sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

2022 chegou, 2021 se foi, e ele?

Semana de 27 de dezembro de 2021 a 02 de janeiro de 2022

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

            

Não há como começar esta Análise sem desejar a todos os leitores muitas felicidades, saúde e combatividade no ano que se inicia. Sinceramente gostaríamos que neste novo ano a abundância, a alegria e a felicidade se instalassem em todos os lares por este país afora. Passando do sonho à realidade somos forçados a reconhecer que as coisas não seguirão os nossos desejos. Pelo contrário, as perspectivas são muito, sombrias. Comecemos com o panorama geral do final de 2021. Além dos mais de 600.000 mortos e um número não contabilizado de sequelados pela pandemia temos um país destruído. As decisões tomadas pelo governo fascistoide do Bolsonaro, apoiado por uma burguesia incompetente e reacionária e por forças armadas conservadoras e antidemocráticas arruinaram a economia e o prestígio que a duras penas o país havia conquistado entre as nações. A política econômica praticada pelo sinistro Paulo Guedes e seus “Chicago oldies” somada às decisões do governo sabotando o enfrentamento à covid 19 provocaram o aumento do desemprego, da pobreza, da miséria, da fome, das falências das empresas, da inflação com a transformação em estagflação, do risco fiscal. Levaram à desvalorização cambial, à queda da bolsa e dos investimentos consequência da elevação dos juros. Apenas o desemprego teve um pequeno alívio no final do ano. A taxa caiu de 13,7% para 12,1% no trimestre, mas ainda há 13 milhões de desempregados e a renda média é a menor da história. Além disso os novos empregos criados elevaram o número de trabalhadores por conta própria para 25,6 milhões e os informais para 38,211 milhões em uma população empregada total de 93,958 milhões, segundo a Pnad Contínua do IBGE.

Isso para referir apenas algumas consequências do desastre de 2021. Diante deste quadro o que nos promete o ano de 2022?

O jornal Valor Econômico consultou 14 economistas de várias universidades, não ligados ao governo e a opinião foi unânime: não se pode esperar deste governo nada de bom no ano que se inicia exceto a sua derrota nas eleições. Os prognósticos e estimativas de várias entidades e bancos apontam este quadro recessivo. O Boletim Focus do Banco Central (BC) apura a mediana para o crescimento do PIB de 0,5%. A consultoria MB Associados propõe crescimento zero, o Itaú-Unibanco sugere queda de -0,5%. Para a taxa de juros de referência Selic as estimativas vão de 10% (Boletim Focus) até 11,75% (mediana dos economistas de 107 instituições financeiras).

A elevação da Selic arrastará as taxas de juros prejudicando os investimentos já desestimulados pelas incertezas fiscais e políticas. O estouro da ancora fiscal com o calote da PEC dos precatórios e o fim do teto faz parte da campanha eleitoral do residente em busca da reeleição, o que foi necessário para o aumento das despesas com os fundos partidários, as emendas do relator para comprar o congresso, o subsídio dos caminhoneiros, a Renda Brasil e o aumento dos funcionários do setor de segurança. Com isto foi para o ar o programa de austeridade do Guedes cuja credibilidade já abalada desmoronou. Nestas circunstâncias espera-se a continuação da inflação, a elevação dos juros, a desvalorização da moeda, a manutenção do desemprego, os baixos salários, o crescimento da pobreza.

Contamos ainda com um agravante internacional. Os Bancos Centrais do mundo já anunciam a elevação dos juros o que provocará a migração dos capitais para os países mais desenvolvidos particularmente para os EUA. Por outro lado, a variante Ômicron do coronavírus promete não dar trégua e a OMS alertou o mundo para a possibilidade de uma catástrofe. A agência Moody’s Analitics já reduziu sua estimativa para o crescimento do PIB americano de 5,2% para 2,2%.

Mas o nosso presidente, desesperado com o resultado das pesquisas eleitorais que prenunciam sua derrota, e ameaçado por uma onda de pedidos de aumento de salários dos funcionários públicos, continua firme em sua cruzada antivacina mesmo de férias.

Eis o que nos espera neste 2022 se ele não se for em outubro.


[i] Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Nertan Gonçalves, Mariana Tavares, Roberto Lucas e Poliana Almeida.

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Novidades

Recent Posts Widget

Postagens mais visitadas

Arquivo do blog