quarta-feira, 24 de julho de 2024

Conjuntura nacional melhora e economia crescerá acima do previsto em 2024

Semana de 15 a 21 de julho de 2024

 

Rosângela Palhano Ramalho [i]

           

Caro leitor, há algum tempo os indicadores da economia brasileira vêm apresentando sinais animadores. Mas precisamos usar um filtro depurador no noticiário, pois tornou-se rotina, o uso do “se”, do “mas” e do “apesar”, quando se trata de reconhecer que a atividade econômica está aquecida e que o governo tem contribuído para tal. De um lado, temos as viúvas do bolsonarismo, que, como fiéis participantes de uma seita, ignoram os crimes de seu líder e ainda atacam os acertos do atual mandatário. De outro, temos um grupo inebriado por um instrumental teórico comprovadamente falho, a destilar seu horror à política econômica direcionada aos pobres e aos efeitos produzidos por ela.

O fato é que o recuo dos juros iniciado em agosto de 2023 melhorou as condições de financiamento interno, favorecendo o consumo e a atividade produtiva. Estes efeitos passaram a ser observados já no último trimestre de 2023 e foram consolidados no crescimento de 0,8% no primeiro trimestre de 2024. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), apurou a melhora das condições internas e a atribuiu ao ciclo de queda dos juros, fazendo com que o crescimento da indústria se situasse acima da média mundial. Em ranking composto por 116 países o Iedi posicionou a produção industrial brasileira no primeiro trimestre deste ano entre as 50 melhores, com o Brasil ocupando a 45ª colocação. Outros dois levantamentos, divulgados esta semana, confirmam esta tendência. A LCA Consultoria, registrou recordes nas demissões voluntárias entre abril e maio. Este é um indicador importante porque mostra que o mercado de força de trabalho está aquecido ao ponto de os trabalhadores estarem se afastando, a pedido, para, provavelmente ocuparem postos de trabalho com maior nível de remuneração. Outra sondagem importante foi feita pela Eletros, associação dos fabricantes de eletrônicos, eletrodomésticos e portáteis. As indústrias do setor bateram recorde de vendas no primeiro semestre do ano, alcançando o volume de 51,5 milhões de unidades vendidas ao varejo, alta de 34%, quando comparada a 2023.

Quando olhamos para o agregado nacional, percebe-se que o crescimento econômico extrapolou o primeiro trimestre. Segundo o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a economia brasileira cresceu 0,3% em maio, perante abril. É o melhor resultado dos primeiros cinco meses do ano e, segundo o órgão, a alta foi impulsionada pelos investimentos produtivos, já que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 4,5% no trimestre finalizado em maio. Novas compras de máquinas e equipamentos provocam um efeito de arrastamento em toda a economia, já que a capacidade produtiva do país está sendo ampliada.

Um alento vem do Sul. A queda da economia gaúcha causada pelas enchentes foi revertida rapidamente devido a intervenção dos governos. Embora a economia do Rio Grande do Sul tenha registrado queda de 9% em maio, em relação a junho, segundo o Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR), a economia brasileira, cresceu 0,25% no mesmo período, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador trimestral da economia gaúcha, que comporta juntos os meses de março, abril e maio, registrou alta de 0,2%, revertendo o resultado de maio. Junho começou com números animadores. O Itaú Unibanco apurou que a contração de 27,9%, em maio, das transações realizadas via cartão de crédito ou pix para o setor de serviços foi revertida para alta de 1,2%. A queda de 16,7% das compras de bens do varejo ampliado, reverteu-se em alta de 20,1%, e outras recuperações significativas foram registradas nos setores de material de construção, móveis e eletrodomésticos e no segmento de escritório, informática e comunicação. Com isso, as perspectivas pessimistas relativas ao impacto no PIB nacional estão sendo revertidas.

