quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Resultados de 2012 e perspectivas para 2013


Semana de 31 de dezembro de 2012 a 06 de janeiro de 2013


Nelson Rosas Ribeiro[i]




            Não temos muito a acrescentar sobre os prognósticos para a economia mundial neste começo de 2013. As notícias confirmam a continuação das dificuldades dos países da União Européia com o agravamento provocado pelas políticas de austeridade que continuam a ser adotadas por todos e, particularmente, pelos PIGS. Devemos esperar a continuação da intranqüilidade social e dos conflitos. A teimosia em orientar todos os esforços para garantir os rendimentos do capital financeiro e dos especuladores internacionais continua a produzir seus efeitos desastrosos.
            Nos EUA a situação, embora mais calma, arrasta-se à beira do abismo fiscal para o qual se chegou a um acordo protelatório, com a redução de US$ 650 bilhões, de um total de US$ 7,9 trilhões, do déficit fiscal, que já representa 72% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
            Até os BRICS (sigla que inclui os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), considerados a salvação da humanidade, encontram-se em dificuldades. Além de contradições internas, pois suas economias, em muitos aspectos, são concorrentes, e de não se constituírem em um bloco econômico, enfrentam problemas internos de inflação, falta de investimentos e agitações sociais. Apenas a China se apresenta com alguma esperança de acelerar seu crescimento.
Isto, sem levar em conta as ameaças de guerra e intervenções militares no mundo árabe, cujas consequências são imprevisíveis.
            Todo este quadro não nos permite otimismo, neste ano de 2013, para a economia mundial.
            Não temos dúvida que esta situação contamina as perspectivas pra a economia brasileira. Em primeiro lugar, temos de lembrar que o fenômeno da globalização não é uma invenção dos economistas. Para o bem e para o mal, ele é uma terrível realidade sem retorno e deve ser levado em consideração nos prognósticos. Alguns políticos e economistas, infelizmente, ainda não criaram vergonha na cara e continuam a tentar enganar a todos. Esquecem que “mais rápido se apanha um mentiroso do que um manco” (Não estou falando só do ministro Mantega).
            O outro fator que temos de levar em consideração é o triste desempenho da economia brasileira, neste sofrido 2012. Para a desgraça da “presidenta”, se o PIB de 2011 foi chamado de “pibinho”, o de 2012, que não deve atingir nem 1%, será chamado de quê?
            Mas não é só isso. O crescimento da indústria, em 2012, será negativo. As estimativas feitas por vários especialistas indicam uma queda em torno de -2,4%. Os investimentos estão paralisados, pois a indústria está trabalhando com capacidade ociosa. A participação dos produtos nacionais, no consumo interno, vem caindo diante da pressão dos importados, bem como na composição das exportações.
            Por seu lado, a balança comercial tem apresentado saldos decrescentes. Em 2012, o superávit foi o menor nos últimos 10 anos, tendo recuado de US$ 29,8 bilhões, em 2011, para US$19,4 bilhões, uma queda de 34,8%.
            Para completar as desgraças, a impossibilidade de se atingir o tão desejado superávit primário, nas contas públicas, já foi admitida. O compromisso do governo era de que a economia seria de 3,1% do PIB, o que corresponderia a R$ 139,8 bilhões. No entanto, até novembro, o governo só conseguiu R$ 82,699 bilhões. Mesmo se considerando as deduções permitidas com os gastos do PAC, ainda faltam R$ 31,5 bilhões.
            Tentando esconder o rombo, o governo, nos últimos dias do ano, realizou uma série de operações contábeis para aumentar as receitas e apresentar outros números. Não é a primeira vez que se utilizam estes recursos. Foram feitas operações envolvendo o BNDES, a Caixa Econômica, as estatais, o Tesouro e o Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE), do qual o único cotista é o Fundo Soberano do Brasil (de onde foram sacados R$ 12,4 bilhões, quase zerando esta reserva dita estratégica). Com isto o governo aumentou a receita em R$ 19,4 bilhões, suficiente para “enganar” o “mercado”.
            Será que engana?


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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