quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O mundo não colabora


Semana de 02 a 08 de setembro de 2019

Nelson Rosas Ribeiro[i]
           
Parece que a conspiração contra o país se tornou internacional. Internamente, segundo o governo, e em particular o clã dominante, ela parte dos intelectuais, professores, universidades, artistas, cantores, compositores, entidades populares, indigenistas, ecologistas, pastorais, sindicatos, partidos políticos, todos classificados como comunistas ou simpatizantes do comunismo. Conspiram contra o país e denigrem a nossa imagem no exterior.
Parece que estas forças sabotadoras estão atingindo seus objetivos. Os investidores externos estão retirando seus capitais do país. No mês de agosto, foram retirados da bolsa de valores R$10,79 bilhões, a maior fuga de capitais registrada desde janeiro de 1996, começo da séria histórica. No acumulado de 2019 esta retirada atinge R$21,23 bilhões. A demanda por dólares em fuga tem consequências no câmbio e tem obrigado o Banco Central (BC) a intervir no mercado vendendo divisas da reserva. A intervenção tem conseguido frear, mas não conter, a subida do preço do dólar cuja cotação continua pressionada para cima.
Mas, o problema não é só este. Os investidores estrangeiros continuam a sabotar não enviando seus capitais. Estão cada vez mais resistentes em investir no país por causa do que chamam “retrocesso civilizatório”. Os comunistas ecologistas nacionais convenceram os capitalistas do mundo a criarem os critérios ESB (sigla em inglês que reúne critérios sociais, ambientais e de governança). Há muitos fundos internacionais que não aplicam seus recursos se as empresas não atenderem a estes critérios. A situação de aumento do desemprego, da pobreza e da forme no país não colabora. Acrescentando algumas fogueirinhas de São João na Amazônia e o assassinato de índios e quilombolas não conseguiremos ultrapassar a maldita barreira ESG.
No entanto, o presidente ainda não está satisfeito. Usa sua verve para atacar autoridades de países estrangeiros poderosos como França e Alemanha de forma grotesca não se contendo em envolver nas suas declarações parentes de seus alvos, além de fazer elogios rasgados à ditadores e torturadores.
Assim estamos mal.
Temos ainda o agravante da crise internacional. Agora foi a produção industrial dos EUA que começou a desacelerar acompanhando a França e a Inglaterra. O reflexo disto aparece no fluxo do comércio internacional que está diminuindo, o que tem repercutido em nossa balança comercial. Só em agosto as exportações brasileiras caíram 8,5% e as importações 13,3%. No total a corrente de comércio reduziu-se 10,8%. O pior é que em produtos manufaturados a queda nas exportações foi de 25,8%.
A desaceleração da economia interna é a responsável pela queda das importações. Caíram as compras de bens de capital (-35%), combustíveis e lubrificantes (-34%) bens de consumo (-7,0%) e bens intermediários (-2,0%).
As notícias não são muito animadoras. Depois do segundo trimestre positivo, o terceiro trimestre começou com queda de 0,3% na produção industrial. Segundo o Instituto para o desenvolvimento industrial (Iedi) a produção continuará caindo e no ano haverá estagnação. Depois de 3 anos negativos o crescimento foi de 2,5% em 2017, 1% em 2018 e agora tende para 0%. Muito otimista o secretário de Política Econômica (SPE) A. Sachsida declarou que “agosto foi o fundo do poço” e em setembro retorna o crescimento. Veremos.
A tal recuperação prometida com as reformas da legislação trabalhista e da previdência continua teimosamente lenta. Deve ser culpa dos sabotadores empresários que insistem em não investir e do povo perverso que se recusa a comprar (só por maldade). Mas o próprio governo, ansioso pela recuperação, graças à “equipe dos pesadelos” comandada pelo sinistro Guedes, aplicando sua ideologia econômica da política de austeridade, dá sua contribuição. Na contramão, tenta reduzir ao mínimo as despesas do Estado e os investimentos.
Sem investimentos do Estado e privado onde iremos?

[i] Professor Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

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Um comentário:

  1. Sinceramente você não colabora , primeiro temos que arrumar a infraestrutura e até 2020 estará pronta e a produção , soja, laranja e outras ficaram mais baratas e claro se os governos diminuirem os ICMS , os brasileiros poderam gastar mais

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