Semana de 02 a 08 de outubro de 2023
Nelson Rosas Ribeiro [i]
Não é possível comentar os fatos da semana sem começar pela notícia que estourou como uma bomba no mundo. Militantes da organização palestina Hamas, após um intenso bombardeio com foguetes a partir da faixa de Gaza, invadiram o território de Israel. Para surpresa geral, conseguiram romper as grades e barreiras que cercam e isolam a faixa de Gaza e avançaram sobre o território de Israel destruindo casas e instalações, matando muitas pessoas e sequestrando outras.
Refeitos da surpresa e do susto, o exército de Israel reagiu e, após algumas batalhas, conseguiu conter a invasão, mas não conseguiu evitar que os militantes do Hamas levassem para o território da faixa de Gaza muitos prisioneiros como reféns. Como era de se esperar, ecoou no mundo o protesto do governo israelita contra a horda de terroristas sanguinários, que os agrediu selvagemente, matando mulheres e crianças indiscriminadamente. Ao mesmo tempo, foram iniciados os bombardeios de Israel contra o território de Gaza, matando igualmente civis e crianças.
Quase de imediato surgiram os protestos dos EUA e do restante do chamado mundo ocidental, encabeçado pela União Europeia e, aproveitando a oportunidade, se seguiram os ataques ao Irã, por ser o maior apoiador do Hamas.
Certamente, o clima de guerra no mundo vai piorar e o primeiro abacaxi caiu no colo do Brasil por ser, no momento, o atual presidente do Conselho de Segurança da ONU, que foi imediatamente convocado. A tensão está aumentando com declarações cada vez mais belicistas dos ocidentais. Membros do governo israelita então fazem declarações clamando pela eliminação completa do Hamas, que deverá ser varrido da face da terra. As nações mostram-se escandalizadas com a perversidade dos “terroristas” do Hamas, que atacaram uma nação pacífica e mataram muitos inocentes.
O que não está sendo levado em consideração?
Todos esquecem que Israel é um país agressor e que há mais de 56 anos ocupa os territórios da Palestina, que eram habitados pelos árabes palestinos. Desde 1948, quando foi criado por uma decisão da ONU, Israel vem expandindo seu território, tomando terras dos árabes, expulsando-os e confinando-os em guetos. Na divisão inicial da Palestina, feita pela ONU, aos judeus caberia 53,5% do território e aos árabes palestinos 45,4%. Através de guerras e todo tipo de violência, esta divisão não foi respeitada e os palestinos foram sendo encurralados em pequenas áreas e rigidamente controlados, tendo com frequência suas casas tomadas e destruídas. Calcula-se que atualmente existam 5.300 palestinos presos em presídios de Israel, sem qualquer processo legal, e um verdadeiro regime de “apartheid” foi instalado. Isto é denunciado por várias organizações internacionais, como a “Human Rights Watch”, e foi objeto de várias decisões da ONU, que não são cumpridas por Israel, até o presente. Agora, condena-se a ação do Hamas, considerado organização terrorista. Por que não se condena Israel, por realizar terrorismo de estado, como o que está acontecendo no momento, com os bombardeios indiscriminados de Gaza, que está matando crianças, civis, e mesmo funcionários da ONU?
Não pretendia ocupar tanto espaço com este assunto, mas a histeria da imprensa oficial e o berreiro das agências de notícias obrigaram-me a lembrar alguns fatos. E há muitos mais. Vamos aguardar os acontecimentos. Talvez tenhamos de voltar ao assunto diante da catástrofe que se avizinha.
Voltando ao panorama interno com a economia não temos grandes novidades. Apenas há um fato a lamentar que é a continuação da queda nos investimentos e a destruição de nosso setor produtor de bens de capital. O setor produtor de máquinas e equipamentos, que representam o grande motor do crescimento, vem tendo um desempenho cada vez mais fraco, diante das incertezas na economia, dos juros muito altos e da própria fraqueza da produção industrial. A FGV-Ibre estima que, neste ano de 2023, os investimentos sofrerão uma retração de 0,9%. Tanto a produção dos chamados bens de capital, quanto a importação destes bens, vêm ficando muito abaixo dos valores do ano passado.
Esta é uma notícia muito má para a equipe econômica do governo. Os prognósticos para a economia são preocupantes.
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