sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

2025: PREPAREMO-NOS PARA AS BATALHAS QUE VIRÃO

 Semana de 30 de dezembro de 2024 a 05 de janeiro de 2025


Nelson Rosas Ribeiro[i]


Nas duas análises passadas, destacamos a “resiliência” da economia em 2024 e as ameaças que pairam sobre nossas cabeças agora em 2025.  O ano mal começou, e a inflação bateu à porta vindo do exterior e do clima. A desvalorização do real frente ao dólar, com a ajuda da especulação, tem repercussão sobre os preços dos importados, elevando os custos de produção. Por outro lado, as variações e as catástrofes climáticas influem nos preços dos alimentos. Em ambos os casos, as taxas de juros não têm nenhuma influência. Nada podemos contra o clima e não conseguimos influenciar a política do governo dos EUA. A situação torna-se ainda mais grave com o aumento das incertezas geradas pela eleição de Donald Trump.

Mas o Banco Central (BC) não sabe disso. Na cabeça de seus diretores, só existe a velha (teoria) ideologia econômica, ensinada nos manuais, segundo a que se combate a inflação elevando a taxa de juros. E aí aguardamos que se cumpra a profecia de novas elevações da Selic, já prometida. Os sábios diretores do BC ainda não descobriram que os desequilíbrios entre oferta e procura podem ser corrigidos também pelo aumento da oferta. Assim, as taxas de juros elevadas, não tendo qualquer influência na contenção da elevação dos preços atuais, apenas dificultam os investimentos travando a produção e, portanto, comprimindo a oferta. Coitados dos novos diretores a serem indicados pelo Lula, incluindo o novo presidente, Gabriel Galípolo, os quais assumirão a direção do BC, sofrendo grande pressão “d’Uzmercado” e de toda a mídia reacionária. A Selic, que hoje se situa em 12,25%, deverá subir para 15% até o final do ano, segundo as estimativas dos representantes do sistema financeiro, aqui chamados de “uzmercado”.

Os resultados econômicos de 2024 desmoralizaram as previsões pessimistas “d’ Uzmercado”. Não estamos emitindo uma opinião, mas apenas constatando os dados publicados. O emprego aumentou, aumentaram os salários, os investimentos, as vendas, a produção, os lucros etc. Desmoralizaram-se as previsões de caos, de nos tornarmos uma Venezuela ou Argentina. (Onde andará o profeta Paulo Guedes? Gostaria de ver a cara dele).

Mas nada parece adiantar. O problema é que os reacionários não conseguem engolir o governo Lula, mesmo com as derrotas das tentativas de golpe e com o avanço dos processos que levarão a muitas condenações de golpistas e conspiradores como já vem ocorrendo, as tramas continuam. Para agravar a situação, temos agora de enfrentar duas poderosas organizações criminosas, muito piores que o PCC e o CV. Estas duas perigosas organizações ameaçam as pessoas, mas, agindo contra a lei, assumem o risco de seus membros serem apanhados, processados e presos. As duas novas organizações que temos de enfrentar não correm este risco pois se encontram aquarteladas dentro do Congresso nacional e no Banco Central. São, porém, mais perigosas pois, acobertados pela legalidade de seus status, conspiram contra a nação e a sua ação atinge a todos.

No Congresso aprovam leis e decretos anticonstitucionais, aumentando seus privilégios e salários e provocando rombos no orçamento. Estes rombos serão lançados nas contas do governo que será responsabilizado por não cumprir a lei do arcabouço fiscal. Ao mesmo tempo, aumentando o desequilíbrio fiscal, aprovam leis que elevam as despesas, como a desoneração da folha de pagamento, ou a conceção de benefícios fiscais para algumas empresas, ou ainda criando novas emendas parlamentares, dinheiro destinado aos redutos eleitorais dos deputados e senadores, sem qualquer controle.

A organiza criminosa alojada no BC, por seu lado não vacila em derrubar a economia programando novas elevações da taxa de referência Selic. O insaciável mercado financeiro não para de berrar histérico, acusando o governo de não buscar o equilíbrio fiscal, de não cortar gastos, não procurar obter superávit primário e não conseguir dar garantias de que conseguirá conter o endividamento. Acusam o governo de não apresentar um plano convincente de corte de gastos capaz de satisfazer sua sanha por mais juros.

Certamente teremos um 2025 difícil.


[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Brenda Tiburtino, Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Lara Souza, Maria Julia Alencar, Paola Arruda e Raquel Lima.

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog