Semana de 01 a 07 de julho de 2019
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Há 3 semanas falamos que a economia
continuava ladeira abaixo. Infelizmente temos de manter a mesma opinião.
A semana que passou, apesar de todo o
tumulto do futebol que prendeu todas as atenções, fornece novos indicadores. A
Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave) reviu suas previsões
de venda para baixo, de 11,15%, para 8,37%. Até então o setor das montadoras
estava com esperanças que eles escapariam da tendência geral da desaceleração.
As expectativas estavam deformadas por causa das vendas diretas efetuadas pelas
montadoras aos frotistas e locadoras. Estas vendas, no primeiro semestre, cresceram
23,59%, enquanto as vendas aos consumidores apenas 2,15%. Ocorre que estes
grandes compradores só renovam suas frotas a cada 2 anos ou mais e quando o
fazem lançam no mercado milhares de veículos usados a baixos preços.
Outro setor a lamentar-se é o de cerâmica e
de materiais de construção. A associação Nacional dos Fabricantes de
Revestimentos Cerâmicos (Anfacer) reviu sua projeção de crescimento, de 5% para
3,5% neste ano, tanto pela queda do consumo interno como das exportações. Para
esta queda tem contribuído as aplaudidas ações da Lava-jato que, não só puniu
alguns possíveis corruptos, como destruiu as grandes empresas da construção
Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Galvão
Engenharia, UTC Engenharia, Constran e OAS. Em dois anos a receita destas
empresas caiu 75%, passando de R$75,6 bilhões para R$18,3 bilhões, em 2017.
Isto significou também a perda de um milhão de empregos formais, entre 2014 e
2019, de acordo com o Sindicato da Construção Pesada e Infraestrutura (Sinicon),
quase 40% do desemprego observado neste período. Em 3 anos, de 2015 a 2018, a
receita líquida das construtoras encolheu 85%, de R$71 bilhões, para R$10,6
bilhões.
Para agravar a situação, além do Moro com
sua Lava-jato, o sinistro Guedes e seus “Chicago oldies”, a elogiada “equipe
dos pesadelos” atacam fortemente. As “despesas discricionárias” da União (onde
estão incluídos os investimentos), no primeiro quadrimestre de 2019, somaram
R$29,8 bilhões, mostrando uma queda de 53,2% em comparação com 2014. A parcela
destes gastos referentes ao Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e ao
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) caíram de R$21,3 bilhões, no
primeiro quadrimestre de 2014, para R$4,8 bilhões, no mesmo período de 2019.
Uma queda de 78%.
Para reverter este quadro, baseando-se na
sua insensata ideologia, o sinistro Guedes lança o seu programa de liquidação
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), começando por
obrigar o banco a devolver antecipadamente os recursos do Tesouro lá
depositados e liquidando a BNDESPar, empresa de participações do BNDES, que em
5 anos deu um retorno de 17,1% acima do índice IBOVESPA.
Sem o investimento privado e com esta queda
nos investimentos públicos o resultado não podia ser outro. Segundo dados da
Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em maio, a produção industrial caiu 0,2% sendo que a
Indústria de transformação recuou 0,5%. O resultado não foi pior porque a
indústria extrativa avançou 9,2%. Dos 26 ramos da manufatura 18 registraram
queda. No ano, a queda acumulada já atinge 0,7%. André Macedo, gerente da
pesquisa do IBGE lamentou-se: “Há uma anemia generalizada na indústria
brasileira que levará a outra queda do PIB industrial no segundo trimestre”. E
não se deve esperar nenhum refresco externo pois a economia mundial continua
sua marcha para uma nova crise.
Para completar a semana, a ação do ministro
do Meio Ambiente Ricardo Salles, na sua fúria para destruir a Amazônia, já está
destruindo o Fundo Amazônia, patrocinado pela Alemanha e Noruega, que já
aportou ao Brasil mais de US$1 trilhão.
Quase ao terminar esta análise recebemos as
tristes notícias dos falecimentos do jornalista Paulo Amorim e do economista
Francisco Oliveira a quem prestamos nossas homenagens, ao mesmo tempo que
lamentamos profundamente.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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