segunda-feira, 17 de junho de 2024

Continua o crescimento do PIB no primeiro trimestre

Semana de 03 a 09 de junho de 2024

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

A divulgação pelo IBGE dos dados sobre o crescimento do PIB, no primeiro trimestre, provocou inquietação nos arautos do caos. O IBGE apontou um crescimento de 0,8%, número muito superior às estimativas do “mercado”. Agora, instituições financeiras correm para alterar suas previsões. O Goldman Sachs, por exemplo, corrigiu as suas para o ano, de crescimento de 1,9%, para 2,1%. O Barclays de 1,9% para 2,2% e o BNP Paribas reafirmou os seus 2,2%. A agropecuária cresceu 11,3% e os serviços 1,4%. Dentro dos serviços, o comércio cresceu 3%. Apenas a indústria decresceu -0,1%, embora a indústria de transformação tenha crescido 0,7%. O aspecto negativo veio da indústria extrativa, que decresceu 0,4% e da indústria da construção, que recuou 0,5%.

 Outro fato positivo a comemorar foi a Formação Bruta de Capital Fixo, indicador dos investimentos, que cresceu 4,1%, resultando em uma taxa de investimento de 16,9%. Este número só não é mais significativo por causa do aumento das importações. As exportações cresceram 0,2%, mas as importações 6,5%, o que significa que o saldo da balança comercial diminuiu. Este dado, somado ao aumento das importações, provoca uma consequência negativa. As importações dos bens de capital aumentaram, o que deslocou para fora do país o impulso que este aumento de demanda provocaria na economia interna. Como consequência, o ritmo de crescimento e sua sustentabilidade são enfraquecidos.

Apesar destes números positivos, os profetas do caos ampliam seu berreiro. Começam as previsões de que a recuperação vai acabar. Pacheco e Lira trabalham ativamente com este objetivo. Na Câmara Lira tenta criar o caos com a pauta ideológica, decidindo pala urgência na votação da chamada “lei dos estupradores”, que equipara o estrupo à crime, prevendo uma pena maior para a vítima do que para o criminoso. O escândalo é de tal ordem que Pacheco já pôs o pé no freio e afirmou que não tem pressa para votar a matéria. É uma armação para trazer o governo para a pauta ideológica. Ao discutir a matéria e opor-se a ela, o governo dará o pretexto para ser taxado de “abortista”.

Enquanto a pauta ideológica é levantada no Congresso, o presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto deita discurso, transformando-se em líder da oposição ao governo. Há a intenção de criar o descrédito do BC, diante das mudanças que ocorrerão na diretoria, incluindo a substituição do próprio presidente Roberto Campos. Como se não bastassem as dificuldades naturais causadas pelas enchentes no RS, Campos sai por aí afirmando que as expectativas da inflação estão se deteriorando com o afrouxamento da política fiscal do governo e o aumento das despesas. Levanta suspeitas sobre as futuras indicações do governo Lula, que mudarão a composição da diretoria do BC, e consequentemente do Copom. Insinua que este novo BC tomará decisões políticas de acordo com os interesses do governo, como se as decisões tomadas por ele não fossem políticas, visando o favorecimento do setor financeiro e prejudicando o crescimento da economia. Sugere também que o processo de redução da taxa Selic chegou ao fim, já na próxima reunião do Copom.

O aumento das pressões é complementado pela campanha dos três grandes jornais o Globo, o Estadão e a Folha que passaram a atacar violentamente o governo.

Como vemos a situação continua tensa e os inimigos do país não dormem. Insistem na pregação do caos, encastelados no Congresso e no próprio governo, procurando criar as maiores dificuldades para a execução das políticas públicas prometidas.

 Infelizmente, não posso também dar boas notícias do exterior. A situação igualmente vem se deteriorando. Agora são os acordos firmados pelos governos dos países ocidentais, em relação a Gaza e a Ucrânia. Novas armas, mais agressivas e potentes, que possibilitem os ataques ao território da Rússia são prometidas, o que provoca declarações de retaliação por parte do governo russo. Continuamos marchando em direção à intensificação da guerra nas duas frentes e assistindo ao aumento da possibilidade do conflito atômico. Convém lembrar que um país que possui um arsenal nuclear não perde uma guerra.


[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Paola Arruda, Brenda Tiburtino, Raquel Lima e Paulo Vitor.

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