quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Corrida presidencial e economia


Semana de 05 a 11 de fevereiro de 2018

Rosângela Palhano Ramalho [i]

A corrida presidencial já começou há muito tempo e, neste início de ano, o caminho rumo às eleições continua nebuloso. Enquanto o PT espera a definição da situação jurídica de Lula, parte do PSDB está furiosa com a insistência de Fernando Henrique Cardoso para que o apresentador Luciano Huck dispute as eleições. Em jantar promovido pelo presidente de honra do PSDB, Huck afirmou não ter abandonado o desejo de ser candidato e que sua decisão está atrelada ao contrato que tem com a emissora em que trabalha. Continua a indefinição acerca de quem será o candidato do governo: se Maia, Meirelles ou até mesmo, o próprio presidente. Já Collor de Mello, lançou sua pré-candidatura e, para uma plateia de oito senadores, disse ser um candidato de “centro, progressista e liberal”. Por fim, Jair Bolsonaro, em badalado evento promovido pelo BTG Pactual, tentou serenar a sua imagem frente a investidores financeiros nacionais e estrangeiros. No mesmo evento, segundo o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, o pré-candidato declarou que, se eleito, resolveria a violência na Rocinha jogando panfletos sobre a comunidade convidando os traficantes a se entregarem num prazo de 6 horas. Se a rendição não acontecesse, metralharia o local. Envolvido em mais polêmicas está difícil para o mesmo suavizar sua imagem.
No âmbito da economia, após a comemoração do crescimento da indústria, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic para 6,75% ao ano. Segundo o órgão, dependendo do cenário econômico, a possível interrupção do ciclo de cortes de juros poderá ser adiada. Os novos números da inflação surpreenderam. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,29% em janeiro frente 0,44% registrados em dezembro.
Diante do cenário de recuperação, chamam a atenção os dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) sobre os beneficiários do Bolsa Família. Segundo o ministério, 21% da população dependem dos benefícios do programa e mais de um terço da população de 11 Estados brasileiros (todos no Norte e Nordeste), vive com os recursos do programa. O Maranhão se destaca como o estado que tem a maior relação: 48% da população maranhense recebe recursos do Bolsa Família. O secretário-executivo do MDS, Alberto Beltrame, afirmou que “o programa gera um círculo virtuoso de desenvolvimento na economia local” melhorando os indicadores econômicos e sociais como um todo.
Outro malogro social é o trabalho informal. Estudo da FGV Projetos mostra que a informalidade na Região Sudeste, cresceu em um milhão de empregos, entre o fim de 2016 e o terceiro trimestre de 2017. Serviços, construção civil e indústria, foram os setores que mais participaram para o aumento desta informalidade regional.
Enquanto o Brasil inicia sua recuperação econômica a passos bem lentos, os EUA presenciam a melhora significativa de sua economia. A Reuters fez um levantamento que indica a elevação dos salários em mais de 3% em pelo menos metade dos estados americanos, em 2017. A economia americana também criou nos últimos quatro anos, segundo a Agência, 10 milhões de empregos e a taxa de desemprego caiu ao menor nível desde o ano de 2000. O presidente Donald Trump, assim como o presidente Temer, gaba-se dos seus “feitos” mesmo que os fatos representem a dinâmica própria da economia.
Com o Brasil se preparando para o Carnaval, o setor financeiro internacional continua a padecer nos últimos dias, de “crashes relâmpagos”. A expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, aumente a taxa de juros para “dosar” o crescimento da economia americana deixou os mercados “nervosos”. Sell! Sell! Sell! A venda de ações fez as bolsas de Nova York, Nasdaq, Frankfurt, Tóquio, Xangai, Bovespa, registrarem quedas nas negociações em alguns dias da semana.
Portanto, um novo risco à recuperação está posto. Eis mais uma pauta para os presidenciáveis.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br) Contato: rospalhano@yahoo.com.br

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