quarta-feira, 14 de março de 2018

Soluções para a recuperação


Semana de 05 a 13 de março de 2018

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           
O governo Temer continua no sufoco com sua baixíssima aprovação indicada nas sondagens dos institutos de pesquisa. Não há alterações significativas nas percentagens apuradas apesar dos gastos em propaganda. Derrotado na reforma da Previdência, com mais dois processos em andamento e com resultados econômicos pouco convincentes, Temer agora empunha a bandeira da segurança. As forças armadas correm o risco de assumirem funções policiais para as quais não foram treinadas. Com o país entrando em um ano eleitoral, a situação torna-se ainda mais complexa e já se formam entidades e movimentos de pressão contra o que é chamado de intervenção militar.
Por outro lado, continuam a estourar novos processos e novas fases da operação Lava Jato e mais prisões estão a caminho. O caso Lula continua pendente e certamente teremos novidades em breve, o que pode lançar alguma clareza no quadro eleitoral.
Em relação à economia, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não são muito animadores. A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada dia seis passado, mostrou que em janeiro, em relação a dezembro, houve uma queda de 2,4% na produção industrial. Este número foi afetado pela redução de 7,6% da produção de veículos automotores. O pior é que as perdas atingiram 19 das 24 atividades industriais. O dado para dezembro, em relação a novembro, mostrava um crescimento de 3,1%, o que justificou todo o foguetório do governo. A queda agora representa uma ducha fria nos arautos da recuperação. Agrupadas em grandes categorias, as quedas foram: bens de capital, -0,3; bens intermediários, -2,4; bens de consumo, -1,6%; bens duráveis, -7,1%. Apenas os bens semiduráveis e não duráveis tiveram crescimento de 0,5%.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) considera que isto é consequência “de um movimento ainda frágil de recuperação”. O IBGE, apesar dos dados, afirma que “o setor continua em sua trajetória de recuperação das perdas de 2014, 2015 e 2016”.
Recuperação rabo de cavalo, é claro. Cresce para baixo.
O que continua a preocupar é que a capacidade ociosa do potencial instalado permanece muito elevada. Na indústria automobilística, na produção de automóveis, apenas 61% da capacidade produtiva é utilizada. No setor de caminhões, o problema é mais grave, pois a utilização não ultrapassa os 30%. A existência de capacidade ociosa também se estende ao setor de autopeças. Segundo o presidente do Sindipeças, o setor trabalha com uma ociosidade de 30%. É bom lembrar que isto ocorre apesar do crescimento das exportações. Em 2017, por exemplo, elas ajudaram a elevar a produção física de 12 dos 21 setores. Para um crescimento de 2,2% da produção industrial o quantum embarcado cresceu de 1,9%. Na produção de automóveis, que cresceu 17,2%, o volume embarcado foi responsável por 28,2%.
Preocupado com a lentidão da recuperação e com o baixo nível da inflação, em parte provocado pela fraca demandada e pela existência de grande capacidade ociosa na indústria, o Banco Central (BC), na próxima reunião do COPOM, começa a admitir a possibilidade de mais uma redução da taxa Selic, atualmente em 6,75%.
Para completar a semana, assistiu-se ainda a discussão entre Meirelles (falando como candidato) e a Petrobras, por conta do preço da gasolina. Quem terminou pagando a conta foram os impostos muito elevados e os donos dos postos que não repassam as baixas quando ocorrem.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) resolveu dar sua contribuição ao crescimento do país e apresentou um interessante documento “Mapa estratégico da Indústria” com 60 metas para resolver o problema do crescimento e o Banco Mundial (BM) também compareceu com outro documento “Emprego e crescimento: A Agenda da Produtividade”. Enquanto a CNI esforça-se para apresentar suas metas, o BM resolve o problema culpando o elevado salário mínimo existente. Tudo se resume em reduzir o salário mínimo principalmente para os jovens.
Viva o Banco Mundial!!!


[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog