sábado, 17 de novembro de 2012

Com Obama e o PC Chinês a crise continua


Semana de 05 a 11 de novembro de 2012


Nelson Rosas Ribeiro[i]




            Felizmente os resultados das eleições dos EUA, com a vitória de Obama, fez o mundo respirar aliviado. Todos temiam o retorno da intransigência belicista dos republicanos, com a cara bonita e racista do Romney. Quase ao mesmo tempo, o congresso do PC Chinês, que é chinês, mas nada tem de comunista, arrasta-se sem grandes novidades (mas muitos segredos), na mesma direção do seu capitalismo selvagem associado aos novos mandarins da burocracia partidária. O pior é que, com o pretexto da arenga territorial com os japoneses, o gigante amarelo ameaça tornar-se uma potência marítima.
            Essas mudanças na direção política das duas maiores potências mundiais, certamente, terão consequências no conturbado cenário econômico mundial. Obama continua diante do desafio do que se chama “abismo fiscal” e sendo obrigado a remendar o tremendo buraco de US$ 600 bilhões, com a elevação de impostos e corte de gastos, em uma economia que se arrasta na ladeira da recuperação. Os chineses, enfrentando a sua desaceleração e jurando fidelidade aos princípios do controle do estado e do partido sobre a economia, são obrigados a controlar uma crescente inquietação social, provocada pelas duras condições de trabalho que impõem a seus operários, para a felicidade e proveito dos capitalistas internacionais comodamente instalados em seu território.
Enquanto isso, as coisas, na Europa, continuam a se arrastar. No reino Unido, o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social (NIESR) publica, em um relatório, que a economia britânica continuará em depressão por mais dois anos. O PIB do país ficará 2,8% abaixo dos níveis de 2008, o que é considerado a maior depressão desde 1920.
            Na Alemanha, Angela Merkel admite que a crise da dívida soberana da União Européia (UE) deve durar, pelo menos, mais 5 anos e apela para maior austeridade. Na Itália, o instituto oficial de estatística (Instat) admite, para este ano, uma contração de 2,3% do PIB. A França, mesmo sob o governo “socialista”, anuncia uma elevação dos impostos (IVA) e cortes nos gastos. A Grécia continua oscilando entre sair da zona do euro ou ter parte de suas dívidas perdoadas e os juros reduzidos, enquanto se afoga em greves e manifestações violentas.
            Todo este ambiente depressivo é analisado pelas autoridades brasileiras que admitem que há ameaças concretas de uma onda de deterioração da economia mundial e, apesar de todas as medidas de estímulos adotadas internamente, a economia brasileira apresenta fracos sinais de recuperação. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o quarto trimestre de 2012 não promete muito e, para 2013, não há boas expectativas. Apesar de haverem sinais de crescimento “não dá para descartar a hipótese de que este se revele mais lento do que muitos imaginam”.
            A Confederação Nacional de Indústria (CNI) reconhece o fraco desempenho da indústria, em setembro, e está revendo para baixo a sua previsão de 1,5%, de crescimento do PIB. A balança comercial não reage aos estímulos dados pelo governo com as taxas de importação e o controle do câmbio. Em outubro, as exportações caíram 10,6% e as importações 7,6%, em relação ao mesmo período do ano passado.
            Segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do IBGE, em setembro, a produção industrial caiu 1%, em relação à agosto, e 3,8%, em relação ao mesmo período de 2011. Dos 27 setores pesquisados, 16 tiveram queda na produção.
            A situação é de tal forma desanimadora que obrigou o otimista ministro Mantega a reconhecer que, não conseguirá cumprir a meta do superávit primário de 3,1% do PIB, ou seja, de R$ 139,8 bilhões, como uma consequência da frustração das receitas.
            Mas, apesar de tudo isto, há quem esteja muito feliz: os condôminos dos “fly in communities”. São condomínios residenciais de luxo, que estão sendo construídos no país, onde se pode parar o avião ao lado da casa e contar com hípica, campo de golfe, de tênis, etc., nas áreas de lazer.
            Isto é que é Brasil!


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br); (www.progeb.blogspot.com).
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