quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Adeus ano velho. Feliz ano novo?


Semana de 26 de dezembro de 2012 a 01 de janeiro de 2013


Rosângela Palhano Ramalho[i]



            Começamos desejando um feliz 2013 a todos os nossos leitores!
            Faz parte desses desejos, trazer boas notícias na área econômica, nos dias vindouros. Mas, infelizmente, nesta primeira análise do ano, isto ainda não é possível. A situação é idêntica à do início de 2012: Ano Novo... Vida Velha.
            O réveillontradicional do Rio de Janeiro festejou a chegada de 2013, queimando 24 toneladas de fogos em 16 minutos. Os ruídos dos festejos, certamente, não chegaram à Base Naval de Aratu, na Bahia, onde se encontra a presidente Dilma, descansando. Ela não teve motivos para comemorar, de novo. O final do ano trouxe a má notícia: o PIBinho é uma realidade que se concretizará em 1% ou menos. Pior que 2011. Tadinho do nosso “levantador de PIBs”, o ministro Mantega. Não conseguiu sua façanha. Para nós, isto não é novidade, pois já sabemos que “economista não engana capitalista”.
            Ao constatarmos que a indústria empurrava a atividade econômica ladeira abaixo, também anunciávamos que, pior do que estava, iria ficar. É óbvio que o governo, de sua parte, envidou esforços tentando lutar contra os efeitos da crise. Desonerou uma série de setores, travou guerra contra os produtos importados, reduziu a taxa de juros, manipulou o câmbio, estimulou o setor privado com a renovação das concessões e lançamento de novas, incentivou o crédito através da redução do spreadbancário, etc. A última medida do ano foi a liberação do recolhimento dos depósitos compulsórios de bancos. Aquelas instituições que destinarem recursos financeiros ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI), não terão a obrigatoriedade de recolher o compulsório sobre aquelas cifras.
            Com a ajuda das renúncias fiscais e não tendo conseguido reduzir as despesas, em ano eleitoral, o governo amarga o pior desempenho fiscal desde que Dilma assumiu. A meta de economia para o superávit primário que era de R$ 139 bilhões, até agora, está longe de ser atingida. Só foram cumpridos R$ 82,7 bilhões. Para aqueles que defendem a economia para pagamentos de juros, isto é um mau sinal.
            Além disso, os setores estimulados tem apenas reposto os estoques e realmente não estão investindo, ou seja, a demanda maior está sendo suprida pelos produtos importados, fato que não contribui para a economia interna e ainda debilita a indústria nacional, que apresenta elevada capacidade ociosa. Segundo alguns especialistas a saída pode estar nos investimentos públicos em infra-estrutura, que, de forma indireta, estimula o setor privado.
            O governo passou o ano tentando alavancar os investimentos. Não conseguiu. A Formação Bruta de Capital Fixo caiu 5,63%, no terceiro trimestre de 2012, mantendo a tendência negativa que se verificou desde o início do ano.
            A presidente, no programa “Conversa com a presidenta”, quase que de joelhos, apelou aos empresários para que eles “acreditem e invistam no nosso país”. O desespero de Dilma é explicado pelas falácias do fundamentalismo de mercado que gerou a crença de que o intervencionismo “exacerbado” do governo na economia tem inibido os investimentos. Estes excessos trariam incertezas quanto ao cumprimento dos acordos feitos com a iniciativa privada. Acreditando nisto, mais uma vez a presidente clama: “este é um governo [...] que respeita contratos”.
            Todos buscam os culpados pela não decolagem dos investimentos. Uns culpam a própria Dilma que não seria “pró-mercado”. Outros culpam Mantega e suas previsões desastrosas. O ministro que considerou a previsão do Banco Credit Suisse, de 1,5% de crescimento, para o nosso PIB, “uma piada”, logo caiu do cavalo e, otimista, fechou a sua previsão, novamente equivocada, em 2%. Crescem os rumores de que o ministro pode perder seu posto em 2013, mas a presidente garantiu que ele fica.
            Os fatos aumentaram as distâncias entre as previsões da equipe econômica e a tão problemática realidade. O governo cumpre sua missão e continua acreditando que conseguirá despertar o ímpeto animal do empresário que parece estar adormecido. Perseguindo este objetivo, a presidente Dilma, Tombini e Mantega, saudaram o Ano Novo cantando assim:
            ♪♪Adeus ano velho, feliz ano novo. Que o PIB se realize no ano que já chegou... ♫
            Este é o desafio a ser vencido, cujo resultado pode inviabilizar a reeleição de Dilma.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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