Semana de 05 a 13 de março de 2018
Nelson Rosas Ribeiro[i]
O governo Temer continua no sufoco com sua
baixíssima aprovação indicada nas sondagens dos institutos de pesquisa. Não há
alterações significativas nas percentagens apuradas apesar dos gastos em
propaganda. Derrotado na reforma da Previdência, com mais dois processos em
andamento e com resultados econômicos pouco convincentes, Temer agora empunha a
bandeira da segurança. As forças armadas correm o risco de assumirem funções
policiais para as quais não foram treinadas. Com o país entrando em um ano
eleitoral, a situação torna-se ainda mais complexa e já se formam entidades e
movimentos de pressão contra o que é chamado de intervenção militar.
Por outro lado, continuam a estourar novos
processos e novas fases da operação Lava Jato e mais prisões estão a caminho. O
caso Lula continua pendente e certamente teremos novidades em breve, o que pode
lançar alguma clareza no quadro eleitoral.
Em relação à economia, os dados divulgados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não são muito
animadores. A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada
dia seis passado, mostrou que em janeiro, em relação a dezembro, houve uma
queda de 2,4% na produção industrial. Este número foi afetado pela redução de
7,6% da produção de veículos automotores. O pior é que as perdas atingiram 19
das 24 atividades industriais. O dado para dezembro, em relação a novembro,
mostrava um crescimento de 3,1%, o que justificou todo o foguetório do governo.
A queda agora representa uma ducha fria nos arautos da recuperação. Agrupadas
em grandes categorias, as quedas foram: bens de capital, -0,3; bens
intermediários, -2,4; bens de consumo, -1,6%; bens duráveis, -7,1%. Apenas os
bens semiduráveis e não duráveis tiveram crescimento de 0,5%.
O Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi) considera que isto é consequência “de um
movimento ainda frágil de recuperação”. O IBGE, apesar dos dados, afirma que “o
setor continua em sua trajetória de recuperação das perdas de 2014, 2015 e
2016”.
Recuperação rabo de cavalo, é claro. Cresce
para baixo.
O que continua a preocupar é que a
capacidade ociosa do potencial instalado permanece muito elevada. Na indústria
automobilística, na produção de automóveis, apenas 61% da capacidade produtiva
é utilizada. No setor de caminhões, o problema é mais grave, pois a utilização
não ultrapassa os 30%. A existência de capacidade ociosa também se estende ao
setor de autopeças. Segundo o presidente do Sindipeças, o setor trabalha com
uma ociosidade de 30%. É bom lembrar que isto ocorre apesar do crescimento das
exportações. Em 2017, por exemplo, elas ajudaram a elevar a produção física de
12 dos 21 setores. Para um crescimento de 2,2% da produção industrial o quantum
embarcado cresceu de 1,9%. Na produção de automóveis, que cresceu 17,2%, o
volume embarcado foi responsável por 28,2%.
Preocupado com a lentidão da recuperação e
com o baixo nível da inflação, em parte provocado pela fraca demandada e pela
existência de grande capacidade ociosa na indústria, o Banco Central (BC), na
próxima reunião do COPOM, começa a admitir a possibilidade de mais uma redução
da taxa Selic, atualmente em 6,75%.
Para completar a semana, assistiu-se ainda
a discussão entre Meirelles (falando como candidato) e a Petrobras, por conta
do preço da gasolina. Quem terminou pagando a conta foram os impostos muito
elevados e os donos dos postos que não repassam as baixas quando ocorrem.
A Confederação Nacional das Indústrias
(CNI) resolveu dar sua contribuição ao crescimento do país e apresentou um
interessante documento “Mapa estratégico da Indústria” com 60 metas para
resolver o problema do crescimento e o Banco Mundial (BM) também compareceu com
outro documento “Emprego e crescimento: A Agenda da Produtividade”. Enquanto a
CNI esforça-se para apresentar suas metas, o BM resolve o problema culpando o
elevado salário mínimo existente. Tudo se resume em reduzir o salário mínimo
principalmente para os jovens.
Viva o Banco Mundial!!!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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