Semana 27 de novembro a
03 de dezembro de 2023
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Vamos começar falando de três fatos que
marcaram a semana.
Como
era de se esperar, o tresloucado fascista Milei começou a desdizer tudo que
havia dito durante a campanha. Reconhecendo sua incompetência, transferiu a seu
aliado Macri, também direitista, mas não louco, o comando econômico de seu
governo. Como representante do capital, o ex-presidente Macri passou a ditar a
nova ordem: nada de romper com o Brasil, nem com a China, nem vai acabar o
Banco Central, não vai dolarizar a economia, não vai sair do Mercosul etc. Além
de tudo, Milei apressou-se a escrever ao Lula, convidando-o para sua posse.
Claro que o Lula recusou o convite. De qualquer forma, é de se prever
dificuldades para a política na América do Sul.
Outro acontecimento importante foi a morte
do Henry Kissinger, que foi secretário de Estado e conselheiro de Segurança
Nacional dos presidentes dos EUA, Nixon e Gerald Ford, além de servir como
conselheiro e assessor internacional de vários outros governos, até sua morte,
aos 100 anos. Hábil negociador, foi o grande construtor do fim da guerra do
Vietnam, ganhando o Prêmio Nobel da Paz por isto. No que diz respeito à América Latina foi o
assassino, a mente doentia que concebeu e orientou os golpes militares e as
atrocidades cometidas no Brasil, Chile e Argentina. Ficou nos devendo todos
estes crimes.
O terceiro acontecimento não poderia deixar
de ser as brutalidades do Estado nazista sionista de Israel, que continua o
massacre do povo palestino, levando a guerra ao sul de Gaza, para onde empurrou
toda a população, que agora não tem para onde ir. As atrocidades continuam a
acontecer, com a conivência dos americanos e da União Europeia, que continuam
tagarelando sobre o direito de defesa contra os bárbaros do Hamas. Nada mais
está fora do alcance dos bombardeios: escolas hospitais, igrejas, abrigos da
ONU, residências, tudo virou alvo. Enquanto isto ocorre, a propaganda sionista
tem sido tão ofensiva que, mesmo jornalistas com alguma credibilidade sentem-se
intimidados em condenar as brutalidades que estão sendo cometidas. Quando se
sentem obrigados a fazer algum comentário, dedicam o dobro do tempo a criticar
os terroristas do Hamas. São lamentáveis, ainda, as atitudes de entidades
judaicas no Brasil, as quais,
comprometendo-se com o governo do corrupto e assassino de Netanyahu,
continuam a emitir comunicados em defesa do Estado de Israel, endossando a
política sionista de extermínio da população palestina.
Feitos estes comentários passemos às
questões econômicas. Para nós que trabalhamos com a análise de conjuntura são
importantes os acontecimentos do dia a dia. Como a evolução da economia é
dinâmica, as coisas podem mudar de um momento para outro. E quando ocorrem
fatos que, embora não econômicos, influem nos fenômenos econômicos, as coisas
tornam-se ainda mais complexas. Embora façamos críticas ao modo como são
calculadas as estatísticas, temos de nos basear nos dados que são publicados
pelos órgãos oficiais como o IBGE, o Ipea, o Banco Central etc.
Na
semana passada o Professor Lucas Milanez mostrou como a lei dos ciclos
econômicos continua comandando a evolução da economia mundial e, como
consequência, a brasileira. A análise feita, então, pode agora ser complementada
com os dados que foram publicados, referentes ao terceiro trimestre do ano.
Segundo estes dados, o Produto Interno Bruto (PIB), no terceiro trimestre, em
relação ao segundo, cresceu apenas 0,1%. Os serviços e a indústria cresceram
0,6% cada um, e o consumo das famílias cresceu 1,1%. A agropecuária teve um
“crescimento negativo”, isto é, decresceu -3,3%. A construção civil também
decresceu -3,8% e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu -2,5%. Esta é a
parte mais negativa dos dados. Como sabemos, a FBCF é o indicador dos investimentos
e estes são os grandes responsáveis pela decolagem da economia. Por este
ângulo, as coisas não estão boas. Quando olhamos a realidade internacional o
ambiente também é desanimador. Embora as estimativas de recessão tenham
diminuído, aumentam cada vez mais as previsões de “pouso suave” para a economia
mundial. A Comissão Europeia reduziu sua previsão de crescimento para a União
Europeia de 0,8% para 0,6%, em 2023. A Alemanha deverá ter uma contração de
-0,5%. Para este ano, o FMI prevê que o mundo crescerá 3% e no próximo 2,9%.
Na América Latina, a Argentina encontra-se
em total desorganização, o México deve desacelerar de 3,2%, em 2023, para 2,1%,
em 2024. Por aqui, o governo também prevê desaceleração. E não teremos
condições de reverter este quadro, sem falar nas sabotagens que temos de
enfrentar na Câmara e Senado.
Mais uma vez, todos os olhares se voltam para a China que, infelizmente, enfrenta também seus problemas, principalmente no setor imobiliário. Não são boas as expectativas para o novo ano de 2024.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Helen
Tomaz e Raquel Lima.
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