. Comentando a situação, o diretor de pesquisa e estudos econômicos do Bradesco, Otavio de Barros, afirmou: “É uma crise sistêmica e a pior desde os anos 1930.”
Mas, contrariando a opinião geral de que a crise é financeira, a economia real teima em pedir passagem na passarela. A Bill Heard Enterprises, a maior revendedora de veículos Chevrolet nos EUA, pediu concordata, tendo fechado 14 lojas e demitido 3.200 empregados. Além disso, 23 de suas filiadas também entraram com o mesmo pedido. As vendas no varejo, nos EUA, em novembro e dezembro, serão as piores nos últimos 30 anos, segundo o consultor norte-americano Britt Beemer, do Américas Research Group, que há 16 anos acerta as suas previsões. As montadoras do mundo inteiro contabilizam os prejuízos e reduzem a produção. Concorrendo com as americanas, que obtiveram uma ajuda de US$ 25 bilhões, as européias, argumentando que são maiores, candidatam-se a 40 bilhões de euros, enquanto os preços das commodities caem, incluindo os preços do petróleo, diante da queda da procura. A Pilgrim’s Pride, empresa que trabalha com ovos e carne de frango e emprega 53.000 pessoas, informou que se encontra em dificuldades e romperá contratos. O Hard Rock Park, parque temático, entrou com um pedido de concordata. Dezenas de restaurantes e lojas de pequeno e médio portes encontram-se em situação semelhante. Até o império da Playboy, a conhecida revista erótica, teve suas ações desvalorizadas em 60%, encontrando-se em situação financeira difícil e sendo obrigada a cortar gastos com suas tão apreciadas coelhinhas.
Os governos e seus prepostos rebolam a procura de explicações capazes de enganar seus cidadãos na tentativa de manutenção dos seus bem remunerados empregos.
Este é o quadro presente onde começa a surgir novo tipo de decreto: o “decreto de recessão”. O ministro do orçamento francês, Eric Woerth, já reconheceu que “houve dois trimestres de crescimento negativo, isso se chama recessão técnica”. A Irlanda, porém, foi o primeiro país a considerar-se oficialmente em recessão, para não falar na Dinamarca, Letônia e Estônia. A Inglaterra, embora não tenha publicado o reconhecimento oficial, já afirma que o setor produtivo está tendo o pior desempenho nos últimos 17 anos, seguida de perto pela poderosa Alemanha.
É o salve-se quem puder, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pela boca de seu assessor Henri Guaino, já confirmou sua preferência: “A prioridade é salvar o sistema bancário.” Aliás, este está sendo o objetivo geral. Na UE, a reunião dos presidentes dos principais países aprovou a ação conjunta resumida na frase: “não deixaremos nenhum banco ir à falência.” O ponto alto da semana foi, porém, o pacotão de 700 bilhões proposto pelo governo Bush ao parlamento dos EUA. Depois de alguns dias de terrível tensão e entendimentos, finalmente, chegou-se a um precário acordo que não foi suficiente para aplacar a sede insaciável do mercado e não trouxe paz às bolsas de valores. O desabamento foi geral, atingindo em cheio a Bovespa.
No Brasil, o presidente Lula, revoltado, conclamou o governo Bush a assumir sua responsabilidade pela crise: “Eles criaram este rombo no sistema financeiro e agora têm de tapá-lo, para poder deixar o mundo tranqüilo.” E, manifestando-se sobre a situação, bem assessorado pelo Presidente do BC, Henrique Meirelles, e pelos ministros Guido Mantega e Miguel Jorge (Indústria e Comércio), para quem a crise não chegou ao Brasil, ele completou: “Sobre a situação brasileira, posso dizer que nós estamos tranqüilos”.
Enquanto o presidente desfila sua tranqüilidade, a economia brasileira acelera sua marcha para a
crise com a ajuda do próprio Banco Central, o que já é reconhecido por muitos. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirmou: “o alastramento da crise financeira pode paralisar parte dos investimentos brasileiros.” O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) alertou: “a economia brasileira vai sofrer os impactos.” As ações da Sadia desabaram 43%, e os analistas do Santander prevêem que ela poderá ter prejuízos de US$ 267 milhões no terceiro trimestre. As ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) perderam R$ 3 bilhões devido à queda de 15,36% de seu valor. A produção industrial caiu 1,3% em agosto, afirma o IBGE, e as vendas da indústria fluminense, neste mês, caíram 32,25% em relação a julho, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Altamente endividados, os grupos sucroalcooleiros estão com dificuldades para renegociar suas dívidas diante das restrições do crédito. As vendas de veículos já estão caindo diante da redução dos prazos, do aumento das taxas de juros e da suspensão de vendas sem entrada. As montadoras já programam redução da produção. A produção industrial desacelera e, segundo a economista do Banco Real Tatiana Pinheiro “a produção industrial deverá piorar também nos próximos meses do ano.” O setor imobiliário começa a rever os planos de novos lançamentos, suspendendo-os. As incorporadoras estão encontrando crédito mais caro, e os que têm ações na bolsa sofrem perdas que chegam a 20%.
A explicação para tamanha catástrofe que se pretende impingir às pessoas pode ser resumida na
estória que me contou um amigo português e que passo a reproduzir.
“O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Ao decidir vender a crédito, ele aumenta um pouquinho o preço da dose da branquinha (para compensar os juros que os pinguços terão de pagar pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos passam a ser negociados, como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países, até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu!”
Viu...? É muito simples...!!!
Por traz da comicidade, se esconde a ignorância ou a má fé, quando, no noticiário de uma certa rede de televisão, entrevistam um engravatado economista em conversa com sua engravatada família, durante quase 3 minutos, e a explicação é exatamente deste tipo.
Como é difícil a tarefa de justificar o sistema nos momentos em que ele se apresenta em total ruptura?
Preparemo-nos para sofrer os anos das vacas magras e curtir o capitalismo em crise, porque o presidente Bush, apesar de todos os apelos, é inteiramente impotente diante dela.
Texto escrito por:
Nelson Rosas Ribeiro: Professor do Departamento de Economia da UFPB e coordenador do PROGEB - Projeto Globalização e Crise na EconomiaBrasileira
(progeb@ccsa.ufpb.br)
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