Semana de 1 a 7 de janeiro de 2024
Lucas Milanez de Lima Almeida [i]
Caro leitor, 2024 chegou e já começo o texto desejando feliz ano novo! No ano passado tivemos muitas dificuldades, mas também avanços. Tivemos até que sair do negativo e retornar à estaca zero, tendo em vista alguns retrocessos trazidos pelos governos anteriores. Tivemos também os projetos que afrontaram muitos eleitores de Lula, bem como aqueles que mantiveram os privilégios de classe. Dito isto, vale a pena mencionar três coisas que precisaremos enfrentar este ano.
Para começar, teremos eleições municipais. Pode não parecer, mas os prefeitos de cada uma das milhares de cidades brasileiras têm sua importância no cenário nacional. Para iniciar o raciocínio, pensemos naquilo que chamamos no Brasil de “curral eleitoral”. Essas “localidades” são lideradas por um ou outro grupo de indivíduos que conduzem a cena política. Por isso mesmo, eles têm uma conexão estreita (pelo menos de 2 em 2 anos) com os políticos que atuam em Brasília. Assim, de forma indireta, o pleito deste ano será um termômetro e um fiel da balança para o governo Lula.
A eleição de certos prefeitos e vereadores, mais alinhados ao campo progressista, pode servir para aliviar a pressão que as propostas do governo atual enfrentam no Congresso Nacional. Isto porque, ao compor a base eleitoral dos políticos de Brasília, os políticos locais podem atuar como correia de transmissão entre municípios e a capital do país. Assim, a cobrança feita pela população pode ser mais influente, bem como a prestação de contas. Um deputado federal já pensa duas vezes antes de aprovar um projeto que afete negativamente seus eleitores, sobretudo aqueles mais ligados às redes sociais. Pior será se em sua cidade ou região ganharem políticos que não se alinham a ele.
Um segundo problema que tem atuado para frear os projetos federais, em especial os da área econômica, é o Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto. Como se sabe, atualmente o BC goza de autonomia na gestão da política monetária e tem sabotado fortemente a política econômica, ao manter os juros excessivamente elevados. A dita autonomia também inclui a independência dos mandatos do presidente do banco e do presidente do país. Cada um deles passa 4 anos no cargo, mas de forma não sincronizada. Campos Neto começou seu mandato em 2021 e pode sair do cargo em dezembro de 2024. Caberá à Lula retirá-lo, ou não.
A
preço de hoje, a saída de Campos Neto é tida como certa. Porém, sabemos que
Lula é o mestre da negociação e da conciliação. Ou seja, não me surpreenderia
se Campos Neto fosse reconduzido, desde que tivesse mais flexibilidade.
Entretanto, a motivação não estaria na figura do atual presidente do BC em si,
mas nos acordos que Lula pode firmar com a fração bancária/financeira da
burguesia. Seria algo como a “pacificação” dos militares neste começo de 2024,
quando Lula retirou da pauta alguns debates que desagradam os
O último problema abordado aqui é a fase do ciclo econômico mundial, que está em “pouso suave”. Segundo estudos da ONU, a economia mundial deve desacelerar seu crescimento em 2024, quando comparado com 2023. Apesar das expectativas apontarem para uma Europa menos ruim no ano que se inicia, estudos indicam desaceleração nos EUA e na China. Nesse caso, não temos o que fazer no curto prazo. O possível é preparar a estrutura produtiva para quando a economia mundial voltar a crescer com vigor. E isto só acontecerá se forem adotadas as políticas econômicas adequadas, que têm na “neoindustrialização” um grande norte.
O que 2024 já mostra é que agora devemos enfrentar os problemas mais imediatos e remediar os que não têm jeito. Enfim, o ano que se inicia não muda muito em relação aos anteriores, com a diferença de que não temos mais um fascistóide energúmeno na presidência. O problema é que restaram os fascistóides não tão energúmenos andando por aí como se fossem “cidadãos de bem”. Contra estes é que deve ser nossa luta.
Falando nisso, sabe aquele seu amigo, vizinho ou patrão que vai se candidatar a vereador? Antes de mais nada, procure saber qual o partido ou coligação do qual ele faz parte. Se for do centrão, que tal repensar o voto? Além disso, também está no rol de ações possíveis a tradicional campanha de boca a boca, “tal como faziam os fenícios...”.
[i] Professor do DRI/UFPB, do PPGCPRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB. (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram: Guilherme de Paula, Valentine de Moura, Helen Tomaz, Gustavo Figueiredo, Letícia Rocha e Paola Arruda.
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