Semana de 12 a 18 de maio de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
A cada quarenta dias, o Comitê de Política
Monetária do Banco Central se reúne para decidir os rumos da taxa básica de
juros. Apesar de existirem outras opções, este é o único instrumento de combate
à inflação que o país executa. Em sua última reunião, o Copom elevou a taxa
pela sexta vez consecutiva, que passou de 14,25% para 14,75%. Temos reforçado
reiteradamente que, mesmo não havendo descontrole inflacionário, há fervorosa
defesa de que o arrocho econômico é essencial. O embasamento teórico que
justifica a medida consolidou-se como dogma, como tabu, como verdade
inquestionável. A teoria que representa a elite econômica e financeira, impôs
ao país o sistema de metas inflacionárias que limita o crescimento econômico a
níveis muito baixos.
No dia 13 de maio de 2025, foi divulgada a
ata da última reunião do Copom. O documento reúne todas as justificativas que
embasaram o aumento recente dos juros. O cenário externo, diz o relatório,
“mostra-se adverso e particularmente incerto” e “alimenta incertezas”, o que
exige “cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão
geopolítica”. E, para nossa infelicidade, alerta o Copom, “o conjunto dos
indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem
apresentado dinamismo”. Vejam só! O brasileiro, que nos últimos anos obteve
ganhos de renda continua comprando, as empresas
Mas, por
Entretanto, contrariando todos os
postulados teóricos, a economia brasileira segue crescendo, mesmo com os
aumentos consecutivos dos juros
Diante dos fatos, o presidente do Banco
Central, Gabriel Galípolo, se apressou em dizer que a Selic permanecerá elevada
por “período bastante prolongado”. E ainda afagou os especuladores dizendo que
eles não precisam “se emocionar” com os dados ainda virtuosos da atividade
econômica, porque teremos “um longo período de aperto...” Independentemente de
quem seja o mandatário do Banco Central, o restrito arcabouço teórico aplicado
à realidade econômica, continuará a acorrentar-nos em um círculo vicioso de juros
altos, inflação moderada, baixo crescimento e intensa especulação financeira.
Neste cenário, todos devem cumprir o seu papel: as empresas têm que parar de
investir, os trabalhadores não podem estar empregados, nem podem consumir e o
governo não pode gastar. Afinal, o asfixiamento da economia é “necessário”.
Durma-se com um barulho desse.
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Lara Souza, Paola Arruda, Victória
Rodrigues, Guilherme Gomes, Júlia Bomfim, Julia Dayane Rodrigues, Maria Júlia
Alencar.