quarta-feira, 3 de abril de 2024

Indicadores mostram que crescimento da economia se mantém

Semana de 25 a 31 de março de 2024

 

Rosângela Palhano Ramalho [i]

            

Caro leitor, é com grande satisfação que retorno à função de redatora das análises de conjuntura do PROGEB. A semana começa com fatos que revelam duas interfaces aterradoras do espectro político brasileiro. A primeira, se apresenta com o desfecho do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, após seis anos do ocorrido. A prisão dos mandantes do crime, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, (deputado federal e atual conselheiro do TCE-RJ, respectivamente, bastante conhecidos na esfera criminal) e o ex-chefe da Polícia Civil do Estado Rivaldo Barbosa, expôs a infiltração das milícias no Estado, a partir do envolvimento e da cooptação de agentes públicos. A segunda, se mostra a partir da reportagem que revelou o pavor que acompanha o ex-presidente Jair Bolsonaro. Interpretando que seria preso no Carnaval em virtude da apreensão do seu passaporte pela Operação Tempus Veritatis, o ex-presidente se escondeu na Embaixada da Hungria entre os dias 12 e 14 de fevereiro. Com a cristalina intenção de pedir asilo político, o investigado declarou que sua estada teve como objetivo “manter contatos com autoridades do país amigo.”

Em meio a este cenário trágico, a economia nacional segue crescendo, conforme já destacado em nossas últimas publicações. Várias entidades já revisaram para cima a previsão de crescimento do PIB em 2024 e a queda da taxa de juros de 11,25% para 10,75% com viés de baixa para a próxima reunião do Copom é outro elemento positivo a ser frisado, uma vez que juros mais baixos contribuem para estimular o investimento produtivo. Outra boa notícia vem do mercado de trabalho. Em fevereiro, foram criadas 306,1 mil vagas formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo está bem acima daquele projetado pelas medianas das diversas instituições que previam a criação de 230 mil vagas, obrigando-as a rever suas estimativas pelo segundo mês consecutivo. Além disso, verificou-se em março, o aumento da procura pelos serviços, principalmente daqueles intensivos em mão de obra. Os indicadores que constatam esta informação são a aceleração de preços do setor que ultrapassa os 6% e a alta do Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que alcançou seu maior nível desde outubro de 2022.

O governo tem se esforçado para fortalecer a economia nacional. Esta semana foi lançada uma ação federal que certamente trará reflexos na economia. O Programa Pé-de-meia fornecerá um incentivo financeiro a estudantes do ensino médio do setor público com o objetivo de garantir a permanência e a conclusão dos alunos nesta etapa escolar. Serão dez parcelas de R$ 200,00 por ano estudado, R$ 1.000,00 na conclusão de cada ano e mais R$ 200,00 pela participação do Enem. Estes recursos, à medida que forem injetados no sistema econômico, estimularão o consumo interno de bens e serviços.

As relações do Brasil com o exterior estão sendo restabelecidas aos poucos e buscam fomentar o crescimento interno. Esta semana o Brasil recebeu a visita do presidente francês Emmanuel Macron. Os dois países lançaram um programa de investimentos em bioeconomia na Amazônia no valor de 1 bilhão de euros, o que equivale a 5,4 bilhões de reais. Os recursos virão de uma parceria entre bancos públicos brasileiros e a Agência Francesa de Desenvolvimento. E, na intenção de expandir o leque de investimentos do país, o presidente Lula e a ministra do Planejamento Simone Tebet viajarão nas próximas semanas à Colômbia, Chile e Bolívia. Serão apresentados projetos de infraestrutura que compõem o projeto Rotas de Integração, que prevê alternativas de saída para o Pacífico e uma interligação entre Manaus e portos do Norte às Guianas. Como resultado, espera-se fortalecer o comércio intrarregional por meio do encurtamento do tempo de viagem dos produtos aos seus destinos.

Proativa, a gestão econômica do atual governo federal se opõe radicalmente à gestão anterior, que optou por não governar e alimentou cuidadosamente os desvarios mentais e reacionários dos que dela faziam parte. Felizmente, a realidade atual demonstra que o país está superando aquele quadriênio obscurantista, que quase nos levou ao caos. Por outro lado, restam velhas carpideiras que “alertam” insistentemente para os “altos riscos” da melhora na economia e sequer se desculpam por estarem reavaliando constantemente suas expectativas à medida que a realidade se impõe.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br, rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram os pesquisadores: Brenda Tiburtino, Valentine de Moura e Ryann Felix.

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