Nelson Rosas Ribeiro[i]
Pelas notícias que têm chegado as
perspectivas para 2018, na economia mundial, são animadoras. Tudo indica que o
Produto Interno Bruto (PIB) dos países mais desenvolvidos continuará crescendo,
embora a taxas moderadas, apesar de toda a estupidez do governo Trump e das
tensões que sua política continua a provocar. É claro que não estamos
considerando o “wild card” que seria o lançamento de bombas atômicas na Coreia
do Norte ou o desembarque de tropas americanas em mais um país qualquer.
Como esperado, os Bancos Centrais (BCs) do
mundo desenvolvido emitiram sinais de que as coisas evoluem normalmente e que a
recuperação continua. O Federal Reserve (Fed), BC americano, aumentou mais uma
vez os juros em 0,25% passando para a faixa de 1,25% a 1,5%. Agora o Fed estima
o crescimento da economia em 2,5%, em 2017 e 2018, e promete continuar a
elevação durante 2018. Os BCs europeus, apesar das declarações de tranquilidade
e de esperarem um forte crescimento na Zona do Euro até 2020, mantiveram-se mais
cautelosos não elevando suas taxas de juros. Apenas anunciaram a redução dos
programas de estímulos para os próximos meses. O conselho do Banco Central
Europeu (BCE) espera que a economia da Zona do Euro cresça 2,3% em 2018 e
pretende manter as compras de títulos até setembro desse ano, mas num valor
máximo de 30 bilhões de euros por mês. Os BCs da Suíça e da Noruega mantiveram
suas taxas de juros em -0,75% e 0,5% respectivamente e o Banco da Inglaterra
(BoE) também manteve os seus em 0,5%.
Este cenário internacional é um grande
alento para o governo Temer. Sem credibilidade, acossado pela Justiça, com taxa
de aprovação inferior a 5%, responsável pela liquidação das conquistas dos
trabalhadores nos últimos 30 anos e pelas reformas contra os interesses do
povo, vendendo todo o patrimônio da nação, Temer e as forças que o apoiam, só
têm uma salvação: a recuperação da economia nos próximos meses. Se isto não
ocorrer, as eleições estarão perdidas.
Depois da destruição da legislação
trabalhista, cujos efeitos já começam a ser sentidos pelos trabalhadores, a
aposta total agora é a reforma da Previdência que já custou muito dinheiro aos
cofres públicos o que ainda não foi suficiente para a compra dos parlamentares
cujo preço sobe na medida em que se aproximam as eleições. Desmoralizado por
não contar com os votos necessários para a aprovação o governo retirou a
proposta adiando o processo para fevereiro. Mais dinheiro será gasto e
preparemo-nos para o massacre midiático que sofreremos nos próximos meses,
através de todos os meios de comunicação. Além da propaganda do governo e dos
partidos teremos de enfrentar a ação unida da “classe empresarial” convocada
para o campo de batalha. Temos agora como defensores dos pobres e desprotegidos
e no combate aos privilégios, a força do capital representada pelos dirigentes
das principais entidades patronais como a CNI, Fiesp, Febraban, Abimaq,
Anfavea, Cbic, etc. É comovente ver as inflamadas declarações desses
engravatados senhores em defesa dos humildes.
Nesta cruzada eles estão muito bem
acompanhados. As três humanitárias agências de classificação de riscos de
crédito Moody’s, Fitch Ratings e Standard & Poors Global Ratings já vieram
a público declarar que, se a reforma da Previdência não for aprovada, o Brasil
terá sua nota rebaixada. O FMI e o Banco Mundial já expressaram suas opiniões
no mesmo sentido.
Com toda esta quadrilha a bordo da mesma
belonave fortemente armada não é muito difícil saber onde está a razão e a
verdade. Desesperado pela recuperação econômica o governo e seus agentes
procuram falsificar estatísticas e divulgar notícias que possam alterar as
expectativas. Embora haja sinais de recuperação econômica estes sinais são
contraditórios. A construção civil, em 2017, apresenta uma retração de 6%, o
investimento público não vai ultrapassar os 2%, o menor da história, o varejo
simples teve queda de 0,9% e o ampliado, de 1,4%, em outubro, em relação a
setembro. A indústria de papelão e embalagens no mês de novembro, em relação a
outubro, apresentou uma queda nas vendas de 1,51%. Os indicadores para o 4º
trimestre não estão muito famosos.
É preciso avisar ao debilitado Temer que
ainda está faltando uma MP da recuperação. Talvez assim as coisas melhorem.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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