Semana de 11 a 17 de janeiro de 2021
Nelson Rosas Ribeiro[i]
A realidade está confirmando as previsões
sobre o que nos espera em 2021.
A segunda onda da covid-19 transforma-se em
tsunami. O sistema de saúde em Manaus e, aos poucos, no resto do Amazonas,
começa a entrar em colapso, o que era previsto. As pessoas já estão morrendo
nas ruas. Com a colaboração do general (des)intendente, que de nada entende, e
muito menos de pandemia, a situação complica-se. Não há insumos nem seringas
suficientes para a população, nem sequer oxigênio. Pagamos caro, agora, os
desaforos dementes de outro imbecil alçado a chanceler do país, contra a China
e a Índia, os maiores fornecedores de vacinas e componentes. Ernesto Araújo
queria que fossemos párias no mundo e conseguiu. Deve estar muito feliz.
Depois do brutal fracasso de seu plano de
sabotar o uso da Coronavac, o “psicopata agressivo, tosco e desprezível”, que,
para nossa vergonha, dirige o país, aparece com a maior cara de pau para dizer
que vai aplicar a Coronavac, chamada por ele de “vacina do Brasil”, embora
continue a insinuar que as pessoas possam virar jacaré, as mulheres criarem
bigode e que melhor seria fazer o tratamento precoce com cloroquina e remédio
para carrapato. Enquanto isso, o governador de São Paulo, Doria, em uma manobra
de marketing vacinou a primeira pessoa no país o que provocou um grande
bate-boca entre ele e o presidente. Entre outras coisas Doria culpou o
presidente pelo caos sanitário, de saúde e econômico atual provocados pelo
“governo incompetente”, de um “pária internacional”. “Ele gosta do cheiro da
morte” afirmou. Com medo de processos futuros o general (des)intendente,
sentado na cadeira de ministro da saúde, apressou-se a dizer que seu ministério
nunca recomendou tratamento precoce com essas drogas.
Se do lado da saúde vamos muito mal, do
lado da economia não poderia ser melhor. O problema é que os imbecis ainda não
descobriram que, nos dias atuais, da vacina depende a economia. Com a segunda
onda os decretos com as restrições às atividades não essenciais estão sendo
reeditados. O setor de serviços que estava retomando lentamente, em novembro
cresceu 2,6%, deverá desacelerar novamente. A covid prejudica a produção. As
estatísticas mostram que 10% dos afastamentos do trabalho se deveu ao
coronavirus. Foram 10.800 afastados. O medo da enfermidade leva as pessoas a
permanecer em casa. O desemprego não vai cair. Apesar da queda na demanda com o
fim do Auxílio Emergencial, a inflação teima em subir com a colaboração da
suicida política de preços da Petrobrás que elevou em 7,6% o preço da gasolina.
No setor automotivo, outra crise. A
montadora Ford, uma das mais antigas e importantes do país, resolveu fechar
todas as fábricas e retirar-se do mercado local. Especula-se agora se outras
montadoras farão o mesmo e qual o futuro desse ramo industrial. Discute-se o
tamanho da repercussão para a economia a começar pelo aumento do desemprego com
mais 50.000 novos desempregados e o efeito cascata sobre os outros setores. O
encerramento da Ford vem no seguimento de outros anteriores: a Audi, no Paraná
e a Mercedes-Benz automóveis.
Este ambiente derrubou os índices de
confiança calculados pelo Ibre/FGV. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
caiu para 78,5 pontos e o Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu para 95,2
(abaixo de 100 indica pessimismo). A FGV aponta como principais causas as
incertezas quanto à vacinação e a economia, a pandemia, o desemprego, o fim do
auxílio emergencial e a inflação de alimentos. A FGV apurou ainda que esta
incerteza leva os consumidores a manter suas poupanças e não aumentar o consumo
como se pensava. Diante desta situação a FGV prevê uma desaceleração da
economia no primeiro trimestre e mesmo em todo o primeiro semestre de 2021.
A nível internacional, a derrota de Trump quebrou as pernas do bolsonarismo. Quando encurralado Bolsonaro é capaz de jogar pedra na lua. Apelou mais uma vez para a ameaça de golpe militar usando como exemplo a tentativa de invasão do Capitólio nos EUA. Caso perca as eleições de 2022, aqui será muito pior. Preparemo-nos.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Ingrid Trindade, Guilherme de Paula, Monik H. Pinto e
Daniella Alves.
0 comentários:
Postar um comentário