Semana de 25 a 31 de
março de 2024
Rosângela Palhano Ramalho [i]
Caro leitor, é com grande satisfação que
retorno à função de redatora das análises de conjuntura do PROGEB. A semana
começa com fatos que revelam duas interfaces aterradoras do espectro político
brasileiro. A primeira, se apresenta com o desfecho do assassinato da vereadora
carioca Marielle Franco e de seu motorista, após seis anos do ocorrido. A
prisão dos mandantes do crime, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, (deputado
federal e atual conselheiro do TCE-RJ, respectivamente, bastante conhecidos na esfera
criminal) e o ex-chefe da Polícia Civil do Estado Rivaldo Barbosa, expôs a
infiltração das milícias no Estado, a partir do envolvimento e da cooptação de
agentes públicos. A segunda, se mostra a partir da reportagem que revelou o
pavor que acompanha o ex-presidente Jair Bolsonaro. Interpretando que seria
preso no Carnaval em virtude da apreensão do seu passaporte pela Operação
Tempus Veritatis, o ex-presidente se escondeu na Embaixada da Hungria entre os
dias 12 e 14 de fevereiro. Com a cristalina intenção de pedir asilo político, o
investigado declarou que sua estada teve como objetivo “manter contatos com
autoridades do país amigo.”
Em meio a este cenário trágico, a economia
nacional segue crescendo, conforme já destacado em nossas últimas publicações.
Várias entidades já revisaram para cima a previsão de crescimento do PIB em
2024 e a queda da taxa de juros de 11,25% para 10,75% com viés de baixa para a
próxima reunião do Copom é outro elemento positivo a ser frisado, uma vez que
juros mais baixos contribuem para estimular o investimento produtivo. Outra boa
notícia vem do mercado de trabalho. Em fevereiro, foram criadas 306,1 mil vagas
formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O saldo está bem acima daquele projetado pelas medianas das diversas
instituições que previam a criação de 230 mil vagas, obrigando-as a rever suas
estimativas pelo segundo mês consecutivo. Além disso, verificou-se em março, o
aumento da procura pelos serviços, principalmente daqueles intensivos em mão de
obra. Os indicadores que constatam esta informação são a aceleração de preços
do setor que ultrapassa os 6% e a alta do Índice de Confiança de Serviços (ICS)
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que alcançou seu maior nível desde outubro de
2022.
O governo tem se esforçado para fortalecer
a economia nacional. Esta semana foi lançada uma ação federal que certamente
trará reflexos na economia. O Programa Pé-de-meia fornecerá um incentivo
financeiro a estudantes do ensino médio do setor público com o objetivo de
garantir a permanência e a conclusão dos alunos nesta etapa escolar. Serão dez
parcelas de R$ 200,00 por ano estudado, R$ 1.000,00 na conclusão de cada ano e
mais R$ 200,00 pela participação do Enem. Estes recursos, à medida que forem
injetados no sistema econômico, estimularão o consumo interno de bens e
serviços.
As relações do Brasil com o exterior estão
sendo restabelecidas aos poucos e buscam fomentar o crescimento interno. Esta
semana o Brasil recebeu a visita do presidente francês Emmanuel Macron. Os dois
países lançaram um programa de investimentos em bioeconomia na Amazônia no
valor de 1 bilhão de euros, o que equivale a 5,4 bilhões de reais. Os recursos
virão de uma parceria entre bancos públicos brasileiros e a Agência Francesa de
Desenvolvimento. E, na intenção de expandir o leque de investimentos do país, o
presidente Lula e a ministra do Planejamento Simone Tebet viajarão nas próximas
semanas à Colômbia, Chile e Bolívia. Serão apresentados projetos de
infraestrutura que compõem o projeto Rotas de Integração, que prevê
alternativas de saída para o Pacífico e uma interligação entre Manaus e portos
do Norte às Guianas. Como resultado, espera-se fortalecer o comércio
intrarregional por meio do encurtamento do tempo de viagem dos produtos aos
seus destinos.
Proativa, a gestão econômica do atual governo federal se opõe radicalmente à gestão anterior, que optou por não governar e alimentou cuidadosamente os desvarios mentais e reacionários dos que dela faziam parte. Felizmente, a realidade atual demonstra que o país está superando aquele quadriênio obscurantista, que quase nos levou ao caos. Por outro lado, restam velhas carpideiras que “alertam” insistentemente para os “altos riscos” da melhora na economia e sequer se desculpam por estarem reavaliando constantemente suas expectativas à medida que a realidade se impõe.
[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram os pesquisadores: Brenda Tiburtino,
Valentine de Moura e Ryann Felix.
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