O Ministério da Fazenda resolveu não mudar a previsão e continua projetando um crescimento de 2,5% do PIB para este ano, e o presidente Lula chegou a afirmar que “se o dinheiro que colocamos em circulação nesse país estiver rodando, a gente vai crescer mais do que 2,5%.” Tal percepção foi reafirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cogitou a revisão para cima da taxa oficial já nos próximos dias.

Portanto, parece redundante alertar que esta é a realidade e que não adianta fingir que ela inexiste. Entretanto, o jornalismo econômico está repleto de opiniões impregnadas de ranços políticos e ideológicos que comprometem as análises e ajudam a propagar ignorância. Agora, a imprensa é obrigada a noticiar mais um dissabor: o aquecimento da economia. O resultado reforça que as “vontades” – nem boas, nem más – não impedem a evolução dos fatores objetivos que conduzem a economia. Gostem ou não... E pelo visto, o segundo semestre estará guarnecido de boas notícias no âmbito econômico.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br, rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram os pesquisadores: Brenda Tiburtino, Valentine de Moura, Gustavo Figueiredo e Raquel Lima.

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quarta-feira, 17 de julho de 2024

A economia, a aprovação de Lula e o próximo ataque do “mercado”

Semana de 08 a 14 de julho de 2024

 

Lucas Milanez de Lima Almeida [i]

 

A semana passada terminou com boas notícias para Lula. Como se noticiou nos principais veículos de comunicação (não tanto quanto se fosse uma notícia ruim), o aumento da aprovação do presidente foi captado por mais um instituto de pesquisa. Dessa vez, foi a Quaest que, em julho de 2024, registrou que 54% dos brasileiros aprovam o trabalho que o presidente Lula está fazendo. Esse percentual está acima dos 50% de maio de 2024, mas bem abaixo dos 60% de agosto de 2023 (a máxima desse terceiro mandato).

A pesquisa já trouxe indicativos relevantes sobre o motivo da aprovação. Na seara econômica, ela melhorou, pois o Brasil aumentou a contratação de trabalhadores e a renda por eles recebida, sobretudo para quem ganha menos. O trabalho de Lula só é mais desaprovado do que aprovado dentre aqueles que recebem mais de 5 salários mínimos, 54% contra 42%, respectivamente. Dentre os que têm renda entre 2 e 5 salários mínimos, a aprovação é de 50% e a desaprovação, 47%. Por sua vez, a esmagadora maioria dos que ganham até 2 salários mínimos aprova o governo Lula 3 (69% contra 26%).

Não demorou e muitas foram as análises que relativizaram esses dados. Naturalmente, pesquisa de opinião é um bom o marco sobre o que a população acha de um governante. Mas, certamente, alguns eventos próximos à pesquisa podem ajudar ou atrapalhar no resultado. Nesse contexto, os que buscaram desqualificar a melhoria na opinião pública sobre Lula apontaram como fator importante os discursos recentes do presidente sobre três temas específicos, chamando-os de “populistas”: a defesa da valorização do salário mínimo e dos benefícios sociais, a defesa da isenção da carne como item da cesta básica e as críticas às altas taxas de juros (política do Banco Central).

Porém, curiosamente, esses são os pontos que o “mercado” normalmente ataca quando o assunto é a “disciplina” fiscal. São, principalmente, as políticas que beneficiam a parte mais numerosa da população brasileira, a dos pobres. E não são poucos os que defendem cortes de gastos a todo custo. Por exemplo, alguns até propõem a desvinculação das aposentadorias e dos benefícios sociais do salário mínimo. Sabe o que isto significa? Significa que os aposentados e os atendidos por programas de renda mínima não teriam reajuste nos seus benefícios, quando os salários se reajustassem. Ou seja, em algum momento algumas famílias passariam a receber um rendimento abaixo do (salário) mínimo previsto em lei. Para os demais que recebem um pouco mais que o mínimo, por causa da inflação, restaria consumir cada vez menos remédios, alimentos, lazeres, etc.

