Semana 13 a 19 de novembro de 2023
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Não temos como iniciar esta análise sem
fazer referências ao massacre do povo palestino, que continua implacável diante
da passividade dos países do mundo. Os protestos começam a aumentar, diante da
expansão das perversidades cometidas pelo estado sionista de Israel. Como já
referimos, em análise anterior, os métodos utilizados por Israel aproximam-se
dos métodos usados pelos exércitos nazistas e, em alguns aspectos, ultrapassam
em crueldade. A propaganda sionista conseguiu vender a ideia do “direito de defesa
de Israel” (o agressor tem direito de se defender), do direito de o “povo de
deus” voltar para a “terra prometida”, além de explorar a culpa pelo
holocausto. A consigna de “uma terra sem povo para um povo sem terra”, diante
do fato da terra ter um povo, para ser realizada, precisa que o povo da terra
seja retirado. É o que eles estão fazendo. Com ingenuidade ou má fé agem os que
ainda não conseguiram entender, que este é o objetivo do Estado sionista de
Israel: remover ou exterminar a população palestina, da Palestina, para que ela
se transforme em “uma terra sem povo”.
Diante disto, é legítimo supor que o ataque
do Hamas ocorreu em um momento oportuno e pode ter tido por trás o dedo da
inteligência israelita. Eles já foram capazes de treinar e armar o próprio
Hamas, contra o Fatah e a OLP, quando isto lhes foi conveniente. E continuam a
fomentar todas as divergências entre árabes fornecendo dinheiro e armas a
diferentes grupos rivais, sempre escudados no poderio dos EUA. Na atual guerra,
mantendo-se fiel a sua tradição truculenta, Israel, mais uma vez, não cumpre as
decisões da ONU e muito menos do Conselho de Segurança negando-se a dar uma
trégua e suspender os bombardeios para a retirada das populações. Netanyahu
recusa negociar a libertação dos reféns, em Gaza, apesar dos protestos
internos. Os prognósticos continuam muito negativos, mesmo com as pressões
vindas de todos os lados.
Estava a terminar esta análise quando foi
divulgada a informação de que serão feitas negociações para a troca de
prisioneiros e o estabelecimento de uma trégua de alguns dias, para que isto
seja possível. Esperamos que os entendimentos tenham êxito. Parece que o
governo Netanyahu foi obrigado a ceder diante dos protestos da população,
dentro do país e no exterior.
Outro importante acontecimento da semana
foi a eleição do presidente da Argentina. Para decepção geral o eleito foi o
demente Javier Milei, que consegue ser pior que o Bolsonaro. Com um discurso
histérico e desequilibrado, conquistou o eleitorado desesperado com a difícil
situação econômica do país e a descrença nos políticos. Espera-se agora o pior,
embora se saiba que as promessas tresloucadas feitas por ele, dificilmente
serão implementadas. Mais uma fonte de tensões e desequilíbrios para nossa tão
sofrida América do Sul e que compromete o Mercosul, já condenado pelo novo
presidente.
A atenção provocada por estes dois
acontecimentos tirou do foco todas as demais preocupações, que tumultuam o
panorama mundial. Voltemos então a atenção para as questões internas.
Continua a luta pelo orçamento com o
centrão e a direita procurando inviabilizar, de todos os modos, as iniciativas
do governo, em sua tentativa de fazer crescer a economia. O esforço para manter
o déficit primário zero é permanentemente sabotado. Há forte resistência em
aprovar medidas para aumentar a receita, o que compromete o prometido
equilíbrio fiscal. O parlamento tenta de todas as maneiras manter o controle
sobre o orçamento, através das “emendas individuais e de bancada”. Querem agora
criar mais um tipo de emenda: a de “bancadas temáticas”. Para isto será preciso
transferir recursos de outros títulos para pagar estas emendas, considerada de
execução obrigatória.
As perspectivas para o crescimento da
economia já não são muito boas e a situação tende a deteriorar-se no terceiro
trimestre. Um dos sinais para isto é a queda da arrecadação de 0,34%, em
setembro, e desaceleração do setor de serviços, a queda sazonal do agronegócio,
a redução dos investimentos e da produção industrial que, em setembro, cresceu
apenas 0,1%. No acumulado do ano até setembro houve um recuo de 0,2%. Os únicos
sinais favoráveis vieram do mercado de trabalho, que registrou uma taxa de
desocupação de 7,7%, e do comportamento da inflação, que caiu para 0,24% em
outubro, chegando o acumulado no ano a 4,82%, perto do teto da meta
As perspectivas para 2024 pioraram. Teremos dificuldades.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Helen
Tomaz e Raquel Lima.
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