quinta-feira, 26 de maio de 2022

Delenda Moscou

Semana de 16 a 22 de maio de 2022

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

Nada mais apropriado para o momento do que a famosa frase do senador romano Marcio Porcio Catão que terminava seus discursos com a expressão “delenda est Cartago”. Cartago deve ser destruída. E efetivamente isto foi conseguido à custa de violência e traições. Não restou pedra sobre pedra. Entre os anos 264 e 146 antes de cristo as guerras púnicas tiveram este resultado. A cidade de Cartago foi totalmente destruída não restando pedra sobre pedra. Agora assistimos a uma histeria nunca vista a partir dos Estados Unidos, mobilizando todo ocidente para a santa cruzada contra a Rússia. É a luta do “mundo livre” contra a despótica Rússia (igualmente capitalista). Além de toda a mobilização feita na UE e na NATO o assunto foi levado para o Fórum de Davos na Suíça, e ocupa o centro dos debates. Já discursaram o ator Zelensky, representando o papel de presidente da Ucrânia e o diretor geral da OTAN, Jens Stoltenberg representando o militarismo ocidental. Estão presentes 300 chefes de estado e 1.250 empresários. Claro que não estão a Rússia, não convidada, e a China que se recusou a ir. Além da destruição da besta do apocalipse discute-se a crise mundial e o perigo da estagflação e da fome. Com sua fúria anti-russa os americanos esqueceram que seu verdadeiro inimigo é a China, como diz William Burns, diretor da Cia.

O Brasil está bem representado em Davos pelos sinistros Guedes da economia e Marcelo Queiroga da saúde. O presidente não se atreveu a ir. A posição do Brasil em relação à Rússia é delicada pois ela é o quinto maior exportador de produtos para o Brasil e responsável por 70% dos fertilizantes que consumimos. As exportações russas cresceram 89% de janeiro a abril.

Preocupado com seu isolamento os EUA fizeram várias tentativas para contornar esta situação. Uma delas foram as visitas feitas a vários países da Asia como Japão, Coreia do Sul e países da Asean. Aí ele tentou negociar acordos que infelizmente não agradaram os parceiros. Outra tentativa está sendo tentada para salvar a Cúpula das Américas, ameaçada de fracasso, com a ameaça de boicote do México, Peru e Bolívia, caso os americanos não revisem as restrições a Cuba e Venezuela e Nicarágua. A pressão já deu resultados pois já foram removidas algumas restrições à Venezuela e Cuba.

A ameaça de fome levou os países do G7 a preparar um plano de emergência. Foi constatado que 23 países já tomaram medidas restritivas para a exportações de produtos agrícolas, entre eles a Índia e o Egito com o trigo. Como os dois outros maiores produtores Rússia e Ucrânia que respondem por 27% do abastecimento estão impossibilitados, a situação torna-se muito grave. O Banco da Inglaterra (BoE) preocupa-se com os preços apocalípticos dos alimentos e começaram os apelos para que a Rússia abra corredores no mar Negro para escoamento do trigo da Ucrânia, já respondidos pelos russos: depois de retirarem as restrições dos ocidentais.

Este é o panorama mundial. Tudo caminha loucamente para a crise, a fome, a estagflação e a guerra. Escaparemos do apocalipse?

Desanimado e irritado com seu isolamento Bolsonaro resolve disputar as eleições mesmo continuando a preparar o golpe que não conta com grandes apoios internacionais. Mas, então vale tudo. Todos os métodos da velha política que ele tão bem praticou na sua passagem como deputado do baixo clero, até os métodos das velhas raposas do centrão agora aderentes aos seus planos. As perspectivas econômicas não são boas. PIB não terá crescimento de 2,1%, mas de 1,8%. O desemprego, em março, continua em 11,1%, e a inflação subiu de 4,7% para 6,5%. Para o ano a previsão é de 7,9% quando a meta é de 3,5%. No desespero o governo tenta de todos os modos conter a elevação dos preços. A Petrobras é apontada como culpada pelos combustíveis o que tem levado à demissão sucessiva dos presidentes e a Eletrobrás pela energia. Ninguém sabe como conter os preços são propostas soluções para empurrar com a barriga. É preciso deixar os aumento para depois das eleições. É o vale tudo. A bomba vai estourar nas mãos do ganhador. Mesmo com a possibilidade de ter uma bomba nas mãos é melhor. Ou? ...

