terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Definitivamente sombrio, chega 2016!

Semana de 28 de dezembro de 2015 a 03 de janeiro de 2016

Rosângela Palhano Ramalho[i]

Estimado leitor, um novo ano se inicia sem boas novas. Como todos os prognósticos ruins para 2015 foram extrapolados, 2016, como já anunciado, nasce sombrio. No início de 2015, esperava-se que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegaria a 6,75%, mas a previsão atual é de alta de 10,8%! Todas as projeções, no início de 2015, apuravam que a taxa Selic fecharia em 12,5%, mas os juros já estão em 14,25%! Por fim, o governo, cabisbaixo, assumia no início do ano que a economia cresceria apenas 0,5%, mas, o quadro se reverteu e o decréscimo da atividade econômica ficará em torno de 3,7%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.
2015 efetivamente foi um ano para esquecer.
E os indicadores recém-divulgados mostram que a projeção para o decrescimento econômico do ano passado se confirmará. Em todo o país, as vendas no varejo da semana de 18 a 24 de dezembro, caíram 6,4%, em relação à mesma semana de 2014, segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio – Natal 2015. Foi, segundo a instituição, o pior desempenho para as vendas de Natal desde 2003, primeiro ano de divulgação deste indicador. Inflação e desemprego altos, crediário caro, queda da renda e da confiança dos consumidores, fizeram os mesmos fugirem das lojas no final de 2015.
Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que 30,7% dos lojistas entrevistados apresentam estoques acima do adequado. Na Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, o resultado anual do setor será o pior da história com queda de 4,1%, em relação a 2014.
Já o tombo da indústria automobilística será gigante, com queda das vendas em torno de 27% e com nível baixo de utilização da capacidade instalada. Segundo a Tendências Consultoria, o uso da capacidade do setor automotivo é de apenas 53%. Com um cenário desses, é impossível que bons ventos soprem em 2016. As montadoras projetam queda média das vendas em 12% com continuidade dos cortes de mão de obra.
Os investimentos não se recuperarão. Segundo levantamento realizado pelo Valor Econômico, no biênio 2014-2016, a formação bruta de capital fixo, cairá em mais de 30%. E, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a recessão econômica brasileira que ocorre desde o segundo trimestre de 2014 será, provavelmente, a mais longa já registrada no país e durará 11 trimestres consecutivos. A previsão é que a crise se estenda até o final de 2016.
Todas as projeções indicam então, que 2016 será semelhante a 2015. A pressão inflacionária continuará e o teto da meta será rompido novamente. O IPCA fechará o ano em torno de 7%. O Boletim Focus também estima que a Selic permanecerá alta em 15,25% e as projeções de “decrescimento” do PIB se mantém em torno de 3%.
O consumidor de baixa renda continuará a pagar o pato. Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de 1980 até 2014, a carga tributária brasileira, referida ao Produto Interno Bruto (PIB), aumentou 9,1 pontos percentuais. Em 2014, a carga chegou a 33,5% do PIB, tendência que permanecerá em 2015 em virtude das medidas de ajuste fiscal já implantadas. De acordo com o levantamento, famílias que ganham até dois salários mínimos gastam 46% da renda para pagar os tributos relativos ao consumo de bens e serviços. Para aquelas que recebem entre seis e 10 salários mínimos, o comprometimento é de 27% e as famílias que ganham acima de 25 salários usam 18% da renda para pagar tributos sobre o consumo.
Com tantas notícias ruins só restou ao consumidor tentar comemorar. As vinícolas brasileiras projetam expansão de 10% nas vendas de espumantes, em 2015, em comparação com 2014. Segundo o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) até novembro, foram vendidos 17,45 milhões de litros.
Só mesmo afogando as mágoas é possível esquecer 2015 e enfrentar 2016.

[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br) Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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