quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

ADEUS 2024! UM BRINDE À ECONOMIA!

 Semana de 23 a 29 de dezembro de 2024

Rosângela Palhano Ramalho[1]

Estimado leitor, esta é a última análise do ano. O balanço geral dos 53 textos semanais publicados neste espaço nos fornece um resultado: apesar dos pesares e contrariando todas as expectativas, a economia brasileira em 2024 foi muito bem, obrigada! Não foi um ano fácil. O presidente, que já administrou o país por duas vezes, elegeu-se oferecendo uma pauta cristalina para a economia, mas continua a enfrentar as mais variadas acusações e boicotes. Resiliente, Lula, como político tarimbado que é, sobreviveu à tentativa de golpe em 2023, e, em 2024, administrou bem o levante descarado contra o seu governo. Os coiotes, estão à espreita, ora defendendo o impeachment, ora tentando induzir os rumos da eleição de 2026, sem Lula, é claro. Vale o que vier primeiro.

Até agora só quebraram a cara! Parte da “patriotada” das Forças Armadas está encarcerada pela participação nos planos de tomada de poder, que incluíam o assassinato do presidente e vice-presidente eleitos, e as elites política, econômica e financeira não têm conseguido seu intento. O curso da economia foi mantido e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em um almoço da Febraban, no início de dezembro, conseguiu resumir o resultado econômico numa única frase: “O ano de 2024 foi ruim em termos de expectativas, mas ótimo em termos produtivos.” E ele está certo!

No início do ano, as expectativas de crescimento já demonstravam que a ideologia dos consultados tinha se sobreposto à realidade observável. A vontade, a torcida, o querer, enterraram a seriedade das análises econômicas. Matéria da Folha de São Paulo publicada em fevereiro de título “Economia está devagar, quase parando, avaliam consultorias”, previa um PIB de 1,5% em 2024. O erro é grosseiro. Vamos crescer em torno de 4%! O mercado errou e errou feio! Reforcemos: errou e muito! Sistematicamente! Nas projeções de crescimento trimestrais, ele errou vergonhosamente todas as projeções apuradas até agora. O Boletim Focus do Banco Central, principal documento que expressa a previsão de crescimento no país, apurou, para os primeiros três trimestres do ano, alta de 0,7%, 0,9% e 0,8%. Entretanto, o PIB cresceu 1%, 1,4% e 0,9% respectivamente e o crescimento acumulado neste período alcançou 3,3%. O mercado mesmo descredibilizado, segue blindado de qualquer cobrança e exige credibilidade alheia sem qualquer pudor. Credibilidade do Banco Central, do Copom, de Haddad, de Lula... E o mantra do caos se espalhou como rasto de pólvora neste fim de ano. Bastou Lula precisar de assistência médica, que passaram a pleitear a passagem de governo para o vice-presidente e a desejar ardentemente a morte do presidente.

Como sobreviveu, Lula passou a ser atacado diretamente. Os indecentes (sem ruborizar), colocam sua face à luz! E vendem a falsa ideia de que o governo está por um fio. O Jornal Valor Econômico, por exemplo, publicou, na última semana do ano, precisamente em 23 de dezembro, três análises que demonstram a patifaria. Em texto sem assinatura e de título “BC atenua crise, mas é hora de o governo se ajudar”, o jornal sugere que “o governo está em córner, na metade final do mandato”, em virtude de sua “leniência fiscal”, ao não apresentar um pacote crível ao mercado. E termina em tom de ameaça: “a inflação costuma castigar os governos nas urnas”. Já a análise opinativa de Gustavo Loyola “O ano velho deixará saudades” não enaltece o crescimento da renda, do emprego, da produção ou a queda da pobreza, pelo contrário, alerta para os perigos iminentes da “gravidade da situação fiscal” e para o “destempero verbal do presidente”. É como se o governo não tivesse assumido o compromisso fiscal e enviado uma proposta ao Congresso que passou a desidratá-la deliberadamente. Enfim, o artigo de Maria Cristina Fernandes “Lula agarra-se à âncora do ‘jovem chamado Galípolo’”, o presidente é apresentado como a figura maléfica responsável pelo naufrágio (!) do Brasil, pois além de “contrabandear” a isenção do imposto de renda para o pacote fiscal, agora usará Galípolo como âncora para tirá-lo “do atoleiro”. Inacreditável!

AEnfim, o Natal chegou. E de acordo com a Neotrust Confi, entre os dias 01 e 25 de dezembro, as compras online movimentaram R$ 26 bilhões, alta nominal de 20,6% em comparação ao mesmo período de 2023. O Itaú Unibanco, apurou que na semana anterior ao Natal, o comércio on-line e o físico, cresceram 12,3% em relação ao mesmo período de 2023. O ano findou e os teóricos do caos continuarão a bradar seus impropérios nas manchetes e editoriais Brasil afora. Mas isso não mudará a realidade. O Brasil foi a décima economia do mundo que mais cresceu em 2024 e terceira no G-20, apesar do mercado, da ideologia, dos analistas de visão única e daqueles disfarçados de patriotas.

Um brinde à economia! Um brinde a vocês caros leitores! À equipe do PROGEB! Adeus 2024! E um feliz 2025 a todos nós!


[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br, rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Lara Souza, Brenda Tiburtino, Gustavo Figueiredo, Camylla Maria, Miguel Oliveira e Mateus Eufrásio.

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