Semana 30 outubro a 05 de novembro de
2023
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Continua o massacre do povo palestino,
tornando-se cada vez mais evidentes os objetivos do Estado sionista de Israel.
Cada autoridade que faz uma declaração expõe as verdadeiras intenções genocidas
do governo Netanyahu. A luta contra o Hamas tornou-se o grande pretexto para
destruir e ocupar a Faixa de Gaza. As fotos e vídeos que são divulgados mostram
os detalhes da barbárie que está sendo praticada, com o apoio dos americanos e
a conivência da União Europeia. A retirada dos civis do norte de Gaza é dificultada
pelos bombardeios e destruição das infraestruturas. Agora, os bombardeios
estendem-se também ao sul, e a cidade de Gaza, cercada, está sendo reduzida a
um monte de escombros.
Discute-se o risco de ampliação da guerra
para os países vizinhos com a participação de outros movimentos armados e mesmo
de países. Os americanos já ameaçam abertamente o Irã, e para isto colocaram na
área dois porta-aviões e outros navios de guerra, o que foi acompanhado pelos
ingleses e franceses. Convém lembrar que nesta região se encontram 48% das
reservas globais de petróleo e aí foram produzidos 33% do petróleo em 2022.
Além disso, 20% deste petróleo passa pelo estreito de Ormuz que poderá ser fechado
pelo Irã.
Surgem apelos de cessar fogo humanitário
para retirada de feridos, prisioneiros e civis entre os quais três dezenas de
brasileiros, que Israel mantém como reféns na fronteira com o Egito. Todos os
apelos foram recusados. A arrogância de Israel é de tal ordem que até o
embaixador no Brasil julga-se no direito de ameaçar o governo e teve o
atrevimento de ir ao Congresso na companhia de Bolsonaro.
Esta turbulência no cenário externo leva à
incerteza para a economia. O Índice de Incerteza da Economia (IIE-Br),
calculado pela FGV Ibre, subiu 4,1 pontos, para 110,9 pontos, o maior patamar
desde maio. Isto apesar de o mercado de trabalho e o ambiente macroeconômico
permanecerem estáveis e a taxa de desemprego ter caído para 7,7%, no terceiro
trimestre. Aumenta o temor que o mercado do petróleo seja afetado.
Nos EUA, a situação está se complicando. Em
vésperas de ano eleitoral, quando o atual presidente tentará se reeleger, a
economia continua em expansão com baixo desemprego e criando problemas para o
Fed, Banco Central americano, que pretende aumentar ainda mais os juros,
atualmente entre 5,25% e 5,50%, pois a inflação continua resiliente e longe da
meta de 2%. Outro problema é o déficit no orçamento que, este ano, já está na
casa dos 8%.
Ao contrário dos EUA, a economia na região
do Euro desacelera, encolhendo 0,1% no terceiro trimestre. A Alemanha teve uma
queda no PIB de 0,1%, e a França cresceu apenas 0,1%. Analistas admitem a
possibilidade da região estar entrando em um período de estagnação econômica, o
que tende a piorar diante da campanha de aperto monetário levada pelo Banco
Central Europeu (BCE). As notícias que vêm da China também não são muito
favoráveis. As dificuldades do mercado imobiliário e a queda nas encomendas e
no consumo fazem prever que, em outubro, a atividade econômica cairá ainda mais
no campo negativo onde já se encontra, pois o Índice de Atividade Industrial
situou-se abaixo dos 50 pontos, ficando em 49,5.
Apesar deste quadro adverso, temos a
comemorar a condenação, à inelegibilidade por 8 anos e pagamento de multas,
pelo Tribunal Superior Eleitoral, de Jair Messias Bolsonaro e Walter Braga
Netto. Na economia, devemos saudar a queda do desemprego, no terceiro
trimestre, de 8,0% para 7,7%. O total de trabalhadores ocupados cresceu 0,9%,
chegando a 99,8 milhões, e a massa de rendimentos atingiu o recorde de R$
292,95 bilhões. Outro dado a comemorar é a criação de 929 mil vagas de
trabalho, das quais 630 mil (67,8%) no setor formal. O número de trabalhadores
por conta própria também cresceu 1%.
O fato negativo da semana foi o bate-boca, dentro do governo, por causa da previsão de déficit zero no orçamento para o próximo ano, depois da declaração de Lula de que não era tão importante e poderia ser alterado.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Helen
Tomaz, Letícia Rocha e Raquel Lima.
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