quarta-feira, 16 de maio de 2018

Publicidade e realidade


Semana de 07 a 13 de maio de 2018

Nelson Rosas Ribeiro[i]

A anunciada campanha publicitária do governo foi lançada e está em marcha. É uma vã tentativa de vender gato por lebre. O desmoralizado governo Temer, com o nosso dinheiro, procura esconder o resultado da última pesquisa de opinião divulgada no final da semana. Apenas 4,3% da população do país considera o governo ótimo ou bom e 71,3% consideram-no ruim ou péssimo. Ainda bem que seu marqueteiro, o Elsinho é Mouco.
Temer sente-se na obrigação de livrar sua própria cara para tentar recuperar a imagem do MDB que está na iminência de ter mais 2 ministros processados além de enfrentar ele próprio um novo pedido de processo. Haja ladrão.
Teremos de suportar o bombardeio da publicidade descarada sabendo que ela é paga com o dinheiro da nação. Enquanto gastam, continuam falando em rombo da previdência (melhor seria roubo da previdência), equilíbrio e austeridade fiscal, etc.
O que o governo pretende apresentar  como realização sua é o aumento do emprego (sem carteira assinada), a queda da inflação (graças à crise e a queda do poder de compra da população), a redução dos juros (feita pelo Banco Central (BC) independente), a boa safra agrícola (obra de São Pedro), os saldos da balança comercial (presente do mercado mundial), a saída da crise e recuperação da economia (resultado natural da reversão do ciclo econômico), etc.
Onde está a ação do governo nestes acontecimentos?
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram um quadro diferente e este sim é obra do governo.
Comparado com o último trimestre de 2017, o trimestre encerrado em março mostra uma desaceleração na produção industrial. O crescimento de 4,9%, em 2017, caiu para 3,1% agora. A produção de bens intermediários caiu 0,7%. Nos bens de consumo semi e não duráveis o crescimento de 2,8% desacelerou para 0,8%. Em março, a produção industrial caiu 0,1% e, dos 26 ramos pesquisados, 14 tiveram taxas negativas. A situação não foi pior por causa das exportações que cresceram 15,6% em quantum, segundo cálculos da Funcex.
Os dados do comércio também não são animadores. O indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostrou que as compras, em abril, em relação a março, caíram 0,1%, com os ajustes sazonais. O Índice de Confiança do Empresário do comércio (ICEC) no município de São Paulo mostrou uma queda de 0,2%, no mesmo período.
Nos bancos, a carteira de crédito dos 4 maiores, após 8 meses de queda, apresentou crescimento decepcionante de 0,6%
Por conta desses resultados todos começaram a reduzir as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018. O governo reduziu sua estimativa de 3% para 2,6% (dados do BC). O banco JP Morgan reduziu de 3% para 2,6% e o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2,8% para 2,6%.
Parece que o Elsinho Mouco, além de usar aparelho auditivo para ouvir o povo, vai ter de rebolar para dourar a pílula do governo Temer.
Para agravar a situação, o Departamento de Estudos Econômicos do banco Bradesco, com base nos dados do IBGE, calculou que 900 mil pessoas deixaram de integrar as classes A e B. Só a classe A (os que recebem salários superiores a R$11.001,00) perdeu 500 mil pessoas.
Enquanto isso, os 4 maiores bancos Banco do Brasil, Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander tiveram, no primeiro trimestre um retorno médio de 18,3%, quase 3 vezes o valor da Selic que, em março, ficou em 6,5%.
Para completar a semana tivemos as loucuras do presidente Trump que resolveu tocar fogo no oriente médio mudando a embaixada dos EUA para Jerusalém, retirando-se do acordo nuclear com o Irã e declarando uma guerra comercial com a China.
Haja coração!


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

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