Semana de 06 a 12 de janeiro de 2020
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Começa o ano e aumenta o desespero da
“equipe dos pesadelos” comandada pelo sinistro Paulo Guedes. Onde estão as
promessas de crescimento econômico, controle da inflação e do câmbio, aumento
do emprego e dos investimentos?
Destruíram a previdência social e a
legislação trabalhista, criaram a carteira verde e amarela, esmagaram os
sindicatos, privatizaram estatais, entregaram o petróleo e a base de Alcântara
e os capitais estrangeiros teimam em não vir. Vai ver que a serviço do
comunismo internacional e do globalismo esquerdista querem sabotar o governo.
O câmbio disparou com o dólar superando a
barreira dos R$4,00 e obrigando o Banco Central (BC) a estourar US$36,9 bilhões
das reservas amealhadas pelos governos comunistas do PT que agora ficaram
reduzidas a US$356,9 bilhões. Foi preciso alimentar a fome do capital
estrangeiro que não caiu no canto da sereia do Guedes e bateu em retirada. Foi
a maior saída de capitais da história. Fugiram US$44,8 bilhões para o exterior.
Deve ser mais uma ação coordenada do comunismo internacional.
O Produto Interno Bruto (PIB) teima em se
arrastar na categoria de “pibinho”. As estimativas para o ano continuam em
torno de 1% de crescimento. Os novos dados publicados para a produção
industrial de novembro mostram uma queda de 1,1% em relação a outubro e para
dezembro é também esperada nova queda. Em novembro, das 26 atividades
analisadas 16 foram negativas. A queda na produção de alimentos foi de 3,3%, na
de automóveis 4,4%, na de bens de consumo duráveis 2,4%, na de bens de capital
1,3% e mesmo na indústria extrativa foi de 1,7%. Para 2019 espera-se uma queda
de 1,1% na produção industrial.
A situação das famílias também não é das
mais animadoras. O percentual das famílias endividadas subiu de 65,1% para
65,6%, em dezembro, o maior nível desde janeiro de 2010, início da Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) feita pela Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O cartão de crédito foi
o vilão responsável por 79,8% dos endividamentos. Com esta situação não se pode
esperar grande estímulo pelo lado da demanda.
Fazendo coro como o governo, as entidades
empresariais procuram a todo custo criar um ambiente de otimismo com
publicidade e manipulação de estatísticas. É preciso acalmar o descontentamento
que cresce antes que surjam os protestos e manifestações de rua. A reacionária
classe empresarial precisa defender seu governo que esmaga os direitos dos
trabalhadores em benefício dos lucros mesmo que tenha de tolerar as mamadeiras
de pirocas e outros vexames e sandices do presidente e de seus colaboradores,
liderados por um astrólogo que beira a debilidade mental.
O coro é tão escandaloso que alguns
analistas têm denunciado as manipulações. Durante a semana destacaram-se os
comentários de Mônica de Bolle, da Globo, e Zeina Latif, da XP Investimentos.
Elas mostraram que não há recuperação possível pois, pelo lado da demanda, há
27 milhões de desempregados e desalentados e outros milhões de subempregados,
além se salários baixos e endividamento alto. Do ponto de vista dos
investimentos, com as falências, pedidos de recuperação judicial, capacidade
ociosa alta, consumo reprimido, saída de capitais do país, não haverá
investimento privado. Com o aperto fiscal e a redução e contingenciamento das
despesas, não haverá investimento público.
Sem investimentos e sem crescimento da
demanda não há qualquer possibilidade de recuperação. E ainda temos pela frente
a gestação de uma crise mundial e uma grande instabilidade política. O
pronunciamento do governo colocando-se ao lado dos EUA no conflito com o Irã já
teve seu primeiro resultado, o cancelamento da ida do presidente à reunião de
Davos na Suíça por questões de segurança.
Como temos demonstrado em nossas análises,
continuaremos com o voo da galinha. E veja lá se não será de uma galinha de
aviário.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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