quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O mundo sem rumo



Semana de 09 a 15 de setembro de 2013


Rosângela Palhano Ramalho[i]



            São mais de cinco anos de dificuldades e a retomada da economia mundial se arrasta. Poucos são os países que conseguem crescer a taxas maiores que 2%. Os períodos de crescimento se limitaram aos primeiros anos pós-crise e o desemprego, principalmente na Europa, atinge níveis recordes.
            Cresce a suspeita de que há algo errado com os agentes econômicos. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), que agrupa os maiores bancos do mundo, mostrou que companhias não financeiras de alguns países ricos (sediadas nos Estados Unidos, Zona do Euro e Japão), continuam precavidas quanto à realização de novos investimentos. O acúmulo de dinheiro em caixa somou US$ 5,1 trilhões no primeiro trimestre, número que representa uma alta de quase 40% comparados aos US$ 3,7 trilhões guardados em 2007, primeiro ano da crise.
Segundo o secretário-geral da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), há aproximadamente, US$ 6 trilhões de recursos entesourados como caixa em todo o mundo. Não há incentivo ou conversa bonita que alavanque os investimentos. Mesmo o excesso de liquidez global, promovido pelas políticas monetárias expansionistas e as baixíssimas taxas de juros tiveram quaisquer efeitos.
            A utilização da capacidade instalada permanece baixa. Uma pesquisa da Standard & Poor’s, apurou que as despesas de capital continuam estagnadas. Quando será que as empresas vão gastar o seu caixa? Os novos investimentos tardam a vir. Alguns acreditam que, reforçando a confiança dos empresários, o impulso será garantido. Mas, só o mercado financeiro tem motivos para comemorar. Até mesmo o ritmo global de fusões e aquisições (indicador importante da fase de recuperação econômica), fechou o primeiro semestre em US$ 979 bilhões, 30% a menos do que no mesmo período de 2012.
            Os emergentes agora parecem acompanhar o ritmo mundial. O Brasil apresentou, em julho, estabilidade da utilização da capacidade instalada, que caiu 0,1 ponto percentual, comparado a junho (de 82,3% para 82,2%). Outro indicador reforça a morosidade dos investimentos industriais. Empresas de manutenção de máquinas e equipamentos estão animadas com demanda alta e crescendo acima de dois dígitos ao ano. A procura maior por manutenção confirma o baixo ritmo de crescimento do país, mostrando que as grandes indústrias não têm perspectivas de realizar novos investimentos. Não comprando novas máquinas, os reparos tornam-se necessários para prolongar a vida útil dos equipamentos, elevar a produtividade e cortar custos.
            A Fundação Getúlio Vargas (FGV), confirmou que os investimentos da indústria da transformação, entre os meses de julho e agosto, desaceleraram. E mais: o cenário permanecerá assim no segundo semestre do ano. Segundo sondagem realizada com 819 empresas, entre os meses de julho e agosto, 17% informaram que não pretendiam investir. No levantamento anterior, entre abril e maio, este número foi de 15%. Já 34% das empresas declararam que pretendem aumentar seus investimentos, número que ficou abaixo dos 51% verificados nos meses anteriores.
            Veja caro leitor, que não se trata aqui de uma questão de otimismo ou pessimismo. Estas são os dados da realidade. Contrariando esta tendência, o economista Yoshiaki Nakano anunciou: “Novo ciclo de expansão está aí!”. O autor acredita que embora tendo perdido o seu dinamismo, a economia brasileira tem sim, perspectivas de rumar ao “crescimento sustentado”, e ainda mais, pelos próximos 10 anos. Segundo ele, o programa de concessões das rodovias, ferrovias e aeroportos, permitiria gerar efeitos multiplicadores que aumentariam a produtividade e permitiriam um novo ciclo de expansão, se tudo correr conforme o planejado, a partir de 2015.
            Não se pode ignorar a crise e seus efeitos. O primeiro sinal já foi dado. Nenhum concorrente se apresentou para o leilão de concessão da BR-262. Os próximos estão correndo o risco de terminar do mesmo jeito. O governo disse que vai agir.
            De acordo com a dinâmica capitalista, podemos garantir que uma nova expansão virá. Mas, com as condições observadas, ainda não podemos prever quando.


[i] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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Um comentário:

  1. BOM NOSSA ECONOMIA TEM TUDO PRA CRESCER SOMOS UM PAIS CAPITALISTA E ESTAMOS EMERGINDO NO MERCADO MUNDIAL DE FORMA CLARA MAS , PARA MIM O UM DOS MAIORES PROBLEMAS SÃO OS POLÍTICOS QUE ESTÃO MAS PREOCUPADOS COM O PRÓPRIO BOLSO DO QUE COM Á ECONOMIA BRASILEIRA, BOM MINHA OPINIÃO http://mentalidadedesucesso.blogspot.com.br/

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