quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Economias em desaceleração: o ciclo econômico em marcha

Semana 27 de novembro a 03 de dezembro de 2023

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

Vamos começar falando de três fatos que marcaram a semana.

 Como era de se esperar, o tresloucado fascista Milei começou a desdizer tudo que havia dito durante a campanha. Reconhecendo sua incompetência, transferiu a seu aliado Macri, também direitista, mas não louco, o comando econômico de seu governo. Como representante do capital, o ex-presidente Macri passou a ditar a nova ordem: nada de romper com o Brasil, nem com a China, nem vai acabar o Banco Central, não vai dolarizar a economia, não vai sair do Mercosul etc. Além de tudo, Milei apressou-se a escrever ao Lula, convidando-o para sua posse. Claro que o Lula recusou o convite. De qualquer forma, é de se prever dificuldades para a política na América do Sul.

Outro acontecimento importante foi a morte do Henry Kissinger, que foi secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional dos presidentes dos EUA, Nixon e Gerald Ford, além de servir como conselheiro e assessor internacional de vários outros governos, até sua morte, aos 100 anos. Hábil negociador, foi o grande construtor do fim da guerra do Vietnam, ganhando o Prêmio Nobel da Paz por isto.  No que diz respeito à América Latina foi o assassino, a mente doentia que concebeu e orientou os golpes militares e as atrocidades cometidas no Brasil, Chile e Argentina. Ficou nos devendo todos estes crimes.

O terceiro acontecimento não poderia deixar de ser as brutalidades do Estado nazista sionista de Israel, que continua o massacre do povo palestino, levando a guerra ao sul de Gaza, para onde empurrou toda a população, que agora não tem para onde ir. As atrocidades continuam a acontecer, com a conivência dos americanos e da União Europeia, que continuam tagarelando sobre o direito de defesa contra os bárbaros do Hamas. Nada mais está fora do alcance dos bombardeios: escolas hospitais, igrejas, abrigos da ONU, residências, tudo virou alvo. Enquanto isto ocorre, a propaganda sionista tem sido tão ofensiva que, mesmo jornalistas com alguma credibilidade sentem-se intimidados em condenar as brutalidades que estão sendo cometidas. Quando se sentem obrigados a fazer algum comentário, dedicam o dobro do tempo a criticar os terroristas do Hamas. São lamentáveis, ainda, as atitudes de entidades judaicas no Brasil, as quais,      comprometendo-se com o governo do corrupto e assassino de Netanyahu, continuam a emitir comunicados em defesa do Estado de Israel, endossando a política sionista de extermínio da população palestina.

Feitos estes comentários passemos às questões econômicas. Para nós que trabalhamos com a análise de conjuntura são importantes os acontecimentos do dia a dia. Como a evolução da economia é dinâmica, as coisas podem mudar de um momento para outro. E quando ocorrem fatos que, embora não econômicos, influem nos fenômenos econômicos, as coisas tornam-se ainda mais complexas. Embora façamos críticas ao modo como são calculadas as estatísticas, temos de nos basear nos dados que são publicados pelos órgãos oficiais como o IBGE, o Ipea, o Banco Central etc.

 Na semana passada o Professor Lucas Milanez mostrou como a lei dos ciclos econômicos continua comandando a evolução da economia mundial e, como consequência, a brasileira. A análise feita, então, pode agora ser complementada com os dados que foram publicados, referentes ao terceiro trimestre do ano. Segundo estes dados, o Produto Interno Bruto (PIB), no terceiro trimestre, em relação ao segundo, cresceu apenas 0,1%. Os serviços e a indústria cresceram 0,6% cada um, e o consumo das famílias cresceu 1,1%. A agropecuária teve um “crescimento negativo”, isto é, decresceu -3,3%. A construção civil também decresceu -3,8% e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu -2,5%. Esta é a parte mais negativa dos dados. Como sabemos, a FBCF é o indicador dos investimentos e estes são os grandes responsáveis pela decolagem da economia. Por este ângulo, as coisas não estão boas. Quando olhamos a realidade internacional o ambiente também é desanimador. Embora as estimativas de recessão tenham diminuído, aumentam cada vez mais as previsões de “pouso suave” para a economia mundial. A Comissão Europeia reduziu sua previsão de crescimento para a União Europeia de 0,8% para 0,6%, em 2023. A Alemanha deverá ter uma contração de -0,5%. Para este ano, o FMI prevê que o mundo crescerá 3% e no próximo 2,9%.

Na América Latina, a Argentina encontra-se em total desorganização, o México deve desacelerar de 3,2%, em 2023, para 2,1%, em 2024. Por aqui, o governo também prevê desaceleração. E não teremos condições de reverter este quadro, sem falar nas sabotagens que temos de enfrentar na Câmara e Senado.

 Mais uma vez, todos os olhares se voltam para a China que, infelizmente, enfrenta também seus problemas, principalmente no setor imobiliário. Não são boas as expectativas para o novo ano de 2024.


[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Helen Tomaz e Raquel Lima.

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