Semana de 21 a 27 de julho de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
Estimado leitor, os ânimos continuam
exaltados no país. O anúncio da tarifação de 50% dos produtos exportados do
Brasil para os Estados Unidos, que
vigorará a partir de 01 de agosto,
e a colocação da tornozeleira eletrônica no criminoso reincidente Jair
Bolsonaro, dominaram os assuntos da semana.
Enquanto isso, a economia resiste. A
inflação está sob controle,
e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo apurou que a
Intenção de Consumo das Famílias subiu 0,6% em julho comparada a junho, em
virtude do maior acesso ao crédito e de perspectivas profissionais ainda
favoráveis. No mercado de força de trabalho o arrefecimento esperado ainda não
aconteceu. Um estudo da LCA 4intelligence
concluiu que os salários são responsáveis por 2/3 da inflação dos serviços, o
que significa que os ganhos salariais continuam a alimentar a economia.
No
âmbito externo, desde que Donald Trump passou a ameaçar o mundo com a guerra
tarifária, o Brasil vem se
preparando para negociar ou retaliar, a depender das condições oferecidas pelo
governo americano. A questão é que os Estados Unidos vêm deixando claro em
declarações públicas, que seus interesses ultrapassam as singelas questões
comerciais, até porque é o Brasil quem arca com déficit nestas transações.
Trump utiliza os instrumentos de política comercial para chantagear parceiros e
obter ganhos nas negociações internacionais. Além disso, o aumento aleatório
das tarifas está servindo para camuflar a sua cobiça pelo Pix, sistema de
pagamentos brasileiro que frusta a usura das instituições de crédito
americanas, sua insatisfação no regramento interno das poderosas big techs
americanas e sua avidez pelos minerais de terras raras disponíveis no
território brasileiro.
Por mais incrível que pareça, Trump tem o
apoio de políticos e empresários brasileiros que à luz do dia tentam
responsabilizar o presidente Lula pelo ataque leviano. Ao lado de Eduardo
Bolsonaro – que, claramente, está precisando de tratamento médico e judicial –,
os potenciais candidatos à presidência em 2026 a saber, Romeu Zema, Ronaldo
Caiado, Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior, jogaram os interesses e a
soberania do país no esgoto,
esperando herdar os votos do inelegível Jair e derrubar o governo Lula.
Enquanto os termos da negociação envolverem a perda da soberania
brasileira, através da
intervenção nas decisões do Poder Judiciário, não haverá conversa, diz o Brasil. Até agora, todas
as tentativas de intimidação à Justiça brasileira não surtiram efeito. Após 8
dias do anúncio da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o ministro
Alexandre de Moraes não hesitou em enfeitar o tornozelo do ex-presidente Jair Bolsonaro
com um acessório eletrônico de controle. De forma descarada, o réu-mor da trama
golpista cometeu novos crimes, e agora o golpista vai responder por coação no
curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva
organização criminosa e atentado à soberania brasileira. Além disso, a
revogação dos vistos americanos de 8 dos 11 ministros juízes do Supremo
Tribunal Federal, embora tenha sido motivo de reclamação do governo brasileiro, que cumpre seu papel
institucional, foi solenemente ignorada pela Suprema Corte. Com isso, a
democracia brasileira continua de pé, embora os golpistas tentem destruí-la a partir da subserviência
externa.
Vivenciamos tempos sombrios. Patriotas
autointitulados atentam contra sua pátria e políticos eleitos democraticamente
declaram livremente que vivem numa ditadura. Os amargos acontecimentos estão
sendo registrados em nossa história. E como o PROGEB é longevo, nossos leitores
têm a possibilidade de acompanhar em nossas análises, eventos importantes acontecidos
há pelo menos 17 anos. No momento, esta coluna registra o início da punição dos
inúmeros crimes que foram cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a partir
da finalização dos processos abertos contra ele.
Após participar de uma reunião com líderes
e parlamentares do Partido Liberal, o delinquente exibiu seu adorno aos
repórteres e lançou a seguinte lorota: “Não roubei os cofres públicos. Não
desviei recurso público. Não matei ninguém, não trafiquei ninguém. Isso daqui é
o símbolo da máxima humilhação.” Felizmente, no Brasil não é o meliante quem
define o crime e a punição. Este senhor será preso pelos seguintes delitos:
organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e
grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
E irá para o lixo da história. A política e a democracia brasileira agradecem.
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Bruno Lins, Victória Rodrigues,
Mateus Eufrásio, Nelson Rosas, Antônio Queiroz e Julia Dayane.
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