Vamos ao golpe.


[i] Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Ana Isadora Maneguetti, Mariana Araújo e Nertan Alves.

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sábado, 21 de maio de 2022

Os bancos e a Petrobrás vão bem, o resto, nem tanto

Semana de 09 a 15 de maio de 2022

 

Lucas Milanez de Lima Almeida [i]

 

Como não poderia deixar de ser, o brasileiro tem reclamado bastante do preço dos combustíveis. Tem semana que sobe, tem semana que sobe mais ainda. Claro, isto afeta o bolso de todos nós, direta e indiretamente. Os atingidos diretamente são aqueles que têm algum automóvel e precisa adquirir o combustível para rodar. Os que são atingidos indiretamente são aqueles que veem o preço de outros produtos se elevarem, porque o custo com transporte tá mais caro (mas não só o frete, todos os derivados do petróleo).

Porém, outra coisa que chamou a atenção esta semana foi o lucro dos cinco maiores bancos do país: Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa. No Brasil, sempre houve uma reclamação generalizada sobre o quanto os bancos ganham a cada ano. Mesmo quando o PIB brasileiro caiu em mais de 3% por dois anos seguidos, em 2015 e 2016, esses cinco bancos lucraram R$ 70 bilhões e R$ 60 bilhões, respectivamente. Agora, nos três primeiros meses do ano de 2022, o lucro somado dessas instituições já chegou a R$ 27 bilhões. Apesar disso, o valor sequer chega perto do lucro da Petrobrás no mesmo período, que foi de R$ 45 bilhões. Sinal claro de que o descaramento do Governo Bolsonaro está maior do que o dos banqueiros.

Esses dados mostram valores obtidos pelas empresas nos três primeiros meses de 2022, período em que boa parte dos indicadores apontam, na melhor das projeções, um crescimento mísero, de 1,5%, no PIB brasileiro. Isto pode ser visto no Boletim Focus, uma publicação semanal do Banco Central, que reúne a previsão de algumas instituições sobre o futuro de variáveis econômicas selecionadas. Na mediana, é esperado um crescimento de 0,7% para a economia do Brasil em 2022.

O problema é que este mesmo Boletim Focus traz, pela 16º semana seguida, o aumento nas projeções da inflação brasileira para 2022. Segundo a última pesquisa divulgada pelo BC, a inflação medida pelo IPCA deve fechar o ano em 7,89%. No mercado de títulos, já estão apostando em inflação de 8,73%. Há quem fale em 9,5%.

Naturalmente, tudo isso são expectativas sobre o que pode, ou não, acontecer. Porém, quando se trata de um relatório divulgado pela autoridade monetária de um país, o Banco Central do Brasil, no caso, significa que essas expectativas do mercado irão interferir na política monetária do presente. Ou seja, o que essas instituições acham sobre o futuro irá influenciar o que o BC faz hoje, pensando nesse possível futuro. Dentre essas decisões, está a taxa de juros Selic, que já foi aumentada na última reunião e, espera-se, deve aumentar até o fim do ano.

Agora, voltamos à atividade econômica e ao PIB, que até apresenta recuperação, mas longe de um retorno pujante da geração de emprego e renda. Os serviços, em março, foram melhores do que se podia imaginar. Cresceram 1,7%. Com isso, de uma forma geral, os serviços já superaram o período pré-pandemia (7,2% acima) e estão quase tão bons quanto no começo de 2015 (que fechou com uma grave crise). Dentro dos serviços, só não se recuperaram dos prejuízos causados pela pandemia os Serviços Prestados às Famílias, que ainda estão com valores 12% abaixo do observado no início de 2020.

Por um lado, os serviços são importantes para o país e é bom que eles sejam retomados, pois correspondem a cerca de 70% do PIB brasileiro. Porém, é péssimo que uma economia como a brasileira dependa tanto do setor terciário. Não é de hoje que a literatura e a realidade econômica mostram a importância da existência de um setor industrial dinâmico, que seja capaz de gerar efeitos sobre si e sobre os demais setores da economia. Até para a qualidade dos serviços isto é fundamental, afinal, só é possível prestar serviços de qualidade e elevado nível de qualificação se o contratante necessitar deles.

Mantendo essa política econômica como está, nada vai mudar. Quem está satisfeito, se isente no pleito de 2022. Quem não, prepare-se!


