Semana de 06 a 12 de maio de 2019
Rosângela Palhano Ramalho
[i]
Caro leitor, os resultados conjunturais só pioram. A
exceção é dos lucros bancários. O lucro líquido dos quatro maiores bancos –
Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander – foi de R$ 20,847
bilhões, no primeiro trimestre deste ano, 19,8% maior que o registrado no mesmo
período de 2018. A Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE registrou crescimento
pífio de 0,2% nas vendas do primeiro trimestre. A produção industrial, segundo
o IBGE, recuou 2,2% no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período
do ano passado. E o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial
(IEDI), registrou queda da atividade produtiva no primeiro trimestre em 66,6%
dos 93 ramos industriais pesquisados.
O mês de abril, referência para o segundo trimestre,
começou mal. A Fundação Getulio Vargas (FGV) apurou que a utilização da
capacidade instalada da indústria de transformação continua alta e atingiu
74,5%, em abril, 0,2% maior que a do mês anterior. E as projeções de
crescimento para o ano continuam a cair. O último relatório Focus do Banco
Central, que projeta o crescimento anual, baixou sua estimativa pela décima vez
consecutiva, para 1,49%. Economistas já estão mudando suas projeções para o
ano. Em média, elas já caíram para 1%. Como o Comitê de Política Monetária
(Copom), em sua última reunião, manteve a taxa básica de juros, pela nona vez
seguida, em 6,5% ao ano e descartou o corte de juros em futuro próximo, as
pressões para a queda dos juros vem crescendo em virtude do baixo crescimento
verificado.
Menosprezando os resultados econômicos conjunturais
e a urgência de resolvê-los, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que
“...não há nenhuma novidade nessa desaceleração” pois já vínhamos, segundo ele,
crescendo em média 0,5%. O ministro, demonstrando pouca preocupação, limitou-se
a dizer que o Brasil “... está prisioneiro de uma armadilha de baixo
crescimento e (que) nós vamos escapar disso com as reformas”. E reforçou:
“Assim que aprovadas as reformas, o país retomará o seu caminho de crescimento
econômico sustentável.” E por fim, disse ele, o estímulo aos investimentos
domésticos e estrangeiros no país vai ser tão fenomenal que se abrirá um
horizonte de 10 a 15 anos de recuperação do crescimento econômico. Milagre!
Gostaríamos de lembrar ao digníssimo ministro que as
suas impressões não passam de crença, pois a realidade já demonstrou que este
tal de crescimento sustentado se assenta no pressuposto de que todos os
empresários, internos e externos, começarão a investir simplesmente se a
reforma acontecer. Quem garante que será assim? O ministro? Que fundamento real
ele tem para fazer tal afirmação? Sua afirmação está baseada no nada, no
achismo. Por definição seria um milagre. Além disso, o tal crescimento
sustentado não tem confirmação na realidade, pois ignora que a atividade
econômica enfrenta uma trajetória tipicamente cíclica, oscilando por fases de
crescimento e queda. Vamos aguardar e cobrar do ministro no tempo certo.
São cinco meses de desgoverno na política e na
economia. Do demente astrólogo aos dementes 01, 02 e 03; dos dementes 01, 02 e
03 às Relações Exteriores; das Relações Exteriores, aos Direitos Humanos; dos
Direitos Humanos, ao Meio Ambiente; do Meio Ambiente à Justiça; da Justiça, à
Economia; da Economia, à Educação, estamos governados por um bando de débeis
mentais que se autointitulam salvadores da Pátria, arautos da honestidade, da
honra, dos bons costumes (sabe-se lá, quais) e que têm orgulho em pregar a
ignorância, a violência, a intolerância e a perseguição.
Peço licença aos leitores, para repudiar a primeira
ação daquele que deveria garantir uma educação pública de qualidade. É
vergonhoso o ataque às Universidades, por meio de cortes anunciados pelo motivo
“balbúrdia”, derivado da conclusão de deformados cérebros, de que estas
instituições são antros dominados pela esquerda e pelo tal “marxismo cultural”.
O governo se empenha, sem pudor, em jogar no lixo o patrimônio científico
produzido pelas Universidades gerado a partir das atividades de ensino,
pesquisa e extensão. E pior: se orgulha em andar para trás.
Onde iremos chegar?
[i] Professora
do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização
e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br)
Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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