Semana de 30 de dezembro de 2024 a 05 de janeiro de 2025
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Nas duas análises passadas, destacamos a
“resiliência” da economia em 2024 e as ameaças que pairam sobre nossas cabeças
agora em 2025. O ano mal começou, e a
inflação bateu à porta vindo do exterior e do clima. A desvalorização do real
frente ao dólar, com a ajuda da especulação, tem repercussão sobre os preços
dos importados, elevando os custos de produção. Por outro lado, as variações e
as catástrofes climáticas influem nos preços dos alimentos. Em ambos os casos,
as taxas de juros não têm nenhuma influência. Nada podemos contra o clima e não
conseguimos influenciar a política do governo dos EUA. A situação torna-se
ainda mais grave com o aumento das incertezas geradas pela eleição de Donald
Trump.
Mas o Banco Central (BC) não sabe disso. Na
cabeça de seus diretores, só existe a velha (teoria) ideologia econômica,
ensinada nos manuais, segundo a que se combate a inflação
elevando a taxa de juros. E aí aguardamos que se cumpra a profecia
de novas elevações da Selic, já prometida. Os sábios diretores do BC ainda não
descobriram que os desequilíbrios entre oferta e procura podem ser corrigidos
também pelo aumento da oferta. Assim, as taxas de juros elevadas, não tendo
qualquer influência na contenção da elevação dos preços atuais, apenas
dificultam os investimentos travando a produção e, portanto, comprimindo a
oferta. Coitados dos novos diretores a serem indicados pelo Lula, incluindo o
novo presidente
Os resultados econômicos de 2024
desmoralizaram as previsões pessimistas “d’ Uzmercado”. Não estamos emitindo
uma opinião, mas apenas constatando os dados publicados. O emprego aumentou,
aumentaram os salários, os investimentos, as vendas, a produção, os lucros etc.
Desmoralizaram-se as previsões de caos, de nos tornarmos uma Venezuela ou
Argentina. (Onde andará o profeta Paulo Guedes? Gostaria de ver a cara dele).
Mas nada parece adiantar. O problema é que
os reacionários não conseguem engolir o governo Lula, mesmo com as derrotas das
tentativas de golpe e com o avanço dos processos que levarão a muitas
condenações de golpistas e conspiradores como já vem ocorrendo, as tramas
continuam. Para agravar a situação, temos agora de enfrentar duas poderosas
organizações criminosas, muito piores que o PCC e o CV. Estas duas perigosas
organizações ameaçam as pessoas, mas, agindo contra a lei, assumem o risco de
seus membros serem apanhados, processados e presos. As duas novas organizações
que temos de enfrentar não correm este risco pois se encontram aquarteladas
dentro do Congresso nacional e no Banco Central. São, porém, mais perigosas
pois, acobertados pela legalidade de seus status, conspiram contra a nação e a
sua ação atinge a todos.
No Congresso aprovam leis e decretos
anticonstitucionais, aumentando seus privilégios e salários e provocando rombos
no orçamento. Estes rombos serão lançados nas contas do governo que será
responsabilizado por não cumprir a lei do arcabouço fiscal. Ao mesmo tempo,
aumentando o desequilíbrio fiscal, aprovam leis que elevam as despesas, como a
desoneração da folha de pagamento, ou a conceção de benefícios fiscais para
algumas empresas, ou ainda criando novas emendas parlamentares, dinheiro
destinado aos redutos eleitorais dos deputados e senadores, sem qualquer
controle.
A organiza criminosa alojada no BC, por seu
lado não vacila em derrubar a economia programando novas elevações da taxa de
referência Selic. O insaciável mercado financeiro não para de berrar histérico,
acusando o governo de não buscar o equilíbrio fiscal, de não cortar gastos, não
procurar obter superávit primário e não conseguir dar garantias de que
conseguirá conter o endividamento. Acusam o governo de não apresentar um plano
convincente de corte de gastos capaz de satisfazer sua sanha por mais juros.
Certamente teremos um 2025 difícil.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Brenda Tiburtino, Guilherme de Paula, Gustavo Figueiredo, Lara Souza, Maria Julia Alencar, Paola Arruda e Raquel Lima.
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