Ideias desse tipo são muito velhas e começaram a surgir ainda nos anos 1960, como uma crítica ao chamado Estado de Bem-Estar Social. Este era um pacto social onde, através do Estado, os ganhos econômicos eram mais bem distribuídos entre empresários e trabalhadores. Havia políticas de manutenção do emprego, da produção e da renda. Havia assistência social efetiva para a classe trabalhadora. Mas, a grave crise dos anos 1970 escancarou uma dura realidade: no capitalismo, o Estado não pode gerir o “mercado” em condições “normais”. Seria necessário, defendiam eles à época e os nossos liberais atuais, que o “mercado” voltasse a regular a geração e a distribuição da riqueza. Ao Estado só caberia aparar algumas arestas neste processo. Vieram, então, as reformas neoliberais.

Historicamente, o PT sempre foi o principal partido brasileiro quando o assunto é a luta pelos direitos dos trabalhadores. Contudo, para chegar ao poder, os presidentes eleitos pelo partido, Lula e Dilma (ele mais do que ela), cederam às mais diversas pressões vindas das cantigas neoliberais. É compreensível que essas concessões ao empresariado aconteçam em alguma medida, afinal, esse ainda é o capitalismo. Mas, o tamanho do golpe sobre a classe trabalhadora sempre vai depender da conjuntura econômica do país, bem como da correlação de forças entre as classes e frações de classes sociais (as disputas entre elas pela apropriação da riqueza e pelo poder político).

Lula já prometeu que não mexeria no orçamento que atende aos mais pobres (provavelmente, a classe média é quem vai pagar). Porém, a situação econômica atual, apesar de melhor, ainda está longe daquela dos anos 2000. Como o Congresso Nacional e o Banco Central têm jogado contra, resta à opinião pública ser o contrapeso dessa inevitável disputa. Sabendo disso, estejam certos de que o “mercado”, cada vez mais, vai defender as reformas que atingem diretamente os mais pobres e, indiretamente, seu maior inimigo, a popularidade do Presidente da República.


[i] Professor do DRI/UFPB, do PPGCPRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB. (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram: Ryann Félix, Maria Vitória Freitas, Maria Fernanda Vieira, Lara Souza, Valentine de Moura, Gustavo Figueiredo e Paola Arruda.

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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Desvalorização cambial: um olhar além da responsabilidade fiscal

Semana de 01 a 07 de julho de 2024

 

Paola Teotônio Cavalcanti de Arruda[i]

Lucas Milanez de Lima Almeida [ii]

 

A contínua desvalorização do real nas últimas semanas tem gerado um intenso debate sobre o fenômeno monetário-financeiro internacional. Muitas opiniões apontam a irresponsabilidade fiscal como a principal culpada pelos sucessivos declínios do valor do real frente ao dólar, a moeda de referência do sistema monetário global.

Para entender a situação, é preciso ir além da justificativa de que o déficit fiscal ou mesmo as falas do Presidente Lula seriam os culpados por todas as mazelas econômicas no país. Precisamos compreender que as instabilidades cambiais que se apresentam estão mais relacionadas à forma como o sistema monetário internacional se constitui, que a problemas internos à nossa economia. Isso ocorre porque as economias emergentes, como o Brasil, enfrentam movimentos recorrentes de fluxos de capitais (especulativos), alternando entre períodos de abundância e escassez de moeda estrangeira.

O que acontece é que, durante os períodos de abundância, essas economias atraem grandes volumes de investimentos externos, resultando na apreciação de suas moedas e na expansão do crédito doméstico. No entanto, esses influxos são frequentemente seguidos por saídas súbitas de capital, desencadeando desvalorizações cambiais ou até mesmo crises financeiras. Esse movimento alternado, que algumas vezes destoa do ciclo típico das economias capitalistas, tende a ser impulsionado por fatores externos. Os maiores exemplos são a política monetária dos Estados Unidos e a liberalização das contas de capital, que tornam as economias emergentes vulneráveis às especulações dos mercados globais. A interação entre a globalização financeira e as políticas monetárias de influência internacional amplifica a instabilidade, dificultando a manutenção de um equilíbrio entre crescimento econômico e estabilidade cambial nessas regiões.

