quarta-feira, 22 de maio de 2019

Cenário desalentador para a economia


Semana de 13 a 19 de maio de 2019

Nelson Rosas Ribeiro[i]
            
Esta semana, diferentemente das anteriores, foi rica em notícias. Lamentavelmente para o país, as notícias não são boas e podem ser resumidas pelo título desta Análise. A economia caminha para a estagnação e, nas palavras do poderoso sinistro Guedes, proferidas em uma comissão da Câmara no dia 15 passado, o “Brasil está no fundo do poço”. O cenário é desalentador.
Para nós não é surpresa. A economia do país caminha naturalmente na direção para onde é empurrada pela política econômica baseada na ideologia liberal da equipe dos pesadelos sob a batuta do Guedes. Embora “não consiga aprovar nada”, segundo ele, estão conseguindo destruir tudo. E vem mais por aí. Inocentes foram os que acreditaram, por pura ideologia, nos milagres do mito, inspirado por uma teoria econômica rejeitada em todo o mundo e pelos desvarios de um astrólogo demente, alçado a guru. O que se pode esperar de tal conjunção?
A economia por si só já andava combalida. O desemprego e o subemprego atingem 25% da força de trabalho, ou seja, 28,3 milhões de trabalhadores. A péssima distribuição de renda esmaga os salários e o consumo. Sem consumo, e com uma grande capacidade ociosa, os empresários não investem. A situação internacional em desaceleração e agravada pela guerra comercial entre os EUA e a China, derruba o comércio prejudicando as exportações e os fluxos de capitais. Até a economia do Japão está piorando pela primeira vez em seis anos, levando o governo a rebaixar a classificação do país da situação “enfraquecimento” para a de “piora”, o mais baixo dos cinco níveis. Nenhum alento deve vir, portanto, da economia mundial.
Para o primeiro trimestre a grande bomba foi a divulgação, pelo Banco Central (BC), do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Este índice mostrou uma queda da atividade econômica de 0,68%. Este índice é uma prévia do PIB calculado pelo IBGE. É o primeiro recuo desde o último trimestre de 2016. Para o primeiro trimestre, o IBGE já divulgou a queda da indústria de 2,2%, dos serviços de 0,6% e apenas o varejo cresceu 0,2%.
Sobre este quadro desaba a política de austeridade fiscal do governo como “uma autoimposição tecnocrática suicida” segundo o economista André Lara Resende, com a redução das despesas e o contingenciamento de verbas, o que ameaça o funcionamento até das universidades e instituições de pesquisa. Os investimentos dos estados também são prejudicados. Segundo dados divulgados, comparando o primeiro bimestre de 2019 com igual período de 2015, os investimentos dos estados caíram de R$2,65 bilhões para R$934,8 milhões, uma queda de 64%. Os investimentos da própria União também vêm encolhendo. No primeiro trimestre deste ano eles representaram 0,35% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor valor desde 2007, início da série, e atingiram R$6,2 bilhões, um valor 30% menor que em 2018.
Há outros indicadores que mostram a continuação da desaceleração. Ainda para o primeiro trimestre, os serviços de transporte caíram -0,6%, os transportes rodoviários, -1,3%, os aquaviários -0,5% e ao serviço de armazenamento -3,5%. Depois do primeiro trimestre, para o mês de abril, em relação a março, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) divulgou alguns indicadores de intenção de investimentos. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu -3%; o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) caiu -1,2%; o Índice de Expansão do Comércio (IEC) caiu -2,1.
Para encerrar, temos de fazer referência aos acontecimentos políticos que marcaram a semana. As manifestações do dia 15 em defesa das universidades ameaçadas pelos cortes de verbas anunciados pelo ministro Weintraub, submetido a intenso questionamento na Câmara e os desastrosos pronunciamentos do Bolsonaro em Dallas no Texas.
Enquanto o presidente chamou de idiotas estudantes, professores e trabalhadores, o ministro agrediu deputados como vagabundos, Guedes continua sentado à espera da mudança das expectativas com a aprovação da reforma.

[i] Professor Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

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