Semana de 12 a 18 de julho de 2021
Nelson Rosas Ribeiro[i]
A semana começou com a divulgação da
pesquisa Datafolha pela Folha de São Paulo. O assunto pesquisado foi a
corrupção no governo Bolsonaro. O resultado é esmagador. 70% dos entrevistados
pensam que há corrupção no governo e 63% no Ministério da Saúde. 64% acreditam
que o presidente sabia de tudo. Só 33% pensam que não há corrupção. Até entre
os empresários 50% acreditam que há corrupção e 48% que não há. 68% dos que têm
curso superior acreditam que há corrupção.
Este é o governo que foi eleito contra a
corrupção. Não engana mais ninguém e à medida que as investigações da CPI do
Senado avançam a coisa fica ainda mais desmoralizante. Já há 2 inquéritos em
andamento na Polícia Federal para investigar o próprio presidente apesar de
todos os esforços do Procurador Geral da República (PGR) Augusto Aras para
impedir. Aliás, a bajulação do presidente pelo Aras já foi recompensada com sua
nova indicação para ocupar o cargo por mais 2 anos, uma vez mais desrespeitando
a lista tríplice onde não constava o nome dele.
Outra notícia preocupante foi a indicação
do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em substituição ao Marco
Aurélio Melo, que se aposenta. Como havia prometido, Bolsonaro indicou um
“terrivelmente evangélico”, o Advogado Geral da União André Luiz Mendonça.
Tais atos, juntamente com os
pronunciamentos no curral do Alvorada, desviaram de tal forma os fluxos
intestinais que o presidente entupiu o que o obrigou a um internamento em um
hospital de São Paulo. Claro que a gangue aproveitou a oportunidade para
recriar a imagem de mártir da facada atacando o PSOL, o PT, o comunismo etc.
Pelo menos por enquanto, parece que o curso do fluxo intestinal foi
restabelecido, embora continue fluindo também pelas palavras e ações.
No mundo, a situação segue seu curso. Temos
recuperação e controle da pandemia embora o banco Central dos EUA, o Fed.,
alerte para as políticas monetárias restritivas que devem ser usadas com
moderação. A pressa pode estragar tudo e a variante Delta anda a solta. É
preciso vacinar o resto do mundo. A economia da China ameaça reduzir o ritmo,
crescendo apenas 6% pois, no primeiro trimestre, cresceu 0,4% e no segundo
1,3%. Nos EUA, a economia vai bem, apesar da preocupante alta da inflação que
ameaça ultrapassar a meta de 2%. A explosão da construção civil eleva os preços
dos materiais, o que aumentou em 12,7% as exportações do Brasil de aço, cimento
e madeira no primeiro semestre. A União Europeia (UE) continua sua recuperação
e já se defende com medidas para reduzir 55% das emissões de carbono até 2030.
Para isto aprovou um protocolo que atinge suas empresas e criou uma taxação
progressiva chamada CBAM mecanismo de ajuste de carbono na fronteira. Este
mecanismo considerado “antidumping climático” afetará países como Rússia,
Turquia, China, Ucrânia, Índia etc. Dificulta também o “carbon linkage”, a
transferência para estes países das indústrias mais poluentes da própria UE.
Claro que a CNI já arrepiou o pelo pois as exportações de produtos de ferro,
aço, cimento, alumínio e fertilizantes serão atingidas.
No Brasil a alta das commodities favorecem
as exportações que batem recordes no setor do agronegócio. Voltamos a ser um
país agroexportador com a China absorvendo 38,7% de tudo. Em junho, apesar da
queda de 4,1% do volume exportado, o índice das cotações subiu 30,4%, em relação
à 2020. O superávit comercial cresceu 21,2%.
Apesar desta euforia e do crescimento do
setor de serviços, em abril, dos 177,1 milhões de pessoas aptas ao trabalho,
apenas 85,9 milhões estavam empregadas. 14,8 milhões estão desocupados e 33,3
milhões estão subutilizados, 29,7% da força de trabalho disponível. Outra ducha
fria para os otimistas: o Banco Central (BC) divulgou o IBC-Br de maio: queda
de -0,43% sobre abril. E a preocupação com a inflação acima da meta elevou a
previsão da Selic para 7,5%.
Tudo isto enquanto o residente ameaça novos passeios de moto e o sinistro Guedes faz discurso desastroso que derruba as ações da CSN e da Usiminas na bolsa.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Ingrid Trindade, Guilherme de Paula e Daniella Alves.
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