Assim, para conter os efeitos da globalização e manter a liquidez financeira, cada país tem adotado uma estratégia. No caso do Brasil, adotamos uma política de juro hostil desde a década de 1990, que prejudica o crescimento da indústria e atinge negativamente nossa capacidade exportadora, ao mesmo tempo em que torna a manufatura dependente das importações. Por exemplo, de acordo com estudo da Cefeb-Fipe, confirmadas as projeções nos juros para o fim de 2024, as despesas financeiras das empresas nacionais teriam um aumento de 73%. Ainda segundo o estudo, isto tornaria insuficiente a geração de caixa para essas empresas pagarem suas dívidas.

Ao ter que assumir a responsabilidade pelos efeitos das dinâmicas financeiras globais, o país enrijece sua política monetária ainda sob a lógica do que chamamos de tripé macroeconômico. Isso limita o leque de possibilidades na solução dos seus problemas econômicos internos. Se a questão é inflacionária, a resposta deve ser uma nova “meta contínua de inflação”, de 3% ao ano. A justificativa: gerar “maior previsibilidade para investimentos de longo prazo”. Somando-se a isso vem a proposta de um “arrocho” fiscal, que corta em R$ 25,9 milhões as despesas obrigatórias para 2025, conforme anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, se há deterioração no câmbio, o remédio “óbvio” é o aumento da taxa Selic e a manutenção de uma política de juro agressiva, para manter a “credibilidade” do Banco Central.

Cortam-se os gastos fazendo um “pente-fino” nos cadastros de beneficiários de programas sociais. Nos grandes meios de comunicação, uma nova reforma para o INSS passa a ser defendida e veiculada como necessária. Mal se fala sobre onerar os mais ricos, ou suprimir as emendas parlamentares. Também pouco se comenta sobre os impactos da política de juros nos setores da indústria brasileira e sobre como isso afeta negativamente a geração de renda, emprego e desenvolvimento no país. Nem mesmo se menciona as muitas centenas de bilhões de reais que saem do orçamento direto para o pagamento dos juros da dívida pública (cada 1% da Selic custa em torno de R$ 30 bilhões). E a corda segue arrebentando para o lado mais fraco: o do povo.

Portanto, atribuir a desvalorização do real exclusivamente a fatores internos, como a “irresponsabilidade fiscal”, é adotar uma visão simplista e negligente das verdadeiras causas dessas variações na economia brasileira. A resposta do Brasil a essas pressões externas tem sido uma política monetária rígida e uma abordagem fiscal austera, que, por trás do discurso de estabilidade econômica, prejudica o crescimento industrial e a balança comercial do país. A solução para as crises cambiais e inflacionárias precisa considerar a complexidade das interações globais, para promover um crescimento adequado e um desenvolvimento socioeconômico inclusivo no país.


[i] Pesquisadora do PROGEB e Graduanda em Relações Internacionais (UFPB). (paolatc.arruda@gmail.com).

[ii] Professor do DRI/UFPB, do PPGCPRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB. (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram: Ryann Félix, Guilherme de Paula, Lara Souza, Valentine de Moura e Paola Arruda.

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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Decisão do Copom: derrota ou vitória?

Semana de 24 a 29 de junho de 2024

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

            

A publicação da ata da reunião do Copom veio tentar reforçar os argumentos que sustentaram as decisões de interromper a redução da Selic. Em nada reforçaram, porém, a justeza da decisão. Não é necessária muita teoria para se concluir que uma taxa de juros elevada em nada afeta as “incertezas econômicas externas”, ou seja, para esta causa o remédio apontado é inútil. Outro argumento usado pelo Boletim Focus, as “perspectivas desancoradas” do mercado também não sofrem qualquer alteração. Melhor seria se proibissem o próprio presidente, Campos Neto, de falar as bobagens que influem nas “expectativas”. Como os jornais noticiaram, ele andou por aí discursando e difamando o BC futuro, que será constituído com nomes indicados pelo presidente Lula.

