Semana de 22 a 28 de julho de 2019
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Começamos esta Análise referindo-se ao
Informe Conjuntural do segundo trimestre divulgado pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI).
Segundo esta publicação, vários indicadores
do crescimento foram revisados pra baixo justificando a lamentação de que “É um
resultado decepcionante: a economia manteve-se muito próxima da estagnação
desde o fim da crise”.
Com efeito, as estimativas apresentam taxas
cadentes de crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2% para 0,9%. O
PIB industrial, de 1,1% para 0,4%. O consumo das famílias passou de 2,2% para
1,5% e o investimento de 4,9% para 2,1%.
Novamente lamenta a CNI: “O marasmo dominou
a economia no primeiro semestre”. “O consumo não reage, o investimento continua
travado e as exportações apresentam dificuldades”.
É espantosa a ingenuidade dos nossos
garbosos empresários. Ingenuidade, ignorância ou cinismo. Caíram na conversa do
sinistro (sinistro e não ministro) e sua “equipe dos pesadelos” de “Chicago
oldies”. Baixam os salários, demitem trabalhadores, destroem as leis
trabalhistas, promovem ajuste fiscal, cortam despesas e verbas para ações
sociais, privatizam empresas públicas, comprimem o consumo, e lamentam-se de
que, para agravar a situação, estão aprovando a reforma da previdência que,
agora, começa a ser identificada como recessiva.
Não satisfeitos continuam o processo de
liquidação dos bancos públicos. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) continua sua caminhada para a redução à dimensão mínima,
enquanto sucessivos presidentes, que não conseguem descobrir uma tal caixa
preta (que o governo afirma existir), são demitidos. Como se fosse pouco
investem contra tradicionais parceiros comerciais, agredindo o mundo árabe, com
descarados afagos a Israel e, agora, o Irã, obedecendo às recomendações
tresloucadas do governo Trump.
Há outro indicador que reforça o mau humor
dos empresários. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou seu Indicador de
Confiança da Indústria que mede a confiança do empresariado. Agora em julho,
esta confiança teve uma queda de 1,7 pontos, a maior queda em quatro anos. Em
três das quatro categorias analisadas, bens de capital, intermediários e não
duráveis, caiu a confiança, e no quarto, bens duráveis, ela apenas se manteve..
Mas não é apenas o setor industrial que
chora suas mágoas. No comércio o grupo Carrefour Brasil informou que no segundo
trimestre teve um prejuízo de R$494 milhões e o Grupo Pão de Açúcar registrou
uma queda de 8,1% no lucro líquido em relação ao ano passado.
Estes são os principais destaques para a
economia interna.
No resto do mundo a situação continua
igualmente desanimadora. Como temos destacado em outras análises, a crise
internacional mantém sua marcha. Agora, o Deutsche Bank, o maior banco da
Alemanha, registrou um prejuízo trimestral de 3,1 bilhões de euros e
implementou um plano de reestruturação que demitirá 18 mil trabalhadores. As
ações do banco, em um dia, registraram uma queda de 5%, para o patamar mais
baixo em seus 149 anos de existência. Nervoso, o Banco Central Europeu (BCE)
anuncia mais um pacote de estímulos incluindo novos cortes nas taxas de juros,
compra de bônus e aumento do relaxamento quantitativo (quantitative easing). Do
lado americano o Federal Reserve (FED), banco central do país, também se
prepara para o corte de suas taxas de juros preocupado com a economia.
Como os leitores podem constatar, a
situação está difícil e não é para amadores e muito menos para loucos
irresponsáveis como os que temos na direção do país, a começar pelo presidente,
que agora resolveu se vangloriar de saber o destino dos mortos pela ditadura,
que ele tanto admira, além de retomar a ofensiva contra as universidades e vociferar
contra os relatórios do INPE sobre o desmatamento da Amazônia.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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