Semana de 03 a 09 de
junho de 2024
Nelson Rosas Ribeiro[i]
A divulgação pelo IBGE dos dados sobre o
crescimento do PIB, no primeiro trimestre, provocou inquietação nos arautos do
caos. O IBGE apontou um crescimento de 0,8%, número muito superior às
estimativas do “mercado”. Agora, instituições financeiras correm para alterar
suas previsões. O Goldman Sachs, por exemplo, corrigiu as suas para o ano, de
crescimento de 1,9%, para 2,1%. O Barclays de 1,9% para 2,2% e o BNP Paribas
reafirmou os seus 2,2%. A agropecuária cresceu 11,3% e os serviços 1,4%. Dentro
dos serviços, o comércio cresceu 3%. Apenas a indústria decresceu -0,1%, embora
a indústria de transformação tenha crescido 0,7%. O aspecto negativo veio da
indústria extrativa, que decresceu 0,4% e da indústria da construção, que
recuou 0,5%.
Outro fato positivo a comemorar foi a Formação
Bruta de Capital Fixo, indicador dos investimentos, que cresceu 4,1%,
resultando em uma taxa de investimento de 16,9%. Este número só não é mais
significativo por causa do aumento das importações. As exportações cresceram
0,2%, mas as importações 6,5%, o que significa que o saldo da balança comercial
diminuiu. Este dado, somado ao aumento das importações, provoca uma
consequência negativa. As importações dos bens de capital aumentaram, o que
deslocou para fora do país o impulso que este aumento de demanda provocaria na
economia interna. Como consequência, o ritmo de crescimento e sua
sustentabilidade são enfraquecidos.
Apesar destes números positivos, os
profetas do caos ampliam seu berreiro. Começam as previsões de que a
recuperação vai acabar. Pacheco e Lira trabalham ativamente com este objetivo.
Na Câmara Lira tenta criar o caos com a pauta ideológica, decidindo pala
urgência na votação da chamada “lei dos estupradores”, que equipara o estrupo à
crime, prevendo uma pena maior para a vítima do que para o criminoso. O
escândalo é de tal ordem que Pacheco já pôs o pé no freio e afirmou que não tem
pressa para votar a matéria. É uma armação para trazer o governo para a pauta
ideológica. Ao discutir a matéria e opor-se a ela, o governo dará o pretexto
para ser taxado de “abortista”.
Enquanto a pauta ideológica é levantada no
Congresso, o presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto deita
discurso, transformando-se em líder da oposição ao governo. Há a intenção de
criar o descrédito do BC, diante das mudanças que ocorrerão na diretoria,
incluindo a substituição do próprio presidente Roberto Campos. Como se não
bastassem as dificuldades naturais causadas pelas enchentes no RS, Campos sai
por aí afirmando que as expectativas da inflação estão se deteriorando com o
afrouxamento da política fiscal do governo e o aumento das despesas. Levanta
suspeitas sobre as futuras indicações do governo Lula, que mudarão a composição
da diretoria do BC, e consequentemente do Copom. Insinua que este novo BC
tomará decisões políticas de acordo com os interesses do governo, como se as
decisões tomadas por ele não fossem políticas, visando o favorecimento do setor
financeiro e prejudicando o crescimento da economia. Sugere também que o
processo de redução da taxa Selic chegou ao fim, já na próxima reunião do
Copom.
O aumento das pressões é complementado pela
campanha dos três grandes jornais o Globo, o Estadão e a Folha que passaram a
atacar violentamente o governo.
Como vemos a situação continua tensa e os
inimigos do país não dormem. Insistem na pregação do caos, encastelados no
Congresso e no próprio governo, procurando criar as maiores dificuldades para a
execução das políticas públicas prometidas.
Infelizmente, não posso também dar boas notícias do exterior. A situação igualmente vem se deteriorando. Agora são os acordos firmados pelos governos dos países ocidentais, em relação a Gaza e a Ucrânia. Novas armas, mais agressivas e potentes, que possibilitem os ataques ao território da Rússia são prometidas, o que provoca declarações de retaliação por parte do governo russo. Continuamos marchando em direção à intensificação da guerra nas duas frentes e assistindo ao aumento da possibilidade do conflito atômico. Convém lembrar que um país que possui um arsenal nuclear não perde uma guerra.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Paola Arruda, Brenda Tiburtino, Raquel Lima e
Paulo Vitor.
0 comentários:
Postar um comentário