quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Diminuem as estimativas de recessão mundial

Semana 23 a 29 de janeiro de 2023

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

A histeria da guerra da Ucrânia continua crescendo. O palhaço Zelensky, travestido de presidente, obediente aos comandos do Pentágono, sedento de sangue, continua pedindo mais armas, e os velhos caquéticos generais da OTAN, babando de ódio contra a Rússia, prometem atender aos pedidos. Agora falam em tanques mais modernos a serem enviados pelos alemães, ingleses e americanos, além de misseis e artilharia. Mas ainda é pouco. São bilhões de dólares sendo queimados na guerra.

As despesas com armas começam a pesar nos orçamentos dos países da OTAN, aumentando seu endividamento. O teto dos EUA para endividamento já estourou e o governo está sendo forçado a pedir ao parlamento um crédito extraordinário. Os problemas das fontes de energia estão longe de serem resolvidos. A Rússia passou a vender seu gás e petróleo para a China e outros países da Ásia e do Pacífico. As trocas comerciais e os laços econômicos entre estes países se estreitaram. Até o Brasil sai ganhando com estas mudanças nos fluxos econômicos mundiais, coisa que o governo Lula parece disposto a explorar. Aliás, são intensas as movimentações do governo neste sentido, relançando o Brasil no universo das nações, em busca dos espaços perdidos com a estupidez do governo anterior.

A situação internacional é que não tem dado grande ajuda. Apesar disto as consultorias e órgãos internacionais melhoraram um pouco seus prognósticos para o crescimento do PIB mundial. Agora reduziram os prognósticos de recessão na União Europeia e fala-se em crescimento de 0,1% para este ano. Para os Estados Unidos, no entanto, as perspectivas continuam de recessão. A “Conference Board”, por exemplo, calcula índices antecedentes que continuam a apontar a desaceleração da economia. Os ânimos estão mais otimistas, porém, diante da esperança de que a China, apesar da abertura e do fim do programa covid zero, consiga controlar a pandemia e retomar o crescimento. 

Surgem assim esperanças de que a economia mundial não entre em recessão neste ano, embora tenha crescimento muito baixo. A nova estrela que surge para melhorar os humores é a Índia que já está sendo apontada como o novo motor da economia mundial, graças à sua população de 1,417 bilhão de habitantes (maior que a da China). Acrescente-se que é uma população jovem, pois mais de 50% dela tem menos de 30 anos.

Resumindo a semana, as notícias econômicas aparecem um pouco melhores, mas não o suficiente para elevar os prognósticos para a economia local. O crescimento por cá continua a ser estimado entre 0,5% e 0,8% para este ano.

Apesar disso o Copom na sua reunião de quarta-feira, deverá manter a Selic em 13,75%, continuando a mais elevada do mundo. O argumento é o mesmo: a inflação continua acima do topo da meta.  Os diretores do nosso Banco Central, no seu fanatismo ideológico, não conseguem escutar nem os conselhos dos seus grandes mestres Lara Resende e Joseph Stiglitz. Não conseguem perceber que taxa de juros elevadas encarecem o capital, dificultam os investimentos e, consequentemente, prejudicam a recuperação das economias. Os juros elevados favorecem o capital financeiro, os especuladores e prejudicam o capital produtivo. Não é por outra razão que entidades como a CNI e a Fiesp tanto reclamam. Por que o capital produtivo vai investir se a maior parte de seus lucros serão drenados para o pagamento dos juros?

Outro aspecto a ser considerado é o aumento do custo da dívida para o Tesouro. Em 2020 este custo representou 7,15% do PIB; em 2021, representou 8,9% do PIB e em 2022, 10,8%. Considere-se que os títulos públicos indexados à Selic representam 40% do total emitido. Com esta elevação da Selic, a dívida pública subiu de R$ 6,9 trilhões para 7,6 trilhões, comprometendo 50% da receita. Foram pagos de juros aos rentistas um montante superior à soma dos orçamentos dos ministérios da Saúde, Educação, Previdência, Ciência e Tecnologia e Segurança. Mas o BC, em sua demência “autônoma”, acha que pode reestruturar a economia mundial com a sua taxa Selic. Onde iremos parar?


[i] Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares e Nertan Alves, Maria Cecília Fernandes.

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