Semana de 11 a 17 de maio de 2020
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Como era previsto, a “crise do covid-19”
segue seu rumo infetando e deixando um rastro de mortos pelo caminho. Já não
adianta citar os números, pois amanhã eles estarão desatualizados e caminhamos
para o primeiro lugar no podium. Seremos campeões com a ajuda de um presidente
fanático: Brasil acima de tudo.
Há, porém uma correção importante a fazer:
a crise não é do covid-19, mas uma crise econômica deflagrada pelo coronavírus,
para a felicidade dos economistas. Já
esquecemos as crises dos anos 70, 80, 90, 2000 e 2008 quando não havia vírus
nenhum. Para elas foram encontradas outras desculpas furadas: um bode
expiatório. Até 2018 se passaram 10 anos e, portanto, já era tempo de começar
mais uma fase de crise do ciclo econômico e ela se gestava desde o segundo
semestre de 2019. Nós já vínhamos alertando para isto. Basta ler as nossas
Análises do ano passado. Era uma grande mentira do Sinistro da Economia Paulo
Guedes a afirmação de que a economia do país estava se recuperando e foi
abortada pelo vírus. Foi uma pena a tragédia do covid-19. Daria mais satisfação
ver a derrota da política econômica, e da ideologia econômica a ela associada,
praticada por ele. Sua equipe agora tem um excelente pretexto: foi o
coronavírus e a quarentena decretada pelos governadores e a oposição.
Mas, ao passo em que os fatos se
desenvolvem Guedes vê sua crença no Estado mínimo ir para o buraco. Bem afirma
Claudio Considera, pesquisador do Ibre-FGV. Com ajuste fiscal não há
recuperação: “Esse raciocínio (ajuste fiscal) tem de ser jogado para o alto.
Essa agenda acabou. Não tem como insistir em ajuste com pandemia”. “Ou o
governo se convence disso ou não vai ter retomada em 2021”.
O Sinistro Guedes está a ponto de morrer de
infarte. Não é por outra razão que as ajudas monetárias aprovadas pelo
congresso se arrastam. Ele e sua equipe, propositadamente, adiam e atrasam a
liberação dos recursos. Cada real pago é uma facada na sua teoria louca. A
“equipe dos pesadelos” formada pelos “Chicago oldies” será a responsável pela
violência da queda da economia deste ano e pelas dificuldades da recuperação. A
reacionária burguesia que os apoia pagará caro pela austeridade fiscal da sua
ideologia. Aí está o desespero. Para eles, cada vida poupada pela quarentena
representa alguns milhares de reais que deixam de entrar na caixa. Por isso a
pressão pelo fim do isolamento social. Que morram os trabalhadores, pelo trabalho
ou pelo covid-19, mas que o dinheiro entre na caixa enquanto os senhores
empresários guardam, em suas mansões, uma rigorosa quarentena. Sua falta não é
sentida pois eles nada produzem.
O mais aberrante é que o presidente de um
país, que nem para capitão prestou, arma-se em médico, vendedor de remédios e
infectologista e com piadas de mau gosto gasta seu tempo violando a lei e
participando em manifestações ilegais. E nada acontece.
Enquanto para os trabalhadores os tostões
são liberados a conta gotas, e falta dinheiro para combater a pandemia, para os
bancos são liberados R$1,216 trilhões o que corresponde a 15,7% do PIB e daria
para comprar 6 respiradores por habitante e distribuir R$2.000,00 de subsídio
para cada um durante 3 meses.
Na economia a situação continua a
agravar-se. Sem trabalho, não há produção e sem salários não há consumo. A
consequência é o aprofundamento da crise. As estimativas para o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) são revistas para baixo. O boletim Focus do BC
estima uma queda de 10% para este ano. A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do
IBGE calculou uma queda de 2,3% para o primeiro trimestre e de 5,4% para São
Paulo, apenas em março. Neste mês a produção caiu em todos os estados. A
receita das empresas cai os prejuízos aumentam, o desemprego cresce. Segundo a
FGV no ano o desemprego chegará aos 18,7%. Em março o comércio encolheu 12,5% e
entre 15/3 e 2/5 o varejo caiu 56%. O dólar ronda os R$6,00, os investimentos
diminuíram e a receita do governo, em abril caiu 28%. Para completar a semana,
estoura o escândalo do vídeo da reunião dos ministros com cenas impublicáveis e
a pesquisa CNT/Instituto MDA mostrou que 43,4% consideram o governo ruim ou
péssimo e 32% bom (ainda é muito).
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Daniella Alves, Ingrid Trindade, Matheus Quaresma e Monik
Helen.
É impressão minha ou a análise econômica é toda embasada no viés esquerdista e no ódio da classe média? E q a culpa não é do vírus chinês??? É de quem a culpa? Dos mais de 20 anos de uma política populista e embasada na social democracia, do politicamente correto? Com certeza...e a economia estava sim se reerguendo, pois não tem como desfazer um estrago de mais de 14 anos de uma cleptocracia em apenas um...tudo aparelhado, inclusive as Universidades Federais...políticos são presos e soltos no dia seguinte, mas deixe de pagar a PA e veja o resultado...hiprocrisia...como graduado em economia por esta mesma universidade vejo a que ponto chegamos...sinceramente, mais economia e menos opinião pessoal...estamos cheios de especialistas, mas quero ver assumir o ministério da economia e aguentar a pressão...e sinistro é ler um artigo totalmente enviesado, parcial...uma lástima...esperava mais..
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