Semana de 22 a 28 de novembro de 2021
Lucas Milanez de Lima
Almeida [i]
Uma
nova mutação do Coronavírus entrou no rol das chamadas “variantes de
preocupação” da Organização Mundial da Saúde. Batizada de Ômicron, esta
variante foi detectada em vários países do mundo. Pouco se sabe sobre ela, até
agora, mas seu potencial perigo está no número de mutações que tem. Porém,
ainda não há estudos que comprovem se ela é mais mortal, mais transmissível ou
tem resistência às vacinas já desenvolvidas. O que sabemos é que o governo
brasileiro não tem seguido as recomendações da Anvisa em relação aos turistas
que chegam por aqui. Por exemplo, até hoje, não é preciso do “passaporte
vacinal” para entrar no Brasil.
Estar
atento a isto é crucial para podermos (tentar) dimensionar a largura e a
profundidade do buraco que a Pandemia de Covid-19 está causando nas economias
brasileira e mundial. Em outras análises, já falamos inúmeras vezes sobre como
as medidas necessárias para combater o vírus desmantelaram as cadeias
produtivas. Para além da geração de emprego e renda, isto resultou em
desabastecimento de certos insumos básicos e aumento de preços em todo o mundo.
Os países onde a inflação mais se elevou nos 12 meses terminados em outubro de
2021 foram Argentina (49,9%), Turquia (19,9%), Brasil (10,7%), Rússia (8,1%) e
México (6,2%).
E por
falar em inflação, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) e o Banco Central
Europeu resolveram manter políticas comedidas contra a elevação dos preços.
Segundo os comunicados oficiais, a inflação oficial das regiões não está em
patamares alarmantes. Nos EUA os preços subiram 6,2%, enquanto na Zona do Euro
a subida foi a maior em 13 anos, de 4,2%. Na interpretação deles, a causa fundamental
da inflação atual é o desmantelo causado pela Pandemia. Isto não mudou, apenas
ameaça se prolongar para 2022 com o surgimento de novas variantes do
Coronavírus. De toda forma, as autoridades monetárias mais importantes do
planeta dão sinais claros de que se preocupam mais em resolver os problemas
“reais” do que com as “expectativas” dos agentes.
Continuando
no tema, o caro leitor deve ter visto o movimento encabeçado pelos EUA e
seguido por China, Reino Unido, Japão, Índia e Coreia do Sul para conter o
aumento no preço internacional do petróleo. Estima-se que, juntos, os seis
países vão por pra jogo entre 65 e 70 milhões de barris que eles têm estocados
como reserva estratégica. O motivo? A inflação e a consequente insatisfação da
população, que estão aumentando junto com o preço da commodity. Lembrando que
no caso do Brasil é pior, pois o preço da gasolina aumenta ainda mais por conta
da política artificial de paridade internacional, praticada pelo governo
Bolsonaro. A reação das grandes potências foi inútil. A OPEP e os especuladores
foram mais poderosos e os preços continuaram a subir nas bolsas de Nova Iorque
e Londres.
E por
falar em petróleo, saíram os Planos de Negócios propostos pelo governo
Bolsonaro para a Petrobrás entre os anos de 2022 e 2026. Duas coisas chamaram a
atenção. A primeira é a garantia de uma renda mínima, literalmente, para os
acionistas da empresa. Segundo o Plano, enquanto o barril estiver acima dos US$
40, a empresa vai distribuir para seus acionistas um mínimo de US$ 4 bilhões,
ou R$ 22 bilhões na cotação atual. Isso daria para pagar R$ 400 para 17 milhões
de brasileiros por pouco mais de 3 meses. Mas esse é só o mínimo. A previsão é
de que, entre 2022 e 2026, a empresa pague entre US$ 65 bi e US$ 70 bi aos
acionistas, sendo que cerca de um terço seria para a União. O segundo destaque
é o processo de ampliação dos investimentos em refinarias, mas não para
aumentar a produção de derivados pela Petrobrás. O objetivo é deixar as
refinarias prontas, modernas e eficientes para vendê-las a empresas privadas.
Naturalmente, empresas como Crédit Suisse, BTG Pactual, Ativa Investimentos e o
Banco Safra foram a público elogiar o que o governo Bolsonaro está fazendo com
a Petrobrás.
Eis os recortes da conjuntura atual...
[i] Professor
do Departamento de Relações Internacionais da UFPB e Coordenador do PROGEB –
Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com; lucasmilanez@hotmail.com).
Colaboraram os pesquisadores: lan Gomes, Guilherme de Paula e Ana Isadora
Meneguetti.
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