Nos jantares e cerimônias de que participou, como a promovida pelo governador de São Paulo, fez questão de levantar suspeitas sobre o novo Banco Central (BC), no que tem sido ajudado pelo coro dos grandes jornais. O outro argumento usado, sobre a elevação das projeções de inflação, igualmente não se justifica, pois o próprio BC calculou que o IPCA teve uma elevação de apenas 0,06%. O último argumento é o da “resiliência da atividade econômica”. Aí fica clara a verdadeira intenção do BC: dificultar o crescimento da economia. Quanto pior, melhor!

É a confirmação das denúncias feitas aqui nesta coluna: para o BC, a desgraça do país é o crescimento da economia, a queda do desemprego, que está no patamar mais baixo dos últimos 10 anos, a elevação dos salários, que provoca o aumento do consumo etc. Muita razão tem o presidente Lula ao denunciar o Roberto Campos Neto como agente do atraso. É lamentável que os partidos e as forças sociais não façam esta denúncia e as próprias entidades empresariais, que começaram a se pronunciar, não aumentem o coro dos protestos.

 O papel nefasto da elevação dos juros para a atividade econômica é reconhecido por várias teorias. Não é preciso recorrer a Marx para se chegar a esta conclusão. O jornalista Pedro Cafardo, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, cita alguns exemplos. No Brasil, depois de 2005, com juros reais médios de 6,5%, um rentista aplicando seus recursos, dobraria seu capital em 11 anos. No mesmo período, nos EUA, com juros reais de 0,4%, o capital empregado só dobraria em 173 anos. Os altos rendimentos resultantes das elevadas taxas de juros contaminam toda a sociedade e contaminaram o próprio setor industrial, que começou a desviar parte de seu capital produtivo para “aplicações financeiras”, são os tais “ativos financeiros”.

Isso serviu de base para a aliança estre estes capitais e o setor financeiro-rentista, formando um poderoso bloco financeiro-rentista-industrial, que atualmente domina o congresso nacional e influencia todos os poderes da república. Cafardo baseia-se no livro “Financeirização, Crise, Estagnação e Desigualdade”, do cientista social da USP Bruno Mader. Bruno utiliza as teorias do economista polonês Michael Kalecki (1899-1970). Não é necessário, portanto, recorrer a Marx para se chegar a esta conclusão. Kalecki não é marxista, e desenvolve uma teoria com grande semelhança ao keynesianismo.

Temos, assim, mesmo sem recorrer a Marx, uma base teórica capaz de explicar a atual aliança de forças que dominam a política e as instituições no país. É contra este poderoso grupo que temos de lutar.

Para nossa felicidade, temos como timoneiro do barco o hábil negociador que é o presidente Lula. Como explicar o resultado do último Copom que aparentou uma grande derrota do governo? O resultado é tão aberrante que nos leva a pensar em uma grande manobra do presidente para tentar reduzir o ruído atualmente existente e viabilizar a futura indicação do possível candidato para a presidência do BC, o Galípolo, Lula teria orientado os diretores por ele indicados para votar com os demais.  Parecendo ter sofrido uma grande derrota o timoneiro manobrou o barco para desviá-lo dos recifes e prosseguir navegando no rumo programado. A situação permanece muito tensa, mas a colisão imediata com os recifes foi evitada. O prosseguimento dependerá da correlação de forças que se está alterando. O frentão, que ganhou as eleições, está se rachando, como era previsível. O resultado dependerá das lutas que se aproximam.


[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Paola Arruda, Brenda Tiburtino e Paulo Vitor.

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