Semana de 23 a 29 de agosto de 2021
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Os desatinos do “doidão” continuam a
empurrar o país para o caos. Como bem
afirmou a velha raposa Delfim Netto “Estamos em um estado caótico; sem direção,
sem programa, sem projeto, uma estupidez geral”. Temos um quadro de menos
crescimento, mais juros, mais inflação e mais desemprego. Temos também uma
originalidade: golpe com data marcada. Bolsonaro não tem tempo para governar (o
que aliás nunca fez), pois está muito ocupado em marcar o dia do golpe. Passeia
por aí fazendo sua conclamação. Será no dia 7 de setembro próximo. Conta para
isso com “seu exército”, o bando de milicianos armado, as polícias militares e
outros dementes que o seguem para a vitória ou para a morte, a exemplo dos 40
que lhe foram prestar solidariedade em Brasília, liderados pelo coronel da
reserva Luiz Fernando Walter de Almeida, vulgo “Waltinho de Apucarana”, velho
companheiro de armas, que participou com o capitão das badernas do passado e
que foi condenado a meses de prisão por isso. O intrépido grupo, autointitulado
“servidores da pátria”, desfilou com o presidente pelos corredores do Planalto
e participou de várias cerimônias.
Enquanto esperamos o golpe, lembramos que,
como já dissemos em análises anteriores, torna-se mito difícil fazer
considerações sobre a economia no meio de tanta desordem. Como sabemos, nos
países capitalistas a economia se desenvolve em períodos de crescimento e
desaceleração. São os tais “ciclos econômicos”. A situação atual já se torna
mais complexa por conta do coronavírus, um agente não econômico que interfere
no movimento da produção e circulação dos produtos. Estamos vivendo o que os
economistas oficiais estão chamando de crise do coronavirus. Por cima disto
desaba o desgoverno Bolsonaro regido pelo sinistro Paulo Guedes que nada
entende, nem de economia, nem de políticas públicas, pois não passa de um
especulador financeiro, ou seja, um agiota. Absolutamente incompetente para
organizar as finanças da nação ele certamente está organizando muito bem as
suas pessoais e por isso não quer largar o osso, apesar de todo o desgaste que
tem sofrido. A desmoralização pública tem sido tal que sua foto aparece em cartazes
na rua Faria Lima, em São Paulo, famosa por sediar muitas empresas financeiras,
ao lado da frase “Faria loser”.
A nível internacional, com dificuldades, a
economia mundial vai iniciando uma recuperação sofrida, tumultuada pela
desorganização das cadeias globais de valor criadas pela globalização. Todos se
queixam da falta de insumos e particularmente dos semicondutores e chips. Há
restrições quanto a minérios e petróleo. As condições climáticas levaram o
problema às commodities agrícolas. A pressão da demanda provoca a alta
generalizada dos preços que se transmite pelos custos a todos os produtos. A
nova onda do coronavirus, com a nova variante delta, além de perturbar a
produção e circulação das pessoas, cria problemas para os transportes com falta
de containers e navios. Os fretes tornam-se mais caros. A recuperação mundial
encontra assim novas dificuldades. Tudo isto se reflete na produção interna do
país.
Mas, nada disto preocupa o governo que só pensa em defender a família e a si próprio, acossados pela justiça, além da sua reeleição como forma de escapar das grades. A angustiante situação levou ao movimento de união das associações de empresários que prepararam um abaixo assinado com mais de 200 organizações como a Fiesp, a Febraban, a Abag, a Abinee, a Fenabrave, a Fecomércio, a Alshop, a Sociedade Rural Brasileira e outras. O governo entrou em pânico e determinou que os bancos públicos Banco do Brasil e Caixa saíssem da Febraban se o manifesto fosse assinado. O governo forçou Artur Lira, presidente da Câmara, que interferiu junto ao presidente da Fiesp Paulo Skaf para sustar o lançamento o que foi conseguido por enquanto, a pretexto de conseguir mais assinaturas. A Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) lançou seu manifesto próprio. As centrais sindicais também lançaram seu manifesto. A tensão aumenta e resta aguardar o dia 7 (da independência ou da baderna) com ansiedade enquanto a nação se prepara para “a vitória ou a morte” do golpista presidente, que se considera comandante em chefe das forças armadas, para a execução de suas tresloucadas ideias.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice-Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Ingrid Trindade, Guilherme de Paula e Daniella Alves.
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