[i] Professor do Departamento de Relações Internacionais da UFPB e Coordenador do PROGEB – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Maria Cecília Fernandes, Nertan Gonçalves e Alan Gomes.

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sexta-feira, 13 de maio de 2022

A hidra da estagflação

Semana de 02 a 08 de maio de 2022

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

Desde os finais do século passado, particularmente a partir da década de 60, os economistas debatem o fenômeno da inflação, tão terrível que já foi associado à figura de um dragão. O dragão da inflação tem sido combatido, mas é considerado invencível. Ninguém se propõe a exterminá-lo, mas a domá-lo, controlá-lo. Terminada a guerra observa-se que o fenômeno se tornou inerente à economia capitalista. Depois dos anos 70, porém, este dragão sofreu uma mutação: transformou-se em uma hidra, a hidra da estagflação, muito mais terrível. O processo inflacionário se caracterizava pela elevação generalizada dos preços, mas acompanhada da expansão da economia. Havia o aumento da produção. Para isto, a duras penas, a ideologia econômica oficial encontrou um remédio: a taxa de juros. O manual diz que quando a inflação aumenta eleva-se a taxa de juros. Quando a inflação diminui, reduz-se a taxa de juros. Como eles acreditam que a inflação é causada por excesso de demanda em relação a oferta, a solução é comprimir a demanda. Com a elevação dos juros dificultam-se os investimentos e o financiamento ao consumo. Com a redução da demanda os preços caem. É simples assim.

A partir dos anos 70 esta lógica é subvertida. Surge um aumento de preços, mas acompanhado de uma queda na produção e no consumo por falta de consumidores. A demanda encontra-se deprimida. Com a economia em desaceleração, desemprego e baixos salários, acentua-se a queda da demanda, mas, para surpresa de todos, os preços continuam a subir. É inflação na desaceleração. É a hidra da estagflação. Como diz a diretora gerente do FMI Kristalina Georgieva, “o crescimento cai e a inflação aumenta”, “a renda das pessoas cai e as dificuldades aumentam”.

Com o seu fanatismo ideológico as autoridades dos bancos centrais aplicam a única receita que a bíblia indica: os juros. Foi isto que ocorreu na recente reunião do Copom, órgão do Banco Central do Brasil (BC) encarregado da gestão da moeda e controle dos preços. Decidiram elevar a taxa Selic, taxa de juros de referência do governo, para 12,75% ao ano. Lembremos que em agosto de 2020 ela era 2%. Curiosamente o próprio BC afirma que a inflação no país é decorrente da pandemia do covid-19, do consequente desequilíbrio entre oferta e procura, do surto de covid na China, com os lockdowns e da guerra na Europa com a invasão da Rússia, todos fatores externos. Perguntaria o desavisado: e como a taxa de juros elevada pode afetar estes acontecimentos? A China, o covid, a Rússia, todos tremem diante da autoridade do BC brandindo ameaçadoramente sua poderosa taxa Selic?

Nesta marcha, sob o comando do sinistro da economia Paulo Guedes, e sua equipe de “Chicago oldies”, a recuperação da economia que se esboçava, abortou. Quais os prognósticos então?   A economia vai continuar desacelerando, a inflação prosseguirá esmagando a capacidade de consumo das pessoas, a situação econômica do país vai piorar. Tudo isto agravará a avaliação do governo e influenciará o resultado nas urnas.

O ambiente internacional vai evoluir na mesma direção. Diante das proclamações e decisões da União Europeia e da NATO a guerra vai continuar até o último ucraniano. Como bem diz Martin Wolf, editor e principal analista de economia do Financial Times, “O objetivo da política econômica é apoiar o esforço de guerra”. “O desafio é defender a civilização liberal da Europa.” É nestes termos que a situação está sendo tratada na Europa que, praticamente já está em guerra para destruir a Rússia. Apenas algumas organizações internacionais continuam a alertar para o perigo que se aproxima. A Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) cortou suas previsões para o crescimento do PIB mundial de 3,6% para 2,6%. Chamou a atenção para o perigo do aumento da insolvência e da crise global, paralização do desenvolvimento, aumento da inflação e da fome e surgimento de conflitos e revoltas. É neste clima que caminhamos para as eleições seriamente ameaçadas. Sinceramente, não acreditamos que o monstro e sua matilha esperarão sentados a derrota e marcha para a prisão. Não é por acaso que já aparecem nos veículos com bandeirinha o cartaz “Recuar jamais”.


