quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

“E o futuro todo mundo já conhece: é que o de cima... sobe.”



Semana de 30 de dezembro de 2013 a 05 de janeiro de 2014
 
Lucas Milanez de Lima Almeida[i]
 
            Primeiramente, venho por meio desta análise semanal de conjuntura desejar a todos os leitores um feliz ano novo. Mas, se você é Paul Tudor Jones, David Tepper, Jeffrey Altman ou Axel Merk, desejo apenas que 2014 seja igual ao que foi o ano de 2013. Estes quatro cidadãos do mundo são alguns dos ícones das contradições que regem o capitalismo.
            O primeiro, com uma aplicação de US$ 10 milhões, conseguiu ganhar US$ 100 mi com a especulação do preço do ouro em 2013. O segundo e o terceiro aumentaram em mais de 40% o “valor” dos papéis em suas mãos no ano passado, com especulações nas bolsas Dow Jones (EUA) e Nikkei (Japão). Já o último, no ano que passou, ampliou seu fundo em 5,8%, enquanto muitos tiveram prejuízos, com a especulação em torno do preço do euro.
            Mas não para por aí. Segundo o índice Bloomberg Billionaires, as fortunas individuais das 100 pessoas mais ricas do mundo cresceram, juntas, US$ 490,9 bilhões em 2013. Considerando apenas os dez primeiros que mais aumentaram sua riqueza pessoal, dentre os quais Bill Gates (15,8 bi), da Microsoft, Warren Buffet (12,9 bi), especulador do mercado financeiro, e Mark Zuckerberg (12,4 bi), do Facebook, o crescimento da fortuna foi superior a US$ 125 bi.
            A soma do patrimônio dos principais bilionários se manteve num patamar de US$ 3,7 trilhões, sendo que, dos 300 incluídos na lista, apenas 70 tiveram redução em suas fortunas. Dentre estes últimos se encontra o brasileiro Eike Batista, que perdeu US$ 12 bi no ano e saiu em junho de 2013 do top 100 (os cem mais ricos do mundo) do índice de bilionários da Bloomberg.
            Falando de brasileiros, em 31 de dezembro de 2012 havia apenas quatro tupiniquins dentre os cem mais ricos do mundo, ainda segundo a Bloomberg: 1) Jorge Paulo Lemann com US$ 18,8 bi, da AB InBev, Burger King e Heinz ketchup; 2) Dirce Camargo com US$ 13,4 bi, do Grupo Camargo Corrêa; 3) Eike Batista com US$ 12,4 bi, das “empresas X”; e 4) Joseph Safra com US$ 11 bi, do Banco Safra e Fibria Celulose.
            Em meados de 2013, o total de brasileiros no top 100 da Bloomberg foi de 15, apesar do falecimento e consequente saída de Dirce Camargo da lista. Aos três restantes, se juntaram João, José e Roberto Marinho, das Organizações Globo, mais 4 da família Moreira Salles, do Itaú-Unibanco e do ramo da mineração, 3 da família Moraes, do Grupo Votorantim, além de Marcel Telles e Carlos da Veiga, ambos sócios de Jorge Lemann.
            No fechamento da lista em 31 de dezembro de 2013, havia apenas sete bilionários do Brasil na seleta lista: os três sócios da AB InBev, Burger King e Heinz, Lemann (que aumentou em 21,6% sua fortuna), Telles (23,7%) e Veiga (28,4%), os três da família Marinho (todos com crescimento de 15,7% na fortuna de US$ 7,8 bi cada) e Joseph Safra, que ampliou em 13,9% sua riqueza pessoal.
            Ainda no país, apesar deste imponente crescimento da riqueza para alguns, outros não tiveram a mesma sorte.
            Os que apostaram em ações, de uma maneira geral, perderam. Segundo a BM&FBovespa, houve uma queda de 3,98% no “valor” total das ações das 363 empresas cotadas na bolsa, saindo de um montante de R$ 2,51 tri em 2012 para R$ 2,41 tri no ano passado. Em termos percentuais os campeões em perda foram a MMX (-84,27%), a Brookfield (-66,37%) e a Rossi (-55,16%). Se tratando de perda nominal, ou seja, queda na cotação em dinheiro, os piores desempenhos foram os da Petrobras (-R$ 40,1 bi), Vale (-R$ 36,9 bi) e OGX (-R$ 13,4 bi).
            Quem também errou, e vem errando há algum tempo, são os analistas acompanhados pelo Boletim Focus, que buscaram prever qual seria o crescimento do PIB e da inflação. Nos últimos 3 anos as expectativas do “mercado” sobre a atividade econômica foram mais otimistas do que a realidade econômica e, segundo o jornalista Vinícius Torres Ferreira, “um balanço das previsões reunidas no Focus (desde 2001) mostra que as estimativas de janeiro em geral são imprestáveis caso a intenção do freguês seja a de acertar um bolão sobre PIB e IPCA”. Segundo o estudo realizado, apenas no final de agosto é que as previsões começam a se aproximar da realidade.
            Enquanto isso, a única certeza que temos até agora é a de que, mesmo na crise, “o rico cada vez fica mais rico”...


[i] Professor do Departamento de Economia da UFPB e pesquisador do Progeb. (www.progeb.blogspot.com; lucasmilanez@hotmail.com)
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