[i] Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Ana Isadora Maneguetti, Mariana Araújo  e Nertan Alves.

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quinta-feira, 5 de maio de 2022

PNAD contínua vs Copom

Semana de 25 de abril a 01 de maio de 2022

 

Lucas Milanez de Lima Almeida[i]

           

De acordo com a PNAD contínua de abril, que traz os dados sobre janeiro, fevereiro e março de 2022, no Brasil havia 11,95 milhões de brasileiros desocupados, 8,35 milhões que se encontravam na chamada “força de trabalho potencial” (pessoas que desejavam trabalhar, mas, por algum motivo, estavam fora do mercado de trabalho) e outros 6,51 milhões de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas. No total, foram 26,81 milhões de brasileiros que poderiam estar contribuindo para a geração de riqueza no Brasil, mas que não puderam fazê-lo no primeiro trimestre de 2022.

Segundo a mesma PNAD contínua, a média do rendimento nominal das ocupações no Brasil foi de R$ 2.584, um valor inferior ao observado no mesmo período de 2021 (1º trimestre), quando o rendimento médio foi de R$ 2.789. A queda foi registrada em todas as categorias, desde o serviço público ao trabalhador doméstico com carteira assinada. A única elevação foi na remuneração mensal do trabalhador doméstico sem carteira assinada, que aumentou em R$ 14, chegando a um total de R$ 870. Olhando para as remunerações pela ótica da atividade econômica, apenas os ocupados na agropecuária e da construção civil tiveram aumento no rendimento médio mensal habitual: R$ 29 e R$ 113 a mais na comparação entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022, respectivamente. As ocupações que perderam na remuneração mensal foram as da Administração Pública (-R$ 671), da Indústria (-R$ 198) e de alguns Serviços prestados às Empresas (-R$ 175).

Pois bem, esse é o contexto onde se dão os preparativos para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Nesta reunião, é dada como certa a elevação na taxa básica de juros brasileira, que deve chegar a 12,75% ao ano. Como já dito nesta coluna em ocasiões anteriores, o motivo da elevação da Selic é sempre o combate à inflação, que chegou a 12,03% nos 12 meses encerrados em abril desse ano (pelo IPCA-15). Como agravante, dos 367 itens pesquisados, 289 tiveram aumento no mês de abril, ou seja, há uma difusão no aumento dos preços.

Obviamente, a inflação é péssima para a população, ainda mais ela superando os dois dígitos. O motivo é que isto piora o consumo da classe trabalhadora em geral, mas mais ainda o das classes mais baixas (D e E), que já representam mais de 51% dos domicílios brasileiros. Segundo o boletim Salariômetro da FIPE, apenas 17,7% das negociações coletivas realizadas entre abril de 2021 e março de 2022 resultaram em aumento salarial superior à inflação medida pelo INPC. Enquanto isso, para 35,6% das negociações, os aumentos foram iguais à inflação e, para 46,7%, a inflação aumentou mais do que o salário.

Como desgraça pouca é bobagem, há a possibilidade de os gargalos nas cadeias globais piorarem, tanto por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, quanto pela política de covid zero e lockdowns da China. Além disso, os EUA estão aumentando seus juros básicos, o que leva os especuladores daqui pra lá e encarece o dólar. Isto deve piorar a “inflação importada”, aquela que é causada por motivos externos ao Brasil. Por sua vez, no cenário interno, o Índice de Preços ao Produtor cresceu 3,13% apenas em março de 2022. Dentre os “vilões” dessa fortíssima inflação de custos estão: os derivados do petróleo, os alimentos, a indústria extrativa e alguns produtos químicos. Tudo isso na esteira de uma elevação de preços ao consumidor que ainda não dá sinais de cessão. Muito pelo contrário. Segundo o jornal Valor, há uma tendência para manter o repasse da elevação dos custos, tanto pelas indústrias quanto pelas empresas do comércio varejista. A previsão é de aumentos desde o aço à geladeira, dos eletrônicos aos refrigerantes, de nacionais à multinacionais.

Voltando ao Copom, sabendo que a inflação atual não tem sua origem em um excesso de demanda, peço que o caro leitor reflita: para além de melhorar a vida dos rentistas, aumentar os juros vai ajudar em que o Brasil?


[i] Professor do Departamento de Relações Internacionais da UFPB e Coordenador do PROGEB – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Maria Cecília Fernandes, Eduardo Oliveira e Alan Gomes.

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